Plano secreto de Kissinger e Trump: transformar Rússia em 'aríete' contra China

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A mídia norte-americana está ativamente discutindo a assim chamada estratégia de Kissinger, revelada recentemente. De acordo o jornal The Daily Beast, o ex-secretário de Estado de 95 anos de idade teria conseguido torná-la um elemento-chave da política externa da administração de Trump.

Cinco fontes confirmaram à imprensa que o plano do "patriarca da diplomacia norte-americana" consiste em usar a Rússia como um país agressivo contra a China, que vem ameaçando à hegemonia global dos EUA.

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Neste esquema, a Rússia tem um papel de ferramenta, analisa Ivan Danilov, colunista da Sputnik. Ou seja, espera-se que o Kremlin concorde em participar ativamente do processo que os analistas norte-americanos batizaram de "trancar a China em uma caixa", do qual o gigante asiático já não poderia escapar.

De fato, pressupõe-se que a Rússia cumpra a mesma função em relação à China, que a Ucrânia tem desempenhado em relação à Rússia, ou seja, converter-se em uma fonte de tensões, de riscos e um participante ativo de um possível bloqueio econômico ou logístico.

Danilov enfatiza que nem a Casa Branca nem o escritório de Henry Kissinger desmentiram a matéria do Daily Beast, tornando, assim, essas informações ainda mais confiáveis.

Dificilmente saberemos a verdade sobre as alegadas propostas de Henry Kissinger, contudo, a ideia de que existe certa agenda antichinesa explica perfeitamente todos os passos que os norte-americanos deram em relação à Rússia, incluindo novas sanções e a cúpula entre Vladimir Putin e Donald Trump em Helsinque, acredita o analista russo.

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"Trump não é um negociador ordinário e seu estilo de fechar acordos financeiros ou políticos vai além da diplomacia convencional", observa ele.

De acordo com Danilov, muitos ex-parceiros de Trump afirmam que seu método típico corresponde, em primeiro lugar, às ameaças mais rígidas possíveis, seguidas por uma concessão muito pequena, geralmente insignificante, mas no contexto de ameaças parece importante.

Desse jeito foram negociadas a situação em torno da Coreia do Norte e a guerra comercial com a China. No caso da Rússia, é ainda mais evidente: primeiro são impostas sanções como chicotadas, depois surge uma ameaça de sanções adicionais e, como uma cenoura, vem o hipotético cancelamento de sanções e até mesmo recebimento dos investimentos norte-americanos.

O problema dessa abordagem é que, mesmo nas negociações, apesar de seus enormes laços políticos, a origem de elite e grandes recursos financeiros, Trump enfrentava oponentes ou parceiros que não queriam tolerar seus métodos, e depois das primeiras ameaças acabavam abandonando as negociações, recordou o analista.

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Além disso, Trump sofreu seis falências corporativas. No ambiente de negócios, o futuro presidente dos EUA poderia se permitir procurar contrapartes não muito firmes, mas na geopolítica não funciona assim: o clube de grandes potências é muito pequeno, o que torna impossível eliminar as consequências das relações estragadas por meio de falências, destacou Danilov.

Para o jornalista, é difícil imaginar uma tática de interação mais improdutiva com Vladimir Putin do que a das ameaças de Trump. O líder russo frisou repetidamente que é impossível conseguir cooperação com a Rússia através de ameaças ou pressões.

"Não importa o quão doces sejam as promessas de 'amizade' com Washington contra Pequim, aceitar o 'plano de Kissinger' seria um grande erro. Basta olhar para a Ucrânia para perceber a transformação do país que está sendo usado como 'aríete' contra uma grande potência vizinha", assinalou Danilov.

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Além disso, o colunista adverte que cada acordo firmado com os EUA é um grande risco associado ao fato de que qualquer "acordo histórico" no âmbito da moderna realidade política norte-americana pode ser facilmente quebrado caso a administração presidencial mude.

A julgar pelas ações da administração de Trump, sua equipe ainda está se concentrando na ideia de usar a Rússia contra a China através de um chicote de sanções e uma cenoura diplomática. No entanto, as possibilidades de colocar esse esquema em prática são nulas, assegurou o analista.

"Um diálogo realmente produtivo nas relações russo-americanas só pode começar quando a Casa Branca entender que a Rússia não é um 'martelo geopolítico' para quebrar a Grande Muralha da China, mas é um dos polos de força global com seus direitos e interesses", ressaltou.

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