Guerra comercial entre Pequim e Washington resultará em novo sistema financeiro?

© AP Photo / EyePressMoedas e notas de yuan chinês em torno de um dólar norte-americano
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As ações de Donald Trump estão aproximando uma verdadeira guerra comercial com Pequim, cujo resultado pode ser um verdadeiro colapso de todo o sistema de comércio global, afirma o jornalista e autor do blog Crimson Alter, Ivan Danilov, em seu artigo para a Sputnik.

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Recentemente, o líder da imprensa de negócios estadunidense, a edição Wall Street Journal, lançou uma matéria excitada sobre a futura "batalha de titãs" entre os EUA e a China. Ademais, os jornalistas financeiros indicam que para os EUA esta provável guerra significaria o aumento do desemprego e a queda brusca das rendas de tais empresas como Apple, Boeing e General Motors.

Isto não significa que para a China tudo seja fácil e indolor, mas até a edição estadunidense duvida da capacidade norte-americana de desferir contra a economia chinesa um golpe que seja suficiente para fazer Xi Jinping capitular politicamente e cumprir as exigências de Donald Trump.

A raiz da próxima guerra comercial reside no desejo de Donald Trump e de alguma parte da elite política para mudar completamente o papel dos EUA na economia mundial.

O que causa pretensões?

De acordo com Danilov, esse segmento do "establishment" estadunidense não está satisfeito com a posição do país como "impressora de dinheiro global", graças à qual os EUA podem tapar os buracos orçamentários a curto prazo, manter um déficit colossal da balança comercial e fornecer importações baratas ilimitadas à sua população.

O esquema existente é muito propício para a chamada "aristocracia offshore", ou seja, famílias super-ricas que se consideram como cidadãos (ou até donos) do mundo, que usa a China na qualidade de "oficina global", tomando em consideração que a parte leonina das receitas fica, não nos EUA, mas em jurisdições offshore — por exemplo, no caso da venda de iPhones.

Enquanto isso, os EUA perdem postos de trabalho, enquanto a economia fica perdendo as competências necessárias para a concorrência internacional.

Em opinião da "aristocracia offshore", o mundo é dominado por aqueles que possuem a "propriedade intelectual", ou seja, as tecnologias.

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Neste âmbito, se pode afirmar que se não corrigirmos a situação agora mesmo, daqui a 10-15 anos a China bem pode virar líder mundial, enquanto os EUA vão "pagar por seu conforto atual e importações acessíveis com a perda da hegemonia mundial".

Plano da equipe Trump

Assim, para realizar o lema de Trump "Make America Great Again", se deve fazer regressar as produções existentes para o território norte-americano e criar novas diretamente nos EUA e não nos outros países.

Isto é possível através de duas maneiras. Primeiro, fazer com que os trabalhadores e empresários estadunidenses trabalhem e invistam de modo mais eficiente, ou seja, criem mais produtos com custos inferiores aos dos seus concorrentes chineses e mexicanos.

Este cenário, evidentemente, já é pouco realizável. O segundo consiste no protecionismo que deve tornar todos os artigos chineses (ou até todos os estrangeiros) tão caros que isso garanta a competitividade dos produtos norte-americanos.

O efeito secundário desta variante é o golpe duro contra a economia chinesa orientada para as exportações, o que, em opinião de Washington, é uma grande e importante vantagem.

De acordo com as avaliações do jornal norte-americano, a equipe de Donald Trump ainda não tem um plano adequado de ataque contra a economia chinesa, embora já hoje em dia se possam identificar várias direções possíveis do golpe.

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Por exemplo, se está discutindo ativamente a ideia de introduzir sanções antichinesas sob pretexto de castigar o país pela ajuda prestada à Coreia do Norte contornando as sanções da ONU. Ademais, se fala sobre planos de introduzir multas sérias contra as empresas chinesas que são acusadas de roubo maciço de propriedade intelectual estadunidense.

Mais uma arma antichinesa no arsenal de Trump podem ser as tarifas e cotas para os produtos chineses importados, que se planeja aplicar a um vasto leque de artigos chineses, inclusive o aço e as baterias solares.

É mesmo possível?

Entretanto, Danilov frisa que tais medidas poderiam ter dado certo uns 10 anos atrás, ou, possivelmente, ainda 5 anos atrás. Já hoje em dia até os otimistas da imprensa estadunidense estão céticos em relação a uma vitória do plano de Trump.

O problema é que o mercado chinês se tem tornado crucial para a maioria das companhias estadunidenses, inclusive para a Apple, Boeing e General Motors. Isto, por sua vez, significa que as medidas de resposta da China afetariam de modo sério as receitas destas empresas.

Outra questão crucial será o crescimento de preços para os consumidores norte-americanos, que vão perder o acesso às importações baratas.

Além disso, jornalistas norte-americanos que falaram com altos funcionários chineses afirmam que Pequim já possui um plano detalhado para uma guerra comercial com os EUA e uma vontade política forte para realizá-lo.

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Espera-se que as medidas de resposta chinesas sejam elaboradas de tal maneira que afetem ao máximo eleitores concretos de senadores e congressistas concretos que apoiarem a política antichinesa.

Contudo, a guerra comercial entre a China e os EUA é apenas uma questão de tempo, sublinha o autor. Mesmo agora já se pode prognosticar que todas as partes do conflito ficarão prejudicadas, enquanto o sistema de comércio existente, provavelmente, não sobreviverá a esta "batalha de titãs".

Porém, a China tem um "trunfo", isto é, o fato de Washington estar em conflito praticamente com todo o mundo, desde a Rússia até à União Europeia a até aos vizinhos dos EUA. Em consequência, todos os descontentes com a política dos EUA poderão criar seu próprio sistema de comércio global sem Washington e sem tomar em consideração seus interesses. Neste caso, nenhumas guerras comerciais de Trump os ajudarão, resume o autor.

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