De manobras a combates reais: assim funciona a defesa antiaérea russa

© Sputnik / Sergei MalgavkoMilitar russo coordena a instalação do sistema S-400 na posição na Crimeia
Militar russo coordena a instalação do sistema S-400 na posição na Crimeia - Sputnik Brasil
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A poderosa rede de defesa antiaérea sempre foi o lado mais forte das Forças Armadas russas. Até os analistas da OTAN reconhecem: logo na primeira tentativa de tentar quebrá-la a aviação da Aliança terá baixas sérias.

Mais um treinamento das Tropas da Defesa Antiaérea russas decorreu na região de Astrakhan. Um regimento equipado com sistemas S-300 Favorit repeliu um ataque aéreo em massa de aviação e mísseis de cruzeiro do inimigo convencional. Saiba mais sobre o funcionamento da defesa antiaérea russa na matéria da Sputnik.

Os treinamentos

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As manobras das forças da defesa antiaérea russas habitualmente decorrem em duas etapas. Na primeira etapa as guarnições realizam tiros de treino e atacam alvos aéreos reais com simuladores eletrônicos de mísseis. O papel de agressor é desempenhado pela própria aviação que treina a ruptura e superação dos sistemas de defesa antiaérea. Os caças e bombardeiros se dirigem manobrando contra o objetivo defendido pelas divisões de defesa antiaérea, voando à altura mais baixa possível para eliminá-lo. A defesa antiaérea, por sua vez, tenta impedir os "agressores" de atingirem a linha de ataque.

"Durante o fogo de treinamento é verificado o nível de adestramento da guarnição", explica à Sputnik Mikhail Khodarenok, coronel na reserva que serviu durante muitos anos nas Tropas de Defesa Antiaérea.

Nestes treinos o comando dá tarefas bem complexas para os soldados, para que estes estejam prontos para o combate real, continuou Khodarenok, destacando que é bastante fácil falhar esta prova: deixar escapar um alvo, atacá-lo sem usar todas as capacidades de fogo ou violar as instruções de procedimentos.

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Na segunda etapa se realizam exercícios de fogo real. São lançados alvos a partir do solo. Primeiro, o radar detecta os alvos, captura-os e monitoriza calculando sua trajetória. As guarnições recebem os dados e lançam os mísseis. Enquanto estes voam para atingir os alvos, a defesa antiaérea continua examinando o céu em busca de novas possíveis ameaças.

Os 4 escalões

Em combate real, uma falha pode ser fatal para um inteiro agrupamento de tropas se o inimigo conseguir eliminar, por exemplo, um importante posto de comando. A supremacia numérica dos países da OTAN em aparelhos de aviação tática foi sempre tomada em consideração pelos desenvolvedores dos sistemas de defesa antiaérea russos.

Na criação dos sistemas S-300 e S-400, os construtores se focaram em aumentar o número de alvos acompanhados e atacados simultaneamente, bem como em aumentar a eficácia de ataque contra alvos pouco visíveis e que voam a alturas baixas.

Na Doutrina Militar da Rússia, os sistemas de mísseis antiaéreos de longo alcance são considerados como parte autônoma de um único organismo integrado. Sua principal tarefa, junto com a aviação e sistemas de defesa antimíssil com menor raio de alcance, é conquistar e manter a supremacia no ar.

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Segundo destaca o colunista da Sputnik Andrei Kots, como exemplo de tal defesa aérea complexa em miniatura pode servir a base aérea russa em Hmeymim. Os acessos remotos à base russa na Síria são protegidos por sistemas S-400. O segundo escalão são os sistemas navais S-300 Fort, instalados nos cruzadores Moskva e Varyag, que se revezam um ao outro na parte leste do mar Mediterrâneo e também os sistemas antiaéreos sírios Buk-M2E.

O terceiro escalão é a proteção pelos sistemas de mísseis sírios S-125 Pechora-2M e, finalmente, o último escalão são os sistemas de defesa antiaérea russos Pantsir-S1 que fazem a cobertura da base aérea e das posições dos S-400. Para além disso, a qualquer momento os Su-30SM e Su-35 poderão se juntar para repelir o ataque contra a base militar. Todo esse armamento está ligado como uma teia de aranha e funciona como um organismo integrado.

Proteger o objetivo

"Este tipo de instalações tem habitualmente vários radares que se revezam na análise da situação no céu. Não se pode deixá-los funcionar ininterruptamente, eles ‘se desgastam'", destacou Khodarenok.

Se algo está acontecendo no céu, o comando é logo informado. As guarnições passam à prontidão de combate número um e depois atuam conforme a situação. Em caso de ameaça séria, todo o sistema de defesa antiaérea, desde os S-400 aos efetivos com sistemas de mísseis portáteis, é colocado em alerta, sublinhou o coronel na reserva russo.
Em caso de ataque, os sistemas de defesa antiaérea de prevenção estarão prontos para repelir o ataque alguns minutos depois de receberem o alerta.

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Vale destacar que nem o sistema de defesa antiaérea mais avançado e numeroso pode eliminar todos os alvos em caso de ataque maciço. Sua tarefa principal é proteger o objetivo e evitar que este seja atacado. Para isso basta abater alguns aviões e pôr em fuga os pilotos sobreviventes. Mas no que diz respeito aos mísseis de cruzeiro — eles têm que ser todos interceptados.

Futuro sustentáculo da defesa antiaérea russa

Hoje, o sistema russo mais avançado é o sistema de defesa antiaérea S-400 Triumph, cujas capacidades permitem fazer frente a qualquer alvo aerodinâmico à distância de 400 km e a alturas de até 30 km. No entanto, resta pouco tempo para a "estreia" do novo sistema S-500 Prometei, que poderá interceptar um míssil balístico intercontinental o até um satélite voando a alturas baixas. Espera-se que os sistemas S-500 entrem em serviço em 2020.

Com decorrer do tempo será este sistema que formará o sustentáculo da defesa antiaérea de longo alcance russa. A maioria das suas caraterísticas são classificadas, mas sabe-se que o S-500 poderá detectar e atacar simultaneamente até dez alvos balísticos supersônicos que voem com velocidade de 7 km/s. O raio de alcance da nova arma atinge 500 km.

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