Outra crise bate à porta? Conheça 2 países que ameaçam economia mundial

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Os economistas temem que possa chegar uma nova crise mundial. Como em 1997, esta crise começará nos mercados em desenvolvimento. A Argentina e a Turquia estão em risco de serem as primeiras vítimas da nova turbulência econômica.

Premissas de uma crise global

Nos últimos meses, as moedas de quase todos os países em desenvolvimento têm experimentado algum tipo de pressão exercida por uma combinação de fatores, como o aumento da rentabilidade dos títulos dos EUA e o fortalecimento do dólar, disse Marsel Salikhov ao portal russo RBC. Para ele, essa combinação de fatores diminui a atratividade dos ativos em muitos países em desenvolvimento para os investidores internacionais.

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O primeiro sinal de que o boom nos mercados em desenvolvimento finalmente acabaria foi o fato de, no fim de 2016, a Reserva Federal dos EUA ter aumentado suas taxas de juro. Na sequência dessa medida, os países com grandes déficits em suas contas correntes e que tinham enormes encargos da dívida externa se encontraram em uma zona de risco.

"Não é uma surpresa que os primeiros a se tornarem vítimas foram jogadores fracos na equipe dos mercados em desenvolvimento como a Argentina e a Turquia", afirmou o jornalista.

Por que a Argentina? 

A inflação que saiu do controle do Banco Central da Argentina, o aumento inesperado dos impostos para os investidores não residentes e o agravamento das previsões de colheitas de soja contribuíram para o êxodo massivo dos investidores deste país latino-americano.

Nessas condições, a taxa de câmbio do peso argentino entrou em colapso no fim de abril. Para apoiar a moeda nacional, o Banco Central da Argentina aumentou a taxa de juro de 27,25% para 40% e em uma semana vendeu quase 10% de suas reservas em moedas estrangeiras tentando intervir no mercado. No entanto, essas medidas que deveriam ter funcionado, não deram certo. A cotação do peso continuou caindo. Quais foram as razões pelas quais essas medidas não foram suficientes?

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Salikhov acredita que a causa disso é a política aplicada pelo presidente argentino, Mauricio Macri. Ao chegar ao poder em 2015, o presidente prometeu mudar radicalmente a política econômica na Argentina.

Sua estratégia estava baseada em um plano que previa reduzir o déficit orçamentário em vários anos. No início os jogadores do mercado acreditaram em suas promessas e os investimentos estrangeiros na economia da Argentina aumentaram. Esses fluxos permitiram ao governo de Macri reduzir o déficit. Entretanto, depois de aparecerem os primeiros relatórios que as metas estabelecidas por Macri estavam sendo reconsideradas, os investidores abandonaram o mercado argentino.

A lira doente de Erdogan

Durante muito tempo, a Turquia também tem sido o ponto fraco entre nos países em desenvolvimento. Atualmente, sublinhou o analista. 

"Atualmente, o país tem um imperturbável déficit na conta corrente entre 4 e 6% do PIB e um déficit orçamentário crónico de 2 ou 3% do PIB. Nessas condições Ankara precisa constantemente aumentar sua dívida externa", disse o autor.

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No ano passado, as autoridades turcas decidiram apoiar a economia e deram créditos àqueles que necessitavam. Esta política de crédito suave permitiu aumentar o crescimento do PIB da Turquia até ao da China: 7,4%. O aumento do dinheiro em circulação contribuiu para que a inflação superasse 10%.

Apesar disso, o Banco Central da Turquia não teve pressa para aumentar as taxas de juro e mostrar sua independência. Os investidores internacionais, por sua vez, estavam muito preocupados com este movimento e com as declarações do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que a diminuição das taxas de juro poderia ajudar a reduzir a inflação.

Salikhov sublinha que isso contradiz completamente a teoria econômica tradicional: não é possível reduzir a taxa de inflação sem recorrer a uma maior taxa de juro, porque essa medida ajuda a reduzir o volume de dinheiro em circulação.

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Naquela época, a desvalorização das moedas nacionais dos países em desenvolvimento levou a um aumento dos encargos de sua dívida externa denominada em moedas estrangeiras. Como consequência, o encargo da dívida real não fez nada senão aumentar. Esse aumento enfraqueceu a economia dos Estados asiáticos.

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