Crimeia mostra ao mundo como seguir em frente 'sem que Ocidente dite termos'

© Sputnik / Sergei Malgavko / Acessar o banco de imagensPedestres junto com o retrato de Putin, na cidade de Yalta, na Crimeia (foto de arquivo)
Pedestres junto com o retrato de Putin, na cidade de Yalta, na Crimeia (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Neste ano, a presidência dos BRICS será assumida pela África do Sul, último país a integrar o bloco. Leia a nossa reportagem diretamente do 4.º Fórum de Economia Internacional de Yalta, na península da Crimeia, para saber como um delegado sul-africano vê o futuro na cooperação do bloco e que paralelo faz nesse respeito com a situação na Crimeia.

No segundo dia do evento, a sessão plenária "Futuro visto pela Juventude" reuniu centenas de jovens delegados de todos os continentes, inclusive dos países-membros do grupo BRICS, que estão fazendo um trabalho especialmente árduo nas vésperas da cúpula anual, preparando suas iniciativas para serem apresentadas na agenda.

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A Sputnik Brasil teve a chance de falar com o chefe da delegação sul-africana em Yalta, Njabulo Nzuza, que ocupa o posto do secretário-geral da Liga da Juventude do Congresso Nacional Africano, para saber sua opinião sobre o potencial do bloco que continua dividindo opinião pública: enquanto uns o veem como salvação da ordem mundial antiquada, outros o culpam por ineficiência e artificialidade do seu empenho.

Sputnik: Hoje em dia, sabemos que a Rússia, uma das fundadoras dos BRICS, está se voltando cada vez mais para novos continentes e novas parcerias na política externa, em meio à tensão com os governos do mundo ocidental. Já em maio, o chanceler do país, Sergei Lavrov, fez uma viagem grande pela África, inclusive para a África do Sul. Como você avalia as perspetivas desta cooperação bilateral?

Njabulo Nzuza: Deixe-me começar dizendo que as possibilidades são infinitas. Sabe, até imagináveis, no que se trata daquilo que se pode se fazer na cooperação entre estes países. Estamos falando dos países que podem configurar o futuro trajeto global, que até podem mudar as tendências políticas do mundo. É por isso que os países dos BRICS têm atraído muita atenção política e muito escrutínio. Mas não acho que estas coisas devam nos preocupar, devemos continuar lutando.

© Sputnik / Ekaterina NenakhovaNjabulo Nzuza, que ocupa o posto do secretário-geral da Liga da Juventude do Congresso Nacional Africano, durante o 4.º Fórum de Economia Internacional de Yalta, em 20 de abril de 2018
Njabulo Nzuza, que ocupa o posto do secretário-geral da Liga da Juventude do Congresso Nacional Africano, durante o 4.º Fórum de Economia Internacional de Yalta, em 20 de abril de 2018 - Sputnik Brasil
Njabulo Nzuza, que ocupa o posto do secretário-geral da Liga da Juventude do Congresso Nacional Africano, durante o 4.º Fórum de Economia Internacional de Yalta, em 20 de abril de 2018

O representante oficial sublinhou que o bloco, de fato, reúne os atores cada um com seu "trunfo": assim, a África do Sul é um país muito forte em termos de minerais, a China, por sua vez, se destaca na área da agricultura, enquanto o ponto forte da Rússia é a tecnologia em vários campos. Isto, por sua vez, contribui para estabelecer novos laços, tomando em consideração as vantagens de cada uma das nações.

"A África do Sul é um país-chave da região no que se trata da sua acessibilidade, tem um dos sistemas financeiros mais credíveis, por isso qualquer um que queira fazer negócio com ela deve lançar âncora no país para poder prosseguir […]. Há países que simplesmente vão para a África do Sul, pegam os recursos naturais, voltam para seus países, usam esses recursos e os transformam em produtos. A gente desses países fica empregada, enquanto o povo sul-africano continua sem emprego, mas com esses recursos. Já os BRICS providenciam uma parceria igual", analisou o delegado.

Para Nzuza, a plataforma dos BRICS proporciona aos países uma oportunidade de operar em nível de colegas, ao contrário dos outros acordos com vários países que "são mais de natureza parasitária". Ao falar da conferência em Yalta, o interlocutor da Sputnik enfatizou um caráter promissor do encontro, se referindo à vida da península em meio a sanções do Ocidente.

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"Este fórum mostra às pessoas que mesmo se você pode impor sanções, até contra por exemplo a África do Sul, ainda podemos seguir em frente sem que o Ocidente dite termos para nós. Por isso, este fórum foi muito simbólico nesse sentido, ele se realizou apesar das sanções que foram importas contra a Crimeia", explicou.

Sputnik: No que se trata do Novo Banco do Desenvolvimento dos BRICS, será que já estão desenvolvidos alguns projetos interessantes no seu país?

NN: Sim, obviamente há muitos projetos que devemos esperar desse banco oposto ao FMI [Fundo Monetário Internacional] que vai rearranjar a essência de economia nacional. Porque hoje em dia você vai ao FMI, você empresta dinheiro, eles logo vêm atrás de você, eles podem ditar a política. Ter um [Novo] Banco [de Desenvolvimento] dos BRICS dá a esses países uma oportunidade de crescer a seus próprios ritmos, sem ser obrigado a fazer algo e sem necessidade de vender sua soberania.

Sputnik: Então, o Novo Banco de Desenvolvimento pode ser uma alternativa para tais estruturas como as do FMI?

NN: Já é uma alternativa, não apenas será, mas já é, porque nossos países começam a olhar um para outro.

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