Rússia realiza ato de punição, desta vez abertamente

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Primeiro a comunicação e depois o vídeo, publicado pelo Ministério da Defesa da Rússia sobre a eliminação dos terroristas que em 31 de dezembro bombardearam a base aérea russa Hmeymim, levantaram a questão sobre a punição por parte do Estado.

Na comunicação do Ministério foi dito com bastante clareza que o objetivo da operação era eliminar o grupo concreto dos terroristas que foram responsáveis pelo bombardeamento de Hmeymim e pela morte de dois militares russos. Para isso, foram empregadas "todas as forças dos vários níveis do sistema da inteligência russa na Síria".

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Assim, a Rússia usou os seus recursos e capacidades colossais para resolver esta tarefa pontual.

Por um lado, os defensores de direitos humanos acham que o Estado não deve recorrer a métodos não legais e não judiciais que acabam por levar à morte dos que são alvos de perseguição.

Por outro lado, tais ações dos Estados normalmente têm largo apoio popular e até se revestem de um caráter romântico, se tornando muitas vezes no tema de filmes e romances de espionagem.

Alguns países transformaram as operações especiais não declaradas no seu sinal distintivo. O mais notável exemplo disso é Israel, cujos métodos radicais de luta contra o terrorismo são bem conhecidos.

No que se refere à Rússia, estão tendo lugar mudanças da posição governamental quanto ao assunto. Historicamente, a Rússia não tornava públicas tais operações, e os vazamentos costumavam ter a forma de rumores e lendas urbanas. A história mais conhecida foi descrita no livro documental de Bob Woodward "Veil: As Guerras Secretas da CIA". Eis uma citação deste livro:

"Casey leu a mensagem de que os três diplomatas soviéticos, sequestrados nesse outono em Beirute, foram libertados passado um mês. O quarto foi assassinado logo após o sequestro, mas estes três não foram feridos. Pouco depois, Casey recebeu da inteligência israelense uma mensagem de que os russos conseguiram tal sucesso depois de os agentes do KGB capturarem no Líbano um familiar do líder da organização muçulmana radical Hezbollah, o mataram e jogaram o seu corpo no quartel-general da organização. Junto com o corpo foi enviada uma nota de que outros membros da organização iriam morrer do mesmo modo se os diplomatas soviéticos não fossem libertados. Pouco depois disso, os três – um adido, o representante comercial e o médico da embaixada – foram libertados (à distância de alguns quarteirões da embaixada). A declaração, transmitida por telefone a uma agência de informação, dizia que era um 'gesto de boa vontade'. Casey se convenceu que os Sovietes sabiam como falar com o 'Hezbollah'."

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Hoje em dia, às vezes na mídia aparecem informações de que a Rússia se dedica à busca e liquidação de terroristas. Mas além das operações que decorreram de forma ideal, houve casos que não foram tão bem-sucedidos. Por exemplo, em 2003 se agravaram as relações entre a Rússia e o Qatar por causa da eliminação de Zelimkhan Yandarbiyev em Doha. Como se sabe, nenhumas confirmações oficiais foram então recebidas dos militares e serviços secretos russos, mas depois de regressarem à Pátria os russos condenados no Qatar pela morte de Yandarbiyev foram recebidos no aeroporto com honras militares.

Nos últimos anos, assistimos a uma mudança da posição oficial da Rússia, inclusive ao mais alto nível governamental, quanto às ações de punição. É praticamente a primeira vez na história que o país começou falando abertamente sobre o uso de tais métodos.

Há dois anos, o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou publicamente aos serviços secretos do país para encontrarem os responsáveis pela explosão do avião A321 russo sobre a península do Sinai "por todo o mundo, independentemente da geografia ou de qualquer prazo – e eliminarem todas essas pessoas".

Talvez tenham sido apenas palavras fortes para impressionar o público, e não se sabe se a ordem teria sido cumprida.

Mas as últimas décadas continuam mostrando que isso não são meras declarações e que a Rússia, mais tarde ou mais cedo, pega sempre os que estão manchados com o sangue de seus cidadãos. Isto dá confiança que essa ordem do presidente seja no final cumprida. Mesmo que o público só saiba disso passados vários anos.

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