Batalha pelo espaço: como URSS ganhou 'guerras nas estrelas' aos EUA

© NASA . Mike DeepLançamento de um foguete norte-americano (imagem referencial)
Lançamento de um foguete norte-americano (imagem referencial) - Sputnik Brasil
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Há 35 anos, os Estados Unidos iniciaram sua Iniciativa Estratégica de Defesa (SDI, na sigla em inglês, conhecida também como Star Wars ou Guerra nas Estrelas). Analista da Sputnik, Vadim Saranov, conta o que estava por trás da campanha norte-americana e quem saiu vencedor.

Perspectivas duvidosas

Em março de 1983, o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, anunciou a criação de um sistema de defesa antimíssil com elementos baseados no espaço. O projeto foi acompanhado por uma poderosa campanha de propaganda. Os principais canais de TV do mundo mostravam fantásticos vídeos animados em que os satélites de combate dos EUA derrubavam mísseis balísticos soviéticos com raios laser e outras armas incríveis.

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Os representantes do Pentágono e da indústria de defesa norte-americana reiteraram por unanimidade que a SDI era uma defesa garantida contra o suposto ataque termonuclear dos soviéticos.

Os principais meios de destruição deveriam ser lasers de raios X gerados por explosões nucleares. De acordo com a ideia dos engenheiros, na hora H, interceptores especiais seriam lançados desde submarinos e explodiriam no espaço. A energia de explosões nucleares, transformada em poderosa radiação direcional queimariam literalmente os blocos de combate dos mísseis atacantes. Para garantir que todos os alvos fossem alcançados, em terra também estava planejado colocar potentes dispositivos laser.

Canhão laser orbital

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Apesar do projeto norte-americano soar como pura fantasia, na União Soviética o programa foi tomado a sério. Uma comissão encabeçada pelo acadêmico Yevgeny Velikov foi criada para avaliar as perspectivas da SDI. No entanto, após estudar o tema detalhadamente, os especialistas chegaram a uma conclusão inequívoca: os norte-americanos não tinham naquele momento nem possibilidades econômicas nem técnicas para realizar estes planos.

"A SDI se baseava em um trabalho de investigação arriscado com um resultado desconhecido, mas na realidade nada foi construído. Cálculos e experimentos realmente foram realizados, mas as afirmações que os Estados Unidos estavam a ponto de obter esses sistemas, eram, com certeza, um blefe", explicou à Sputnik o especialista militar Viktor Murakhovsky.

Alguns acreditam, porém, que a URSS tenha caído no blefe estadunidense e começou a investir na militarização do espaço exterior, o que agravou a situação econômica já difícil do país.

O elemento mais caro da "SDI soviética" foi o Skif, uma plataforma de armas espaciais. O dispositivo, com um laser de dióxido de carbono, era destinado a combater os satélites norte-americanos. Em maio de 1987, o modelo dinâmico do Skif foi enviado ao espaço. No entanto, o aparelho teve problemas e colapsou no oceano Pacífico.

Muitos especialistas afirmam, porém, que o Skif soviético não estava diretamente relacionado com o programa estadunidense.

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"Os projetos de sistemas de mísseis soviéticos no espaço não estavam de maneira nenhuma relacionados com este programa. Começamos a desenvolver sistemas laser e cinéticos antes do lançamento da SDI", afirmou Murakhovsky.

Mesmo assim, a "guerra nas estrelas" de Reagan deu vida a alguns projetos de perspectiva soviéticos. Em agosto de 1983, iniciou-se a modernização do sistema de mísseis estratégicos R-36M Voevoda (na classificação ocidental — Satã). A versão atualizada do míssil R-36M2 contava com proteção adicional contra armas a raios laser, armas cinéticas e outros meios para superar o sistema de defesa antimíssil dos EUA no futuro.

Nova corrida espacial?

"Nossa resposta foi bastante poderosa e forte", opinou o coronel-general Leonid Ivashov, presidente da Academia de Estudos Geopolíticos da Rússia.

Segundo o militar, a URSS deu um impulso ao desenvolvimento das novas tecnologias no sistema de defesa aérea e de defesa espacial, fortalecendo as capacidades do Voevoda.

"Os norte-americanos esperavam deixar-nos para trás, mas quando viram que a URSS os superava em mais de 50 tecnologias, foram obrigados a suspender o programa", sublinhou.

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Recentemente, o presidente estadunidense, Donald Trump, anunciou de novo os planos para criar tropas espaciais norte-americanas. Ivashov acredita que os EUA estão transferindo seus esforços militares ao espaço exterior apenas porque a Rússia e a China estão na frente nesta área.

"Talvez eles queiram fazer mais um avanço tecnológico. Seja como for, não devemos segui-los agora, devemos atuar de maneira diferente: oferecer uma ampla cooperação internacional em investigação espacial e colocar a questão da desmilitarização do espaço exterior", apontou o especialista.

A Rússia apelou repetidamente à desmilitarização do espaço exterior. Em setembro de 2017, foi apresentado o projeto russo-chinês atualizado sobre a prevenção da instalação de armas no espaço. Os países ocidentais, por sua parte, não apoiaram o projeto.

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