Conhecido investidor anjo internacional explica o que impede revolução verde na Rússia

© Sputnik / Aleksandr Kryazhev / Acessar o banco de imagensCentral de energia solar Kosh-Agach na República de Altai, na Rússia (foto de arquivo)
Central de energia solar Kosh-Agach na República de Altai, na Rússia (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Será que a Rússia está preparada para passar à energia limpa? A Sputnik Brasil falou sobre o tema nos bastidores do Fórum de Investimentos 2018, em Sochi, com o eminente empresário, investidor e filantropo finlandês, Pekka Viljakainen, que desde 2012 trabalha como conselheiro sênior do presidente da Fundação Skolkovo, Viktor Vekselberg.

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Vale ressaltar que o Skolkovo foi arquitetado como a primeira verdadeira "cidade da ciência" na Rússia pós-soviética (na URSS, tais aglomerações se chamavam de naukogrados) e às vezes até é chamado de "Vale do Silício russo". A eficiência energética, entre outras áreas, tais como telecomunicações, espaço, robótica e tecnologias nucleares, tem sido uma das prioridades na ação desta plataforma.

Dado que Viljakainen, conhecido por todo o mundo por sua cooperação com as empresas mais avançadas no campo tecnológico e pela promoção de projetos sociais, trabalha na Rússia já por bastante tempo, o empresário enfatizou como a situação da energia verde no país tem mudado ao longo dos anos.

"Em primeiro lugar, quando acabei de chegar à Rússia seis anos atrás, ninguém nem falava de energia renovável, ninguém! Então, a coisa mais marcante é que as pessoas, de fato, começaram falando disso, e não apenas falando, hoje em dia há muitos projetos nesta esfera. Se você visitar o nosso site do Skolkovo e optar pela seção 'energia renovável', você vai encontrar um monte de companhias que trabalha na área de eficiência energética, não só Skolkovo, mas muitas outras", partilhou ele em exclusivo com a Sputnik Brasil.

Viljakainen adiantou que na Rússia há um vasto leque de tais empresas relacionadas com a energia solar, a energia termal e a que recebe energia da Terra, além das casas que gerenciam como se pode poupar energia, pois "isso é até mais importante que a produção energética".

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Neste sentido, o investidor confessou que falta ainda superar um obstáculo bem sério que impede os projetos verdes na Rússia, isto é, a falta de consciência das pessoas. Para ilustrar isso, Viljakainen contou uma história, gracejando:

"De fato, na Rússia isto às vezes parece uma brincadeira. Eu visitei 86 cidades russas em 3 anos e sempre me perguntei por que, pelo amor de Deus, nos quartos dos hotéis russos está tanto calor. Quanto eu estava na [República da] Yakútia, morava no melhor hotel de lá, de cinco estrelas, ternos pretos por toda a parte. E lá fora estavam 42 graus negativos. Eu cheguei ao meu quarto e ele estava muito quente. Liguei para a recepção, um senhor me prometeu em um inglês impecável que iria enviar um mordomo que arranjaria o termostato. O mordomo chegou, e sabe o que ele fez? Ele abriu a janela…"

Mas, para além das brincadeiras, o empresário ressaltou que este fenômeno mental tem muita coisa a ver com a herança histórica da Rússia, ou seja, as práticas usadas na época da URSS.

"Acho que a sensibilização é um assunto importante, além da tecnologia. O que também é crucial na Rússia é que a eletricidade e, com sorte, o aquecimento também, deixem de ser baratos. […] Pois na Rússia, se voltarmos às suas raízes soviéticas, o aquecimento sempre foi grátis, e quanto é grátis, quem liga?", exclamou o empresário, conhecido por muitos como "investidor anjo".

Ao falar dos principais desafios enfrentados pelo setor energético não só na Rússia, mas em todo o mundo, Viljakainen ressaltou que a maior tarefa é mudar a atitude das pessoas, usando para isso instrumentos diferentes.

"Claro que o principal é a postura do consumidor. Isso, por exemplo, você pode mudar através dos preços, da tributação, desse tipo de coisas. Por exemplo, na Finlândia [país de origem de Viljakainen], se você comprar um litro de gasolina, ele vai custar 3 vezes mais que na Rússia. Isto levando em conta que 70% do preço representa um imposto, então a tributação é tão alta que as pessoas tentam usar carros que consomem menos energia, inclusive elétricos", especificou, adiantando que também se precisa de um mecanismo para apoiar o afluxo de investimentos na área, pois são precisos "milhões e milhões".

© Sputnik / Ekaterina NenakhovaEminente empresário, investidor e filantropo finlandês, Pekka Viljakainen, durante o Fórum de Investimentos 2018, em Sochi, em 16 de fevereiro de 2018
Eminente empresário, investidor e filantropo finlandês, Pekka Viljakainen, durante o Fórum de Investimentos 2018, em Sochi, em 16 de fevereiro de 2018 - Sputnik Brasil
Eminente empresário, investidor e filantropo finlandês, Pekka Viljakainen, durante o Fórum de Investimentos 2018, em Sochi, em 16 de fevereiro de 2018

Entretanto, o empresário resumiu: a situação já está mudando hoje em dia mesmo, e continuará mudando.

"Sou muito otimista quanto às perspectivas do setor energético por causa dos jovens, como você. Por exemplo, a minha filha que tem 14 anos nasceu, digamos, com a ideia que nunca usaríamos um carro que não fosse elétrico, ou desliga sempre a água quente quanto não está tomando duche. Então, tudo isso é uma questão de mentalidade", concluiu.

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