Ex-secretário: ação nuclear dos EUA levará à corrida nuclear e fará Washington romper INF

© REUTERS / WOLFGANG RATTAYO presidente dos EUA, Donald Trump, gesticula durante uma sessão no âmbito da cúpula do grupo G20, em 8 de julho de 2017
O presidente dos EUA, Donald Trump, gesticula durante uma sessão no âmbito da cúpula do grupo G20, em 8 de julho de 2017 - Sputnik Brasil
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A nova Revisão de Postura Nuclear dos Estados Unidos (NPR) prepara o caminho para que Washington se retire do Tratado das Forças Nucleares Intermediárias (INF) de 1987, aumentando seriamente as tensões na Europa, disse à Sputnik o ex-secretário de Estado estadunidense Chas Freeman.

A administração do presidente estadunidense Donald Trump anunciou sua nova doutrina nuclear na sexta-feira passada, afirmando que isso levaria uma posição mais rígida sobre a Rússia. A NPR destacou que o presidente Trump, assim como seu antecessor, Barack Obama, consideraria usar armas nucleares em "circunstâncias extremas".

Freeman, que serviu como assistente da Secretaria de Estado para Assuntos de Segurança Internacional sob o presidente Bill Clinton, disse que a revisão pareceu preparar o país para liberar as Forças Armadas dos EUA das restrições de armas que mantiveram há mais de 30 anos.

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"Essas mudanças de política parecem preparativas para se retirar do Tratado das Forças Nucleares Intermediárias (INF) de 1987. Isso eliminou uma classe inteira de forças nucleares terrestres voltadas para a Europa Ocidental e a URSS europeia", afirmou.

Freeman afirmou também que uma retirada dos EUA do INF provavelmente seria baseada em alegações de que a Rússia estava ludibriando o mundo acerca das suas obrigações.

Deixar o tratado de 1987 "permitiria aos Estados Unidos desenvolverem e implementarem mísseis de cruzeiro de curto e médio alcance contra a China e contra a Rússia", explicou Freeman.

A nova postura poderia desencadear uma sequência de consequências graves, reduzindo a segurança global, advertiu Freeman.

"Este é, portanto, o primeiro movimento em um retorno aos níveis de tensão nuclear não vistos desde o auge da Guerra Fria", continuou ele.

Agressão e corrida armamentista

A redação do documento indicou que os políticos atuais dos EUA estarão mais prontos para autorizar o primeiro uso de armas nucleares, mesmo contra inimigos armados não-nucleares, observou Freeman.

"Também é uma duplicação da vontade anunciada dos Estados Unidos de serem a primeira a usar armas nucleares contra um inimigo que não seja nuclear", ponderou.

No entanto, a crescente probabilidade de os Estados Unidos estarem dispostos a usar uma arma nuclear deveria provocar uma onda de armamento nuclear por nações que se sintam potencialmente ameaçadas pelas Forças Armadas dos EUA, tornando o povo americano muito menos seguro, advertiu Freeman.

"Na minha opinião, [o NPR] estimulará um esforço de países que se sentem ameaçados pelos Estados Unidos para desenvolver armas nucleares e os meios para lançá-los contra o solo americano", afirmou.

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Longe de dissuadir a proliferação nuclear, a nova revisão dos EUA provavelmente motivaria outras nações a seguir o exemplo da Coreia do Norte, de desafiar a pressão internacional para desenvolver seus próprios dispositivos de dissuasão atômica, informou Freeman.

O NPR, "portanto, anuncia que outros assumiriam o caminho que a Coreia do Norte tomou em direção à segurança através do desenvolvimento de uma dissuasão nuclear crível contra as tentativas dos EUA de mudança de regime", analisou.

Atualmente, Chas Freeman é diretor do Conselho do Atlântico e atuou como Chefe de Missão dos EUA e Responsável de Negócios nas embaixadas dos EUA em Pequim e Bangcoc. Freeman também ocupou vários cargos de alto nível no Departamento de Defesa dos EUA.

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