Israel poderia precisar do Daesh para conter Irã

© AFP 2023 / Hossein MersadiMembros da Guarda Revolucionária iraniana fora do parlamento iraniano durante o ataque contra complexo em Teerã, em 7 de junho de 2017
Membros da Guarda Revolucionária iraniana fora do parlamento iraniano durante o ataque contra complexo em Teerã, em 7 de junho de 2017 - Sputnik Brasil
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Uma nova pesquisa de um centro analítico próximo à Inteligência israelense aponta que os ataques do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia) são uma das poucas medidas capazes de conter a influência iraniana que, em breve, poderia expandir do oceano Índico ao mar Mediterrâneo.

"O Irã, que antes demonstrava agilidade em usar cada oportunidade para reforçar suas posições como potência regional, procura se beneficiar do vácuo criado na Síria e no Iraque pelo Daesh, expandindo as suas ambições na região e desempenhando função principal na formação da ordem no Oriente Médio pós-Daesh", estipula o relatório de 37 páginas do Centro de Inteligência e Informação do Terrorismo (ITIC, na sigla em inglês).

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Embora seja uma organização não governamental, o ITIC é financiado parcialmente pelo governo, possui representação no Ministério da Defesa de Israel e, muitas vezes, serviu como voz informacional dos serviços de Inteligência do país.

De acordo com o autor principal do relatório, especialista iraniano Raz Zimmt, Teerã procura estabilizar o regime de Bashar Assad na Síria e o governo xiita no Iraque, o que o ajudaria a "afastar os EUA" da região, bem como "escalar a ameaça a Israel enquanto dissuade".

Em particular, usaria o corredor terrestre do seu próprio território ao Líbano para "aumentar as capacidades militares do Hezbollah, reforçando as possibilidades do Hezbollah de produzir armas e estabelecendo redes locais de terror nas Colinas de Golã para criação de uma nova frente contra Israel".

Mas Israel espera que a aliança entre população sunita, terroristas islâmicos e poderes mundiais combine com o caos regional para prevenção do cenário mais perigoso.

"A intervenção do Irã na Síria só agrava o conflito com o Daesh, que possui capacidades operacionais significativas mesmo depois do colapso do Daesh", diz-se no relatório.

"O Daesh pode mudar a tática de combate. […] Pode efetuar ataques rápidos contra veículos iranianos enquanto se movem pelo corredor terrestre", adiciona.

Para ilustrar os efeitos perigosos de um possível confronto entre o Irã e Daesh, autores relembram os ataques simultâneos em Teerã no mês de junho, que levou à morte de 17 civis.

"Além do mais, o Irã está preocupado com a transformação da região curda no Iraque em um Estado de fato independente. Pois isso poderia ameaçar a integridade territorial do Iraque e impedir os esforços do Irã de estabelecer influência sobre o Iraque e aumentar aspirações separatistas entre as minorias curdas no Irã", de acordo com o relatório.

Quanto aos obstáculos que podem surgir durante as tentativas iranianas de se estabelecer como principal país no Oriente Médio entre os vizinhos árabes, os autores frisam:

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"Primeiramente, como se trata de um país com maioria populacional persa, ele é tido como país estrangeiro no mundo árabe e até mesmo pelos aliados por se comportar de maneira arrogante e racista em relação à vizinhança árabe. Em segundo lugar, o Irã xiita tenta estabelecer hegemonia regional na esfera dominada principalmente por muçulmanos sunitas."

Em terceiro lugar, os autores sublinham que, na região, Rússia, Turquia e EUA entram na lista das nações influenciadoras. Em especial, o Irã está preocupado com a atividade dos EUA contra as forças do regime.

Finalmente, o país-rival principal do Irã na região é a Arábia Saudita que, além das suas intervenções, reuniu países da Liga Árabe contra o Irã e forjou a coalizão de 40 países que, pelo visto, trata-se de uma aliança contra a República Islâmica. 

Os autores concluem que o sucesso do Irã na região vai depender não só dos seus próprios esforços, mas também da política de outros países envolvidos.

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