Só os russos são capazes disto: como se realiza desembarque de veículos com tripulação

© Sputnik / Yevgeny Biyatov / Acessar o banco de imagensExercícios conjuntos da Rússia, Bielorrússia e Sérvia Irmandade Eslávica 2016
Exercícios conjuntos da Rússia, Bielorrússia e Sérvia Irmandade Eslávica 2016 - Sputnik Brasil
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Saltar de paraquedas em um veículo de combate não é uma missão qualquer: pular de 800 metros de altura em um veículo de várias toneladas e esperar até que o paraquedas abra soa mais do que arrepiante. A Sputnik conta como a "infantaria com asas" russa realiza tais tarefas e por que nenhum outro exército do mundo se atreve a repetir a façanha.

Desembarque em veículos blindados é um processo perigoso e muito complicado. Mesmo militares com muita experiência precisam fazer um curso. Tropas aerotransportadas fazem treinamentos em poltronas especiais fora dos veículos, treinando as poses especiais que se deve tomar dentro das máquinas — apertar os cintos de segurança, comprimir a cabeça e as costas à poltrona.

© Sputnik / Aleksei Kudenko  / Acessar o banco de imagensExercícios das Tropas Aerotransportadas da Rússia na região de Ryazan
Exercícios das Tropas Aerotransportadas da Rússia na região de Ryazan - Sputnik Brasil
Exercícios das Tropas Aerotransportadas da Rússia na região de Ryazan

"Falando em geral, hoje em dia apenas a Rússia possui a tecnologia de desembarque de pessoas em veículos blindados. Os outros não se atrevem."

Primeiro lançamento

O primeiro desembarque de um veículo de combate com tripulação aconteceu em janeiro de 1973 na região russa de Tula desde um avião de transporte militar An-12.

Segundo recorda o participante daquele primeiro voo, Aleksandr Markelov, o veículo primeiro se inclinou em 135 graus da horizontal e depois, em estado de imponderabilidade, os militares se viraram de cabeça para baixo. Mesmo assim, os soldados estiveram prontos para combate em todas as etapas do desembarque e o veículo pousou com êxito com ajuda dos paraquedas.

© Sputnik / Nikolai Khizhnyak / Acessar o banco de imagensExercícios conjuntos das tropas aerotransportadas da Rússia, Bielorrússia e Sérvia na região de Krasnodar, 2015
Exercícios conjuntos das tropas aerotransportadas da Rússia, Bielorrússia e Sérvia na região de Krasnodar, 2015 - Sputnik Brasil
Exercícios conjuntos das tropas aerotransportadas da Rússia, Bielorrússia e Sérvia na região de Krasnodar, 2015

Tempo é vida

Treinamentos de desembarque da Rússia e da Sérvia no âmbito de manobras conjuntas (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
Rússia é único país no mundo capaz de desembarcar equipamento pesado de aviões
Porém, o sucesso foi alcançado após vários anos de treinamentos e testes.

No início dos anos 70, o desembarque era realizado separadamente — primeiro lançavam os veículos e em seguida os militares, que saltavam de outro avião. Mas este método tinha uma grande desvantagem — a tripulação podia aterrissar a cinco quilômetros do seu próprio veículo e depois gastar um tempão para buscar o material bélico e ativá-lo, reduzindo-se a eficiência das tropas. A única solução que podia ser encontrada era lançar os veículos junto com a tripulação.

Já no verão de 1971, as Tropas Aerotransportadas da Rússia começaram a desenvolver um sistema de paraquedas especial, denominado Kentavr (Centauro, em português): cinco paraquedas, de 760 metros quadrados cada, se abriam logo após o veículo ser lançado do avião, permitindo a aterrissagem do blindado, instalado sobre uma plataforma.

O sistema foi testado com sucesso com manequins e cães. No entanto, o Ministério da Defesa achava o projeto arriscado demais: caso o paraquedas falhasse, todos os soldados dentro do veículo perderiam as chances de sobreviver. Para convencer o então ministro da Defesa, Andrei Grechko, que o desembarque de veículos não era perigoso, o comandante das Tropas Aerotransportadas, general Vasily Margelov, recorreu a uma medida drástica: indicou seu filho, Aleksandr Margelov, como um dos participantes de tal desembarque.

A operação deu certo e, no fim de 1972, o ministério acabou aprovando o sistema Kentavr. Mas este ainda tinha imperfeições e não estava pronto para combate em condições reais. Em primeiro lugar, o sistema pesava mais de duas toneladas (mais as sete toneladas do próprio veículo blindado). Além disso, o transporte e carregamento do Kentavr nos aviões exigia muito tempo e esforços.

Modificação crucial

Para aperfeiçoar o processo, o sistema recebeu uma versão mais ligeira e sem plataformas que foi batizada de Reaktavr. A cúpula leve desta tinha apenas cerca de 540 metros quadrados. O sistema é montado e transportado no próprio veículo blindado, enquanto a velocidade de pouso (que atinge 25 m/seg) é reduzida praticamente a zero por motores a jato.

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Exercícios conjuntos das tropas aerotransportadas da Rússia, Bielorrússia e Sérvia na região de Krasnodar, 2015 - Sputnik Brasil
Exercícios conjuntos das tropas aerotransportadas da Rússia, Bielorrússia e Sérvia na região de Krasnodar, 2015

O Reaktavr passou com sucesso por testes em 1976 e foi incorporado posteriormente nas forças armadas. Nos anos 90, o sistema foi mais uma vez modificado, permitindo desembarcar um veículo com toda a tripulação.

Outros países ainda não possuem sistemas para desembarcar material bélico com soldados dentro. Há informações que os franceses tentaram repetir o sucesso das tropas soviéticas. Para experimento, foi convidado um criminoso condenado à morte. Em caso de o teste ter sucesso, os franceses lhe prometeram indulto. No entanto, o voluntário morreu.

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