"Os fósseis que estudamos até agora foram encontrados em 1871 e os recebemos em mau estado. Na verdade, é um conjunto de fragmentos. Não é por acaso que nossos antecessores não detectaram nada no momento da análise. De nossa parte, percebemos que estudar até mesmo os piores e menores fósseis pode ser de grande valia", disse Krister Smith, da Universidade de Yale.
Muitos vertebrados primitivos, incluindo peixes e rãs, possuem um órgão incomum conhecido como "terceiro olho" que pode captar a luz. É um conjunto de células fotossensíveis que reconhecem mudanças no nível de iluminação e respondem a movimentos.
Alguns lagartos, como disse Smith, também têm um "terceiro olho", mas sua natureza e origem são objeto de debate entre os estudiosos, uma vez que está localizado no lugar "errado", em outra parte do cérebro. Por essa razão, muitos cientistas acreditavam que o "terceiro olho" dos répteis é de origem diferente dos órgãos similares dos peixes e anfíbios.
Teoricamente, Smith e seus colegas encontraram uma resposta para essa questão estudando os restos fossilizados de um lagarto pré-histórico (Saniwa ensidens, nome científico) que viveu no território do atual Estados Unidos há cerca de 50 milhões de anos. Cientistas acreditam que esse lagarto de dois metros de comprimento era um parente próximo dos lagartos modernos e combinava muitos traços relativamente modernos e primitivos.
Ao estudar os fragmentos do crânio de um desses lagartos, paleontólogos norte-americanos se depararam com algo muito incomum — no topo da cabeça notaram dois buracos através dos quais as células nervosas poderiam vazar. Depois de uma análise minuciosa, os cientistas descobriram que esses buracos estavam diretamente acima da epífise e da glândula pineal.
Este fato, por sua vez, sugere que os genes associados ao desenvolvimento desses pseudo-olhos, de algum modo preservados no DNA dos lagartos, praticamente sobreviveram até os dias atuais. Isto, por exemplo, não ocorreu com as regiões do genoma que são responsáveis pelo desenvolvimento do esmalte dos dentes e no DNA das aves. A divulgação das razões como essas diferenças surgiram no desenvolvimento de lagartos-monitores e pássaros, nos ajudará a chegar mais perto de uma compreensão completa sobre como a evolução funciona, concluem os cientistas.