'Provocação simples': por que Washington muda decisão de retirar tropas da Síria?

© AP Photo / Hussein MallaSoldado norte-americano em Manbij, norte da Síria, 4 de abril de 2018
Soldado norte-americano em Manbij, norte da Síria, 4 de abril de 2018 - Sputnik Brasil
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Na semana passada, o presidente norte-americano, Donald Trump surpreendeu todo mundo ao anunciar que os EUA abandonarão a Síria "muito em breve" para que outros países "tomem conta [da situação no país]".

Contudo, nesta quarta-feira (4), a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, durante seu discurso na Universidade Duke, situada no estado da Carolina do Norte, declarou que no futuro próximo Washington não planeja retirar suas tropas da Síria.

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Raid al Masri, especialista em relações internacionais, entrevistado pela Sputnik Árabe, comentou o porquê dos EUA mudarem sua postura quanto à Síria.

"A afirmação de Trump sobre a retirada em breve das tropas norte-americanas da Síria e o cancelamento posterior dessa decisão é o resultado da pressão de diferentes forças políticas e da chefia militar sobre as decisões [do presidente]. Também, houve um sentido geopolítico. As afirmações de Trump serviram como provocação para obter financiamento por parte da Arábia Saudita. Em troca de novas injeções de capital os norte-americanos continuaram a operação militar na Síria", explicou.

"As autoridades norte-americanas sabem que sua presença na Síria não afeta o regulamento político, tampouco afeta a operação militar na região. Contudo, essa provocação simples foi encenada para o príncipe herdeiro Mohammad bin Salman. O príncipe segue plenamente o plano delineado pelos norte-americanos e israelenses", afirmou o analista.

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Por sua vez, outro especialista em ciências políticas, Mulhem al Khan, entrevistado pela Sputnik, relacionou as declarações norte-americanas quanto à Síria com a intensificação da atividade do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países). Em 4 de abril, os combatentes do grupo terrorista reafirmaram sua lealdade ao "califa de todos os muçulmanos", Abu Bakr al-Baghdadi, segundo comunicou a agência Reuters.

"A expressão pública de apoio dos terroristas [a Abu Bakr al-Baghdadi] não aconteceu por acaso. Alguém planejou e lançou esse 'apoio'. Logo que se começou falando sobre novas injeções financeiras, os terroristas intensificaram sua atividade. Agora é preciso monitorar suas fontes de financiamento com uma atenção especial", afirmou.

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"Caso al-Baghdadi ainda esteja em liberdade, ele pode comunicar com seus apoiantes, então, ele é capaz de fazer renascer o seu pseudo-califado de alguma forma", advertiu Mulhem al Khan.

O analista acrescentou que, no momento, os norte-americanos não estão estudando as possibilidades de retirar suas tropas da Síria, já que se trata de uma operação bem dispendiosa.

"Especialmente depois de terem sido gastos enormes recursos para treinamento das Forças Democráticas da Síria (FDS)", ressaltou.

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