Paleontólogos encontram fósseis de lagarto pré-histórico de 4 olhos

© AP Photo / Aijaz RahiLagarto-monitor localizado no parque nacional de Bannerghatta, na Índia, 9 de julho de 2014
Lagarto-monitor localizado no parque nacional de Bannerghatta, na Índia, 9 de julho de 2014 - Sputnik Brasil
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Paleontólogos descobriram nos EUA um lagarto-monitor muito raro com quatro olhos, sendo dois olhos situados no topo da cabeça, o que ajudava o lagarto a pressentir qualquer sinal de perigo, segundo artigo publicado na revista Current Biology.

"Os fósseis que estudamos até agora foram encontrados em 1871 e os recebemos em mau estado. Na verdade, é um conjunto de fragmentos. Não é por acaso que nossos antecessores não detectaram nada no momento da análise. De nossa parte, percebemos que estudar até mesmo os piores e menores fósseis pode ser de grande valia", disse Krister Smith, da Universidade de Yale.

Muitos vertebrados primitivos, incluindo peixes e rãs, possuem um órgão incomum conhecido como "terceiro olho" que pode captar a luz. É um conjunto de células fotossensíveis que reconhecem mudanças no nível de iluminação e respondem a movimentos.

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Ao contrário do olho real, "conectado" ao córtex visual do cérebro, o "terceiro olho" é uma continuação da glândula pineal, um grande sistema nervoso central endócrino. Por esta razão, ele desempenha uma função importante no trabalho de biorritmos animais com corpo semelhante, controlando sua rotina diária e reação à mudança das estações do ano.

Alguns lagartos, como disse Smith, também têm um "terceiro olho", mas sua natureza e origem são objeto de debate entre os estudiosos, uma vez que está localizado no lugar "errado", em outra parte do cérebro. Por essa razão, muitos cientistas acreditavam que o "terceiro olho" dos répteis é de origem diferente dos órgãos similares dos peixes e anfíbios.

Teoricamente, Smith e seus colegas encontraram uma resposta para essa questão estudando os restos fossilizados de um lagarto pré-histórico (Saniwa ensidens, nome científico) que viveu no território do atual Estados Unidos há cerca de 50 milhões de anos. Cientistas acreditam que esse lagarto de dois metros de comprimento era um parente próximo dos lagartos modernos e combinava muitos traços relativamente modernos e primitivos.

Ao estudar os fragmentos do crânio de um desses lagartos, paleontólogos norte-americanos se depararam com algo muito incomum — no topo da cabeça notaram dois buracos através dos quais as células nervosas poderiam vazar. Depois de uma análise minuciosa, os cientistas descobriram que esses buracos estavam diretamente acima da epífise e da glândula pineal.

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Segundo os cientistas, isso significa duas coisas: esses lagartos pré-históricos não tinham três, mas quatro olhos, e ambas as partes do cérebro, em vez de apenas uma delas, poderiam participar na formação de tais órgãos de visão. Tudo isso, como observa Smith, aproxima os lagartos-monitores não com outras lagartixas ou outros répteis, mas com lampreias primitivas, também com quatro olhos.  

Este fato, por sua vez, sugere que os genes associados ao desenvolvimento desses pseudo-olhos, de algum modo preservados no DNA dos lagartos, praticamente sobreviveram até os dias atuais. Isto, por exemplo, não ocorreu com as regiões do genoma que são responsáveis pelo desenvolvimento do esmalte dos dentes e no DNA das aves. A divulgação das razões como essas diferenças surgiram no desenvolvimento de lagartos-monitores e pássaros, nos ajudará a chegar mais perto de uma compreensão completa sobre como a evolução funciona, concluem os cientistas.

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