'Plano B' para eliminar Kadhafi: explicados laços que ex-líder líbio mantinha com Ocidente

© Sputnik / Andrei SteninMoradores de Bengasi queimam retratos de Muammar Kadhafi
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O ex-líder da Líbia Muammar Kadhafi manteve um estreito relacionamento secreto com o MI6 britânico, forjado para detectar e neutralizar dissidentes e terroristas líbios. A Sputnik falou com o jornalista líbio Mustafa Fetouri para entender por que o Reino Unido acabou eliminando aquele que já fora seu melhor aliado contra o terrorismo.

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Os enigmas em torno da reviravolta de 180 graus que se deu na relação entre Kadhafi e o Ocidente continuam sendo muitos. Em primeiro lugar porque, aos olhos do então primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e do chefe do MI6, Richard Dearlove, Kadhafi era um aliado.

"Um aliado temporário", precisa o jornalista líbio. Aliado que deixou de o ser devido às circunstâncias do momento. Fetouri atribui as boas relações de Kadhafi com a França e com o Reino Unido à imensa base de dados sobre o terrorismo e organizações terroristas que a Líbia possuía. "A melhor", diz o jornalista.

Nesta lista, figuravam a Al-Qaeda no Paquistão e no Afeganistão, na época em que ela estava nascendo, quando Osaba bin Laden ainda desfrutava do apoio de países como os Estados Unidos, que precisavam que ele enfrentasse a União Soviética no Afeganistão.

"Eu também diria que o que fez Tony Blair aproximar-se de Kadhafi — porque não foi o contrário — foi o desejo do Ocidente de esquecer o ataque de Lockerbie [ataque terrorista na Escócia contra o voo 103 da Pan Am em 21 de dezembro de 1988] e reiniciar as relações com a Líbia. Neste sentido, eles mais uma vez se beneficiaram de um bom tratamento, obtendo as informações sobre terroristas e grupos terroristas", acrescenta Fetouri.

Em 21 de dezembro de 1988, um avião com 243 passageiros caiu na cidade britânica de Lockerbie. O antigo ministro da Justiça da Líbia, Mustafa Abdul Jalil, disse em 2011 que Kadhafi havia ordenado o ataque.

Para Fetouri, a questão financeira continua sendo o motivo pelo qual os líderes ocidentais, tendo feito um acordo temporário com o ex-líder líbio, decidiram acabar com isso de um dia para o outro.

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"Neste ponto, temos que lembrar uma coisa: o fato dos países ocidentais, especialmente os EUA, o Reino Unido e a França, nunca realmente terem gostado de Kadhafi. Eles não aceitavam seu regime, apesar da aproximação nos anos de 2004 e 2005. Eles sempre tiveram um 'plano B', digamos. Logo que aparecesse a oportunidade de se livrar do tipo, eles a aproveitariam", disse o jornalista à Sputnik Internacional.

Fetouri acrescenta que, de fato, o Ocidente perdeu um "par" de ocasiões nos últimos 40 anos de relacionamento que mantiveram, e que uma das mais importantes apareceu após o Lockerbie.

"No entanto, as circunstâncias internacionais não eram as ideais para dar alguns passos e destruir o regime", ressaltou.

"Devo acrescentar que o próprio Kadhafi nunca confiou neles, mas nos últimos 10 anos do regime ele não estava muito envolvido nos assuntos diários do país, perdeu um pouco de visão e aí as forças ocidentais tiveram a chance", conclui o entrevistado.

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