Quais serão principais desafios para Maduro neste mandato? Analista esclarece

© AFP 2023 / Juan BarretoPresidente da Venezuela, Nicolás Maduro, saudando seus apoiadores no fim da campanha eleitoral em Caracas, 17 de maio de 2018
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, saudando seus apoiadores no fim da campanha eleitoral em Caracas, 17 de maio de 2018 - Sputnik Brasil
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Após a apuração dos votos, Nicolás Maduro foi reeleito presidente da Venezuela. Em entrevista ao serviço russo da Rádio Sputnik, um analista comentou os desafios que o líder venezuelano enfrentará, bem como suas possíveis resoluções.

Viktor Jeifets, da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade Estatal de São Petersburgo, entrevistado pelo serviço russo da Rádio Sputnik, falou também sobre o problema do comparecimento nas eleições. 

"Por um lado, Maduro contou com 60% de apoio, o que é uma preponderância de votos considerável […] Por outro lado, o nível de comparecimento nas eleições é menor do que no ano de 2013, o que, sem dúvidas, afetou o resultado das eleições: de fato, Maduro ganhou menos votos do que nas eleições anteriores", frisou. 

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Levando isso em consideração, Jeifets destacou que Maduro precisaria se esforçar bastante para se manter firme até o fim do mandato. 

Comparando a situação com o Brasil, o especialista destacou que na Venezuela seria difícil retirar Maduro através de impeachment, já que a Assembleia Constitucional venezuelana é plenamente controlada pelos apoiadores de Maduro.

Para Viktor Jeifets, o maior desafio do governo será a crise econômica. Ele opinou quanto aos recursos a que o país pode recorrer para tentar suavizá-la.

"De acordo com as estimações mais modestas, para o primeiro ano de reformas, a Venezuela precisará de ao menos US$ 20 bilhões [R$ 74 bilhões] […], e de US$ 50 bilhões [R$ 185 bilhões] para os três anos posteriores", assinalou o analista.

Jeifets não acredita que muitas instituições internacionais prestarão assistência ao país. A Rússia, sendo país aliado de Maduro, dificilmente pode doar quantias tão elevadas. Contudo, a China, que já investiu bastante na Venezuela, pode ajudar dessa vez, porém, com quantias muito menores do que US$ 50 bilhões para serem investidos nos últimos três anos de mandato, o que torna extremamente difícil reformar a economia venezuelana em breve. 

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"Os preços altos do petróleo podem ajudar a economia venezuelana a não morrer definitivamente, mas não pode ajudar a reformá-la", frisou, indicando que a Venezuela tem lidado principalmente com problemas econômicos estruturais, já os fatores internos não são os principais. 

O analista opinou que, em breve, protestos não sacudirão o país, como aconteceu no ano passado. Falando sobre a fraqueza da oposição, o analista apontou caráter desintegrado da oposição.

"A oposição nunca foi unida […] inicialmente, a oposição se juntou por um único alvo – derrotar Maduro. Quando não conseguiram fazê-lo, problemas internos foram iniciados, acelerando desintegração", opinou.

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Além disso, o especialista notou que uma parte da oposição venezuelana, ao invés de dialogar moderadamente, procura métodos radicais, o que cria uma lacuna entre eles e simples venezuelanos.

Muitos oposicionistas escolhem caminho de abandonar a Venezuela, apontou Jeifets. 

O analista comentou também a recusa de vários países de reconhecer os resultados das eleições venezuelanas. 

"A situação ameaça com isolamento internacional contínuo da Venezuela […] Dentro de organizações latino-americanas, para Venezuela será cada vez mais difícil insistir em seu ponto de vista", disse.

Viktor Jeifets frisou que os EUA podem recorrer ao embargo do petróleo venezuelano, sendo este um dos dois países que pagam pelo petróleo venezuelano em notas. Neste caso, a Venezuela perderá a maior parte de seus recursos financeiros em notas, que são livremente convertidas. Porém, neste caso, os preços do petróleo nos EUA aumentariam significativamente, o que torna essa opção para Washington pouco provável.

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