Analista: empresa dos EUA errou feio ao vender operadoras latino-americanas antes do boom

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Em 2004, a companhia norte-americana BellSouth vendeu suas companhias de telecomunicações latino-americanas à Telefonica espanhola por 9,5 bilhões de dólares (31 bilhões de reais).

A Sputnik Internacional falou com a especialista em telecomunicações da Universidade de Cornell, Lourdes Casanova, sobre crescimento do mercado de telefonia ao sul do Rio Grande e sobre grandes lucros da Telefonica e America Movil do México na América Latina.

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As operadoras Claro e Movistar estão dominando no mercado de telecomunicações latino-americano e, ironicamente, a gigante norte-americana AT&T tenta desesperadamente penetrar mais uma vez no mercado.

A companhia Claro pertence à America Movil do bilionário mexicano Carlos Slim, enquanto a Movistar é a marca usada pela Telefonica.

Em 2004, a Telefonica comprou infraestrutura das operadoras de telecomunicações da BellSouth na América Latina, repelindo, assim, companhias mexicana e italiana.

Lourdes Casanova, professora da Universidade de Cornell e especialista em mercados emergentes, em especial na América Latina, acredita que os problemas financeiros da BellSouth obrigaram a empresa a buscar dinheiro com venda de ativos.

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Venda da BellSouth foi um 'erro'

"A bolha da Internet explodiu em 2000 e causou pânico entre operadoras de telecomunicações. Problemas obrigam a vender ativos. Por isso a BellSouth foi obrigada a vender seus bens, mas foi um erro, porque a Telefonica e America Movil obtiveram grandes lucros", disse Lourdes Casanova à Sputnik Internacional.

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"A penetração de celulares é muito alta na América Latina e é vantajosa para todos os países", disse doutora Casanova, acrescentando que as receitas da Telefonica na América Central e do Sul de fato os ajudou a investir na companhia subsidiária O2, que opera na Alemanha e Reino Unido.

Nos anos 80, a gigantesca empresa norte-americana de telecomunicações AT&T foi obrigada a separar várias companhias subsidiárias, incluindo BellSouth, que possuía uma infraestrutura telefônica considerável na América Latina.

Em 2006, a AT&T comprou a BellSouth por 85 bilhões de dólares, tentando desesperadamente recuperar posições na América Latina.

AT&T tentando voltar para a América Latina

Em 2015, comprou duas operadoras mexicanas, Nextel Mexico e Iusacell, e agora está oferecendo contratos a clientes da AT&T nos EUA que têm familiares ao sul da fronteira.

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"Agora a AT&T está oferecendo ligações telefônicas dos EUA ao México pelo mesmo preço que uma chamada local. É um desconto muito grande", disse Casanova.

Contudo, a AT&T não tem chances reais para confrontar Claro e Movistar, que dominam em países tais como Argentina, Chile, Colômbia, Venezuela, Peru e Nicarágua.

O Brasil é o maior mercado único de telecomunicações na América Latina e lá a Telefonica possui a Vivo, dona de 30% do mercado (em comparação com 55%, em 2000).

A Claro conta com 24% do mercado e outras duas operadoras grandes são a TIM (propriedade da Telecom Italia) e Oi (empresa conjunta com maior operadora de telecomunicações de Portugal).

No ano passado, a China Mobile estudou compra da Oi, que poderia se tornar a primeira de muitas aquisições chinesas na América Latina.

Mercado latino-americano privatizado nos anos 80 e 90

Dra. Casanova disse que o mercado na América Latina começou a crescer nos anos 80 quando o Chile privatizou seu mercado de telecomunicações. O investidor australiano Alan Bond comprou uma opção, mas vendeu-a para a Telefonica em 1990.

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Argentina, Peru, México e Brasil seguiram esse exemplo nos anos 90 e a Telefonica comprou muitas companhias privatizadas.

Depois de devorar a operadora da BellSouth, mudou de marca para Movistar. "Movistar está por toda parte. É uma marca usada pela companhia na América Latina. America Movil, cujo dono é Carlos Slim, um dos homens mais ricos do mundo, entrou no mercado mais tarde e se manifestou bem. Agora parece muito duopólio", opinou Casanova.

De acordo com a doutora, a maioria dos usuários de telefonia na América Latina usa planos pré-pagos.

Problemas de banda larga

"Planos pré-pagos eram usados por 85% dos usuários, mas agora são usados por uns 75%. Contratos permanentes são muito caros. Mas penetração é muito alta – 75 ou 85%, cerca de 100% no Brasil", frisou a professora.

De acordo com ela, a região carece de banda larga. "É agridoce, porque enquanto a entrada de telefonias é alta, entrada de Internet de banda larga é baixa. Os governos têm sido incapazes de incentivar empresas privadas a investir em banda larga", concluiu a especialista.

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