'Veredito venenoso': quem ajudou general croata a morrer?

© AFP 2023 / STRINGER Velas e bandeiras colocadas no centro de Zagreb em 30 de novembro de 2017 em memória ao general Slobodan Praljak que se suicidou um dia antes na sala do Tribunal Penal Internacional
Velas e bandeiras colocadas no centro de Zagreb em 30 de novembro de 2017 em memória ao general Slobodan Praljak que se suicidou um dia antes na sala do Tribunal Penal Internacional - Sputnik Brasil
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O veredito aos líderes da chamada República Herzeg-Bósnia por crimes contra a humanidade ficou na sombra devido ao suicídio do general Slobodan Praljak.

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Praljak foi condenado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes cometidos na Guerra da Bósnia e morreu nesta quarta-feira (29) após tomar um suposto veneno durante a leitura da sentença de sua condenação.

Continua desconhecido como ele conseguiu entrar na sala com veneno, pois Goran Petronijevic, advogado sérvio consultado pela Sputnik, afirma que sua experiência de trabalho no Tribunal de Haia mostra que as regras lá são bem restritas e que tal incidente não podia acontecer assim tão facilmente.

"Ou trata-se de negligência grave, ou aqui pode estar envolvido algum dos funcionários do tribunal", opina o advogado.

A situação se agrava com o fato de que, se Praljak não se tivesse suicidado, ele seria muito provavelmente libertado em breve porque, segundo a prática do Tribunal de Haia, os condenados são libertados após cumprirem dois terços da pena de prisão, e Praljak estava detido em Haia desde abril de 2004, ou seja, há quase 14 anos.

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Antes de se suicidar, o general afirmou não ser um criminoso de guerra, mas o tribunal deliberou o contrário. No entanto, o mais importante que resultou deste processo foi que os seis políticos acusados deste crime eram apoiados pelo então presidente (Franjo Tudjman), o ministro da Defesa e o chefe do Estado-Maior da Croácia. Croácia, que sempre declarou participar de uma guerra defensiva, resulta ser responsável por crimes de guerra no país vizinho.

Toma Fila, outro advogado, comentou à Sputnik Sérvia que o veredito do tribunal joga luz sobre o que realmente aconteceu.

"Agora tudo ficou claro, quem fez o quê. Assim, a Sérvia se livra das acusações de intervir na Bósnia, enquanto a Croácia, chefiada por Franjo Tudjman, foi o agressor em relação à Bósnia", diz.

Praljak foi um dos seis políticos bósnio-croatas condenados em 2013, em Haia, por crimes de guerra cometidos contra civis muçulmanos durante os conflitos na Bósnia nos anos 1990. O general de 72 anos foi sentenciado pelo Tribunal Penal Internacional a 20 anos de prisão.

No entanto, a Croácia ficou descontente com a decisão do tribunal: o presidente da Croácia, Kolinda Grabar-Kitarovic, interrompeu mesmo sua visita à Islândia e regressou ao país. O premiê croata, Andrej Plenkovic, por sua vez, expressou suas condolências aos familiares de Praljak e chamou o suicídio dele de "profunda injustiça moral em relação aos seis condenados croatas da Bósnia e Herzegovina e a todo o povo croata".

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