Decisão de Trump destrói a solução de dois Estados e ameaça a paz, dizem palestinos

© REUTERS / CARLOS BARRIAPremiê de Israel, Benjamin Netanyahu, durante visita a Washington realizou coletiva de imprensa conjunta com presidente Donald Trump, 15 de fevereiro de 2017
Premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, durante visita a Washington realizou coletiva de imprensa conjunta com presidente Donald Trump, 15 de fevereiro de 2017 - Sputnik Brasil
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O secretário-geral da Organização de Libertação da Palestina (OLP) disse que a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel – anunciada nesta quarta-feira – destrói quaisquer esperanças de uma solução de dois Estados para o conflito.

"Ele destruiu a solução de dois Estados", disse Saeb Erekat, que há muito serviu como negociador palestino, a jornalistas após o discurso de Trump. Ainda segundo ele, o presidente dos EUA "desqualificou seu país de qualquer papel" no processo de paz.

O novo presidente dos EUA Donald Trump na Casa Branca, Washington, 20 de janeiro de 2017 - Sputnik Brasil
Trump reconhece Jerusalém como capital de Israel

"Como um negociador palestino-chefe, como posso me sentar com essas pessoas se me ditarem o futuro de Jerusalém como a capital de Israel?", acrescentou. Erekat advertiu ainda que Trump "está realmente jogando toda a região no caos, caos internacional".

A solução de dois Estados tem sido a base dos esforços internacionais de paz para o conflito. Israel afirma que toda Jerusalém é a sua capital indivisa, enquanto os palestinos enxergam o setor oriental da cidade como a capital do seu futuro Estado.

"Eu acho que esta noite ele está fortalecendo as forças dos extremistas nesta região como ninguém já fez antes", disse Erekat, referindo-se a Trump.

Árabes reagem

A avaliação do secretário-geral da OLP possui fundamento. Logo após o anúncio de Trump, o grupo palestino islâmico Hamas disse que a decisão da Casa Branca deveria ser interpretada como uma "flagrante agressão contra o povo palestino".

O Hamas, que domina a Faixa de Gaza, exortou os árabes e os muçulmanos a "prejudicar os interesses dos Estados Unidos na região" e a "evitar Israel".

O tom esboçado pelo governo da Turquia foi semelhante. O ministro de Relações Exteriores do país, Mevlut Cavusoglu, considerou a decisão de Trump como irresponsável e ilegal.

"Condenamos a afirmação irresponsável da administração dos EUA […] a decisão vai contra o direito internacional e as resoluções relevantes da ONU", escreveu Cavusoglu no Twitter.

Antes do anúncio amplamente marcado de Trump, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, havia avisado depois de uma reunião com o rei jordano Abdullah II que o movimento "jogaria nas mãos" de grupos terroristas.

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu - Sputnik Brasil
Netanyahu pede que todos os países reconheçam Jerusalém como capital de Israel

Erdogan já convocou uma reunião cimeira da Organização de Cooperação Islâmica (OIC) em Istambul, em 13 de dezembro, para discutir a questão. Ele alertou também que a decisão da Trump teria "reflexões negativas sobre a paz e a estabilidade na região" e arriscaria "destruir completamente o terreno para a paz".

Assim como Ancara, Teerã afirmou que reconhecer Jerusalém como capital de Israel é uma decisão "grave" e que viola todas as resoluções internacionais. Já o governo do Qatar pode permitir uma “escalada perigosa e uma sentença de morte para todos que buscam a paz”.

"Lamentável", diz Macron

Na Europa, o presidente francês Emmanuel Macron considerou a atitude de Trump como "lamentável", e reiterou o pedido para que a violência seja evitada "a todo custo".

Dirigindo-se a uma conferência de imprensa durante uma visita de Estado à Argélia, Macron afirmou "o apego da França e da Europa à solução de dois Estados, Israel e Palestina vivendo lado a lado em paz e segurança dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas, com Jerusalém como a capital da dois Estados".

O presidente francês pediu "calma" e "responsabilidade" em todos os lados. "Devemos evitar a violência a todo custo e priorizar o diálogo", disse ele. "A França está pronta com seus parceiros para tomar todas as iniciativas necessárias nesta direção".

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