Cientistas russos fazem desaparecer da música o ser humano

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Cientistas do Instituto de Sistemas Cibernéticos Intelectuais da Universidade Nacional de Pesquisa Nuclear MEPhI (UNPN MEPhI) estão criando um sistema digital que atuará como assistente virtual de compositores.

O sistema poderá compreender o estado emocional da pessoa na sua dinâmica e seguir a sua lógica, disse o serviço de imprensa da universidade à Sputnik.

A teoria musical existe há muito, porém é até agora difícil criar um algoritmo geral da composição da música, por causa da sua ligação intrínseca à vida emocional do compositor. Este aspecto do processo criativo é alvo de um dos estudos mais interessantes dos especialistas em inteligência artificial.

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Hoje em dia, pesquisadores já podem estabelecer uma interação entre o ser humano e o agente informático que permite que o computador, através de um programa que recebe dados sobre o estado emocional e as intenções da pessoas, possa se tornar a continuação do corpo e da mente humana.

Música a nível humano

Assistente de compositor é um dispositivo informático capaz de criar composições musicais a nível humano de alta qualidade estética. O assistente é um assessor criativo inteligente que pode completar as notas escritas pelo compositor com as suas próprias notas, acordes e suas combinações.

Os cientistas contaram à Sputnik que para atingir este objetivo, foi necessário analisar a teoria da música (separar os sons musicais, acordes e combinações), criar mapas semânticas com base nesta análise e combiná-los com modelos da percepção emocional da música por pessoas humanas.

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O que faz o novo sistema digital diferente de projetos semelhantes é o contato emocional com o ser humano que o agente virtual é capaz de manter, destaca o professor do Instituto de Sistemas Cibernéticos Intelectuais da UNPN MEPhI, Aleksei Samsonovich.

"A maioria dos programas semelhantes são redes neurais que apreenderam a compôr música ou criar pinturas. Mas a nossa ideia é outra: é captar o estado emocional dinâmico da pessoa e seguir a lógica dessa dinâmica", contou.

Mapa semântico em vez de rede neural

O cientista explica que o método não é baseado na rede neural, senão no mapa semântico, que representa o estado da pessoa como um ponto no espaço afetivo. Cada ação possível tem as suas coordenadas neste espaço, e também existe uma lei que une umas coordenadas a outras, seguindo a lógica da percepção emocional. Há também restrições, definidas pelas leis da harmonia e ritmo musicais.

"Porém, tudo não pode ser definido pelas restrições, que garantem uma liberdade para a criação. O nosso módulo aproveita desta liberdade, guiando-se pelo mapa semântico e pelas regras da escolha das coordenadas, tendo em conta a evolução do estado emocional da pessoa. É de notar também que aqui não se trata de apreensão: o modelo se baseia nos princípios primários da psicologia (nos aspectos psicológicos básicos do comportamento). Neste sentido, tal modelo pode explicar a essência da criação como fenômeno, o que a rede neural não pode fazer", explica Aleksei Samsonovich.

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A compreensão mútua do compositor e agente virtual torna-se possível graças à sistematização e à conservação, dentro do programa, de diferentes tipos de reação emocional humana a elementos musicais, ou seja, acordes, suas sequências e intervalos.

O método de mapa semântico é usado para que o programa possa acumular e usar os dados sobre combinações de sons adequados e reveladores. O "compositor virtual" não só poderá continuar, a seu gosto, a melodia proposta pelo usuário, senão também monitorar o seu estado emocional, oferecendo diferentes variaantes de continuação e acompanhamentos.

Equações da emoção

Para criar este método, foi realizado um teste no qual voluntários introduziam, em programa especial, as suas avaliações de várias combinações de acordes. Cada sonoridade foi avaliada por três critérios (agradável/desagradável, alegre/triste, excitante/chato) à escala de 1 a 10. Este sistema de avaliações permite criar mapas semânticos de três dimensões.

"Nós partimos da hipótese de que a escolha do modo pelo ser humano de uma maneira de comportamento, com base nas emoções sociais, sentimentos e relações pode ser descrita por uma série de equações dinâmicas bastante simples. O modo de conduta simples baseado no mapa semântico e duas equações resulta quase indistinguível do modo de conduta humano, no paradigma da interação social no âmbito virtual", conta Aleksei Samsonovich.

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O cientista notou que a estratégia mais prometedora nesta área de pesquisa é o uso das arquiteturas cognitivas, criadas com base nos dados da psicologia e das neurociências. São chamadas de arquiteturas cognitivas biologicamente inspiradas (BICA, pela sigla em inglês).

Os cientistas explicam que a tecnologia criada por eles é escalável e pode ser usada não só na música, mas também em outros vários tipos de criação digital, e até a um nível mais amplo, em sistemas que ligam máquinas a pessoas humanas. A criação e a implementação de tais projetos é um passo importante no caminho do estudo do aspecto socioemocional da inteligência, responsável pelo reconhecimento e expressão de emoçõs, intenções, motivações e desejos.

Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Procedia Computer Science.

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