Tirania global do dólar está cada vez mais em questão

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A posição dominante do dólar volta a pôr o mundo à prova. As normas destinadas a melhorar a segurança das finanças dificultam o acesso a essa moeda, enquanto a Reserva Federal reforça sua política monetária, disseram Jon Sindreu e Mike Bird em um artigo para The Wall Street Journal.

"Nossa moeda é seu problema", assim pode ser explicada essa política em uma frase, afirmou Zoltan Pozsar, analista do banco Credit Suisse e guru do mercado de divisas, citado pelo jornal.

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Os autores do artigo sublinharam que, desde o início da crise financeira, os mercados têm enviado sinais de alarme sobre o déficit de dólares. As margens de lucro dos contratos de derivados financeiros, denominados swaps cambiais (contrato em que se troca o capital principal e os juros em uma moeda pelo capital principal mais os juros em outra moeda), que são utilizados por investidores e empresas para obter dólares, aumentaram bruscamente. Se os dólares fossem emprestados livremente, a margem de lucro seria zero, disseram os economistas.

A luta pelos dólares pode afetar os bancos não norte-americanos porque a escassez dessa moeda torna os empréstimos mais caros. Em dezembro de 2016, isso levou um dos maiores bancos franceses, Société Générale, à sua pior jornada na bolsa de valores do ano, quando suas perdas superaram as estimativas estatísticas das perdas prováveis do banco.

De acrodo com o artigo, agora o Société Générale está trabalhando para implementar suas próprias contramedidas e diversificar as fontes de financiamento em dólares no mercado, bem como buscar investimentos alternativos. Segundo Pozsar, cada 100 bilhões de dólares retirados pelo Banco Central dos EUA levam a um aumento de 0,1% de benefício dos swaps cambiais.

Desde outubro, a Reserva Federal reduziu em 10 bilhões de dólares (R$ 96 bilhões) o seu balanço geral de 4,5 trilhões (R$ 15 trilhões), acumulado durante o programa de compra de obrigações depois da crise financeira.

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Os analistas esperam que a reforma tributária nos EUA incentive as empesas norte-americanas a repatriar uma parte de seu dinheiro que atualmente se encontra no estrangeiro.

Tudo isso implica que os dólares sairão de outros países rumo aos EUA. Os pesquisadores do Banco de Compensações Internacionais, com sede na Suíça, descobriram que, à medida que se limita o volume de dólares, se complicarão as possibilidades de obter créditos em todo o mundo.

Alguns economistas têm previsto o fim do reinado do dólar há muito tempo. A criação do euro em 1999 e o crescimento brusco da economia chinesa fizeram muitos analistas afirmarem que o dólar teria que compartilhar seu papel de liderança.

Entretanto, o euro se tornou politicamente impopular durante a crise de dívida europeia. O yuan, por sua vez, não é aceito pelos investidores globais por causa da ausência de controle do capital chinês. Ao mesmo tempo, as reservas oficiais mantidas em dólares pararam sua queda multianual e no segundo trimestre de 2017 a dívida em dólares dos países estrangeiros se elevou a um máximo histórico de 8,6 trilhões de dólares (R$ 28 trilhões).

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A posição dominante de uma só moeda desafia os modelos econômicos em que os investidores não deveriam ter uma melhor ou pior posição em função da divisa na qual operem. Entretanto, a realidade mostra o contrário, sublinham os autores.

Continua funcionando uma espécie de pirâmide: bilhões de dólares são emprestados aos investidores dos países mais pobres através de uma estratégia popular de carry trade (operação financeira que consiste em tomar dinheiro a uma taxa de juros em um país e aplicá-lo em outra moeda, em que as taxas de juros são maiores).

Nos mercados de derivados, as pessoas podem vender dólares agora e comprá-los no futuro, ganhando dinheiro. Ao mesmo tempo, os que precisam de dólares com urgência perdem em média 0,9% a cada trimestre, concluiu Jessica James do Commerzbank.

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