Embriões modificados geneticamente: nova forma de eugenia

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O Conselho de Bioética de Nuffield, o principal órgão na área da bioética no Reino Unido, publicou um relatório em que se afirma que a modificação do DNA de um embrião humano poderia ser permitida se servisse o melhor interesse da criança.

Os autores do relatório pedem mais pesquisas sobre a segurança e a eficácia da modificação genética em humanos. A Sputnik International discutiu o tema com David King, diretor do grupo Human Genetics Alert (Alerta Genética Humana, em português).

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Segundo David King, o relatório produzido pelo Conselho de Nuffield é uma vergonha. A comunidade internacional afirma que não devemos fazer isso, a proibição de modificar geneticamente embriões humanos existe na legislação de muitos países. Tais regras têm a ver com um movimento chamado eugenia, que ficou famoso no período nazista e que basicamente tratava de eliminar da sociedade as pessoas que eram consideradas geneticamente inferiores, o que resultou no holocausto.

O doutor David King contesta as técnicas de modificação genética e esclarece que já existem excelentes tecnologias que ajudam a evitar o nascimento de crianças doentes. 

"O que não podemos fazer é criar o que chamamos de bebês aperfeiçoados, 'bebês sob medida', o que seria uma forma de eugenia tecnicamente muito mais sofisticada do que a que era praticada na primeira metade do século XX", acrescenta.

King alerta que pode surgir um mercado livre destas tecnologias e que os pais, movidos pelo desejo natural de criar condições para que seus filhos tenham o melhor começo de vida possível, podem recorrer a este mercado para que seus descendentes usufruam de uma vantagem competitiva. Isso favoreceria as crianças de pais ricos, enquanto as nascidas em famílias mais pobres ficariam em desvantagem. 

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Em relação ao método já existente para evitar doenças graves, King explica que "se conhecermos o gene, saberemos qual é a mutação no gene e já podemos observar todos os genes […], ver qual deles tem a mutação e simplesmente não implantar na mulher o embrião que tem a mutação.

Quando questionado sobre testes fetais que indicam anormalidades e condições específicas que às vezes levam à interrupção da gravidez, David King diz que a questão do aborto é complexa porque envolve ética e religião. Ao mesmo tempo, ele relata que, sendo ele próprio uma pessoa com deficiência, tem falado com ativistas dos direitos destas pessoas no Reino Unido e muitos temem que as práticas de evitar que nasçam pessoas deficientes não sejam mais que a continuação da eugenia.

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