Guerra comercial entre EUA e China: Pequim se prepara para contraofensiva

© AFP 2023 / SAUL LOEB / POOLPresidente chinês Xi Jinping fala na sessão de abertura do 6º Diálogo Econômico e Estratégico entre os EUA e a China, Pequim, China, 6 de junho de 2016
Presidente chinês Xi Jinping fala na sessão de abertura do 6º Diálogo Econômico e Estratégico entre os EUA e a China, Pequim, China, 6 de junho de 2016 - Sputnik Brasil
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A China avisou oficialmente os EUA que está preparada para defender seus interesses nacionais em uma possível guerra comercial. Washington afirmou que não tem medo disso, porém, pediu para a China reduzir as tarifas aduaneiras sobre um conjunto de produtos norte-americanos, além de alargar o acesso das empresas dos EUA ao setor financeiro chinês.

O vice-premiê chinês, Liu He, em uma ligação telefônica neste sábado (24) com o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, afirmou que a China está pronta para defender seus interesses nacionais. O telefonema foi o primeiro contato de alto nível após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter anunciado os planos de introduzir tarifas alfandegárias adicionais sobre a produção chinesa.

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O ex-ministro das Finanças chinês, Lou Jiwei, deu a entender que Washington esgotou a paciência de Pequim. Neste sábado (24), durante o Fórum de Desenvolvimento da China, ele frisou que, até à data, as medidas retaliatórias chinesas têm sido relativamente fracas. Esta declaração foi feita após a China declarar que também vai aplicar tarifas alfandegárias a mais de 120 produtos norte-americanos.

Em entrevista à Sputnik China, o analista Aleksandr Salitsky, professor do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais de Moscou, assinalou que Pequim está mudando sua estratégia e passando à contraofensiva.

"Quase todos os observadores apontam que a empresa Boeing pode virar a vítima principal. Esta possui planos bem amplos quanto ao mercado chinês. Nos próximos anos, a Boeing planeja fornecer aviões no valor equivalente a quase US$ 1 trilhão (R$ 3,31 trilhões). Os chineses podem passar a importar Airbus, sendo esta a grande concorrente da Boeing", assinalou.

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"Entre as 'vítimas' da guerra comercial também estariam as empresas norte-americanas que produzem baterias solares, já que estas mantêm uma cooperação estreita com empresas chinesas afetadas pelas tarifas alfandegárias adicionais", explicou o especialista.

Salitsky qualificou como "propaganda" as declarações de Steven Mnuchin que os EUA não têm medo de uma possível guerra comercial com a China.

"Caso isso correspondesse à verdade, os norte-americanos não escreveriam uma carta propondo à China aumentar as importações de carros e semicondutores norte-americanos, bem como alargar o acesso das empresas dos EUA ao setor financeiro da China", assinalou.

No momento, os EUA estão vivendo uma situação econômica relativamente boa, contudo, uma guerra comercial com a China pode afetar fortemente os norte-americanos, bem como toda a economia mundial, destacou o analista.

"Nocautear toda a economia mundial é um passo irresponsável. Trará prejuízos a todos", acredita Salitsky.

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No quarto trimestre de 2017, a China foi responsável por 20% da renda da Apple e por 13% do volume anual das vendas da Boeing. O lucro de outras empresas, tais como Intel, Qualcomm, Texas Instruments e outras depende fortemente das vendas no mercado chinês.

Além disso, observadores relacionam as últimas quedas no mercado financeiro dos EUA à ameaça de guerra comercial que pode impedir o crescimento da economia norte-americana. Para mais, vários especialistas alegam que a guerra comercial com a China pode impactar de forma negativa nas perspectivas de reeleição do presidente dos EUA, Donald Trump, em 2020. É que 425 dos 535 distritos estadunidenses onde os colégios eleitorais escolhem o presidente dos Estados Unidos estão fortemente envolvidos na cooperação econômica com a China.

Quanto a uma provável saída da situação, o especialista Li Kai, professor da Universidade de Finanças de Shanxi, acredita que a melhor das opções seria se sentarem à mesa das negociações.

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"A postura dos EUA é invariavelmente forte, especialmente da equipe de Trump, eles realmente não têm medo de causar prejuízos para si próprios. Enquanto isso, não se pode subestimar o poder econômico chinês", assinalou.

"Em resposta às últimas ações dos EUA, a China dispõe de medidas retaliatórias, porém, elas têm sido bem ‘suaves’ no momento […] Quando atacada pelos EUA, a China não ficará atrás, seus ataques serão idênticos aos norte-americanos. A China age em conformidade com a situação. É uma ideia seguida pela equipe de [líder chinês] Xi Jinping", explicou o analista.

Contudo, Li Kai frisou que a resolução dos problemas deve continuar sendo a meta principal de ambos os lados.

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