Análise: coalizão dos EUA contra Irã não levará a nada, tal como contra Daesh

© AP Photo / Carlos BarriaAs bandeiras nacionais dos EUA e do Irã
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Os EUA procuram formar uma ampla coalizão que contaria com a participação de muitos países para se opor à "atividade desestabilizadora" do Irã, comunicou Heather Nauert, a porta-voz do Departamento do Estado dos EUA.

"Os EUA trabalharão tenazmente para formar uma coalizão […] de muitos países a fim de analisar o regime iraniano através de um prisma mais realístico" que inclua "todas suas atividades desestabilizadoras", não somente para a região, mas também para todo o mundo, segundo ela.

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Em entrevista à Sputnik Persa, Ali Reza Rezahah, especialista do Centro Analítico do Líder Espiritual do Irã, e Fuad Izadi, professor e especialista em assuntos dos EUA, comentaram as perspectivas da criação de tal coalizão, bem como sobre quais países poderiam aderir.

Tendo referido a antiga hostilidade entre os EUA e o Irã, Ali Reza Rezahah frisou que as ações da potencial coalizão dificilmente podem prejudicar ao Irã.

"Anteriormente, já testemunhamos as coalizões criadas pelos EUA. A aliança dos EUA contra o Daesh [organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países] não obteve nenhuns sucessos. Na verdade, na luta contra o Daesh o maior êxito foi demonstrado pelas forças de resistência, Irã, Hezbollah e pela Rússia. Caso a nova coalizão dos EUA contra o Irã leve aos mesmos resultados […], tal aliança seria aceitável para o Irã. Igual aos resultados zero da coalizão anterior, as ações desta aliança não levarão a nada", opinou.

O analista acredita também que tais países como a Arábia Saudita, Israel, EAU e Bahrein apoiarão a criação de uma coalizão dos EUA contra o Irã. Segundo Rezahah, antes da iniciativa dos EUA, estes países já estavam tentando lutar contra o Irã, contudo, seus esforços fracassaram.

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De acordo com o especialista, a criação de tais coalizões é condenada pelo direito internacional.

"Os EUA abandonaram o JCPOA [Plano de Ação Conjunto Global], porém, antes disso, o comportamento dos EUA, mesmo na época do mandato de [Barack] Obama, demonstrou toda a falta de confiança neste país. A formação de tais coalizões é condenada pelo direito internacional. Caso eles [EUA] queiram criar uma aliança que empreenda ações para prejudicar o Irã ou interferir nos assuntos internos iranianos, isso já é outro problema."

Ao destacar o crescimento da influência do Irã no Oriente Médio, o especialista falou sobre a principal diferença nas atitudes do Irã e dos EUA no que se refere à colaboração com outros países.

"Nos últimos anos, a influência do Irã na região cresceu, o que se deve à sua atitude positiva, e isso é evidente. Essa tendência não é aprovada pelos EUA e seus aliados", assinalou, apontando para as mudanças no Líbano e para as eleições no Iraque.

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"Contudo, não é uma influência do estilo norte-americano, quando os norte-americanos subornam os chefes de governos ou aceitam propinas. A influência do Irã é baseada na interação com as pessoas e na solidariedade com os países regionais. Os EUA e os países europeus não entendem que a influência do Irã é fruto da solidariedade com as massas [populares] e não do poderio militar."

Outro analista, Fuad Izadi, também duvida da eficácia da futura coalizão contra o Irã. De acordo com ele, as iniciativas dos EUA não são novas, já que antigamente Washington prestava apoio ativo a Saddam Hussein na guerra contra o Irã.

De acordo com o especialista, a maior parte dos países, incluindo os aliados dos EUA, criticaram fortemente as ações de Trump.

"Após o anúncio de Pompeo sobre a saída dos EUA do JCPOA, a maior parte dos países condenou a política norte-americana. Até mesmo os aliados tradicionais dos EUA e os países europeus que geralmente seguem os EUA, criticaram suas ações", frisou.

O analista sublinhou que poucos países apoiaram a decisão dos EUA, entre eles estão Israel, Arábia Saudita e o Bahrein, ou seja, os antigos adversários do Irã.

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