China está cada vez mais disposta a privar América Latina da influência estadunidense

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Nas novas condições políticas, a China considera como importante fortalecer a CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) como uma organização dos países americanos sem participação dos EUA e Canadá, afirmou o especialista do Instituto da América Latina da Academia de Ciências da Rússia, Aleksandr Kharlamenko.

De acordo com o especialista, este é um dos objetivos do segundo encontro ministerial entre a China e os países-membros do grupo, que decorrerá entre 19 e 22 de janeiro na capital chilena Santiago e da qual participará também o chanceler chinês Wang Yi.

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Neste ano, o curso das conversações e os resultados do encontro vão em grande parte depender da postura do país anfitrião do evento, o Chile. Em dezembro do ano passado, o candidato de centro-direita Sebastián Piñera ganhou as eleições presidenciais no país.

O analista, que falou com a Sputnik China, observou que Pequim foi a primeira a parabenizar o novo presidente, ultrapassando até o principal aliado regional de Piñera, o presidente Macri da Argentina. Para Kharlamenko, isto indica que a China está disposta a manter o desenvolvimento ativo dos laços com o Chile e espera uma posição chilena construtiva como de um dos países copresidentes da CELAC.

"A CELAC foi criada na época de uma virada à esquerda na América Latina, com um papel de liderança de Cuba, Venezuela e dos antigos governos de centro-esquerda no Brasil e na Argentina. Hoje em dia, a política de Cuba e Venezuela coincide com a linha chinesa. Ela consiste em que esta nova organização [CELAC], sem EUA e Canadá, tem que ser preservada independentemente do pluralismo político e da mudança de governos em vários países da região", frisa o analista.

"Vamos ver se dará certo e se a política da CELAC será eficiente nas novas condições políticas. Não é nenhuma surpresa que o bloco de Mauricio Macri na Argentina e o bloco de Sebastián Piñera no Chile têm sido mais orientados para os EUA", adiantou.

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No decorrer da primeira reunião ministerial entre a China e a CELAC, o presidente chinês Xi Jinping apelou a esforços conjuntos para fazer com que as trocas comerciais entre as duas partes atinjam US$ 500 bilhões (mais de R$ 1,6 trilhões) na próxima década. Ademais, ele prometeu aumentar o volume de investimentos diretos chineses na América Latina até US$ 250 bilhões (mais de R$ 800 bilhões). A reunião em Santiago, por sua vez, vai se focar nos obstáculos que estão dificultando a realização do plano.

"Seria bom que esses esforços dessem certo, pois isso aumentaria a autossuficiência da América Latina e a estabilidade de todo o panorama global. Mas o problema é que os blocos de direita nos países latino-americanos têm usado, e continuam usando, nas suas atividades pré-eleitorais e políticas a carta antichinesa. Ou seja, eles não param de sublinhar que o capital chinês quase escraviza a América Latina, que a dependência da China substitui a dependência dos EUA, o que preserva a orientação unilateral baseada nas matérias-primas", ressalta Kharlamenko.

O analista confessou que não tem certeza que estes novos governos consigam mudar seus lemas políticos, desenvolvendo laços estreitos com a China, e será desta disponibilidade dos líderes latino-americanos que vai depender a realização do projeto.

Além disso, o diretor do Centro da América Latina da Universidade de Anhui, Fan Hesheng, lembrou em uma conversa com a Sputnik que esta é a primeira reunião entre a CELAC e a China após a chegada da nova administração nos EUA.

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"A importância do encontro ministerial é evidente. Nos contatos com a América Latina a China atribui importância aos contatos em plataformas multilaterais. […] Vou destacar vários objetivos que o lado chinês tem neste evento. Primeiro, a China espera, graças a este mecanismo multilateral, expandir as esferas de comunicação e cooperação com os países-membros da CELAC. São depositadas esperanças especiais na iniciativa chinesa de ‘Um Cinturão, uma Rota'. Também se pode dizer que este encontro é uma chance importante para que a América Latina adira à Nova Rota da Seda", sublinhou.

Ademais, continuou o especialista chinês, este evento é importante dada a nova equipe no poder nos EUA, pois a América Latina costuma ser chamada de "quintal estadunidense". Nesta nova situação, é importante que a China alcance mais consenso com seus parceiros quanto ao reforço da confiança mútua.

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