Intervindo a favor de aliados: como Rússia ajudou Síria a vencer

© Sputnik / Ministério da Defesa da RússiaEngenheiros militares russos ajudam a neutralizar minas em áreas orientais da cidade síria de Aleppo (foto de arquivo)
Engenheiros militares russos ajudam a neutralizar minas em áreas orientais da cidade síria de Aleppo (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Completaram dois anos de ações militares, milhares de voos de combate, dezenas de milhares de extremistas e objetos de sua infraestrutura eliminados, centenas de cidades e povoados libertados.

A Rússia está concluindo a operação militar na Síria, a primeira em grande escala desde a Guerra do Afeganistão (de 1979 e 1989), da qual as Forças Armadas russas participaram no exterior. Foi isso que comunicou o presidente russo, Vladimir Putin, que visitou, nesta segunda-feira (11), a base aérea russa na Síria Hmeymim. Ele ordenou início da retirada das tropas russas do país, frisando que militares estão voltando à Pátria vitoriosamente. 

Neste artigo a Sputnik explica como há anos a Rússia vem ajudando o presidente sírio, Bashar Assad, a salvar seu país e a expulsar terroristas do território.

Como a Rússia entrou no conflito

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No terceiro trimestre de 2015, a Síria já vinha enfrentando guerra há quatro anos. Protestos antigovernamentais maciços se transformaram em confrontos com o exército. O protesto popular recebeu apoio de grupos terroristas, entre quais estavam o Daesh, Frente al-Nusra, Al-Qaeda (todos são proibidos na Rússia e em vários outros países) e outras organizações menores, incluindo as da "oposição moderada", principalmente, Exército Livre Sírio, tutelado pelos EUA.

Desde o início, a Rússia vem ajudando diplomaticamente a Síria. No segundo trimestre de 2011, autoridades russas bloquearam vários projetos que visavam "resolver" situação do país contra ele mesmo, ou seja, da forma "antissíria". Além disso, a Rússia apoiou o governo de Bashar Assad com o fornecimento de armas, equipamento militar e munições, bem como treinando militares do país esquecido por muitos outros países.

Contudo, à medida que terroristas vinham conquistando um número crescente de territórios, mais ficava claro que este tipo de apoio era insuficiente. As forças do exército sírio começaram a se esgotar.

Em setembro de 2015, a pedido do presidente sírio, a Rússia iniciou deslocamento de suas tropas ao país árabe. Oficialmente, o objetivo da Rússia era eliminar o terrorismo, contudo, outro motivo entrou em jogo: impedir o regresso à Rússia de seus conterrâneos envolvidos nas atividades do Daesh na Síria.

Por que foi a Rússia que venceu

A aviação russa realizou ataques permanentes contra alvos dos terroristas na Síria. Até abril de 2017, foram executados mais de 23 mil voos de combate e 77 mil ataques a posições terroristas. Tais êxitos fizeram com que, em maio deste ano, a Rússia enviasse de volta para casa metade de seu grupo aéreo de Hmeymim.

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Aviões russos atacaram terroristas com o apoio ativo das tropas de elite russas, que recolhiam informações, ajustavam ações de aviação e artilharia, treinavam o exército sírio, organizavam emboscadas para terroristas e eliminavam seus líderes. Além disso, um papel importante desempenharam os aviões russos, transportando ao país armas, munições e equipamento militar. Vale destacar também a façanha dos médicos russos que trataram os civis feridos.

Diplomatas russos também desempenharam um grande papel no que se refere ao regulamento da crise. Foram eles que iniciaram negociações de vários níveis na cidade cazaque de Astana. Graças a estes esforços, na Síria foram criadas zonas de desescalada, existentes até hoje. 

Contudo, foi o povo sírio que venceu nesta guerra. Os militares russos somente ajudaram a lembrar que o inimigo pode ser derrotado, mesmo que seja apoiado pelo Ocidente poderoso.

O que acontecerá depois

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No fim de novembro, surgiram notícias sobre permanência dos militares russos na Síria e desenvolvimento da base área Hmeymim, situada em Latakia, bem como da base naval em Tartus, para fortalecimento da presença russa no mar Mediterrâneo.

Especialista militar russo, Anatoly Tsyganok, explicou qual é a vantagem destas bases russas na Síria além da geopolítica e do aspecto militar:

"Elas [bases] irão favorecer o desenvolvimento da cooperação entre a Rússia e a Síria. Primeiro, os nossos soldados e oficiais ajudarão o governo do país a neutralizar minas em seu território. Segundo, eles vão treinar os militares sírios, ajudá-los a utilizar equipamento e material bélico de produção russa. Ou seja, os militares terão ainda muito trabalho na área. Até mesmo sem guerra."

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Entretanto, o fator geopolítico não pode ser deixado de lado. O Oriente Médio continua sendo uma zona de interesse dos EUA e de seus aliados da OTAN. Sendo assim, o surgimento de mais um país na região não agrada aos representantes da Aliança Atlântica que, por sua vez, repetidamente expressaram preocupações quanto ao aumento da presença militar da Rússia. Pois, Moscou possui realmente essa possibilidade.

"Vale destacar que Hmeymim é uma base bastante desenvolvida, capaz de receber todos os tipos de aviões, não apenas caças, mas também, bombardeiros de longo alcance, como o Tu-22M3, ou até portadores de mísseis estratégicos Tu-95 e Tu-160. Assim, a Rússia é capaz de repelir ameaças de diferentes tipos. Os mísseis de cruzeiro de baseamento aéreo Kh-101 poderão alcançar qualquer alvo na região, o mesmo é válido para os mísseis Kalibr de baseamento naval. Por um lado, tomamos sob controle todo o Oriente Médio. Por outro, defendemo-nos de ameaças que podem surgir nos flancos sul da OTAN. É uma combinação exclusivamente vantajosa", explicou à Sputnik Igor Korotchenko, o editor-chefe da revista Defesa Nacional.

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