Teste do míssil russo no Cazaquistão: que planos tem Moscou?

© Sputnik / Konstantin Chalabov / Acessar o banco de imagensLançamento de um míssil russo do complexo tático Tochka
Lançamento de um míssil russo do complexo tático Tochka - Sputnik Brasil
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O Ministério da Defesa da Rússia realizou um teste bem-sucedido de um míssil balístico no polígono de Sary-Shagan, Cazaquistão. Os especialistas disseram ao jornal russo Vzglyad que se trata não de um míssil A-235, como foi afirmado antes, mas da versão anterior A-135, com componentes renovados.

Comentando o lançamento que teve lugar em 24 de novembro, o especialista militar e diretor comercial da revista Arsenal Otechestva (Arsenal da Pátria), Aleksei Leonkov, disse em entrevista ao serviço russo da Rádio Sputnik que se tratou de um míssil A-235. 

Entretanto, outros especialistas consultados pelo Vzglyad refutam essa versão. O editor-chefe do jornal Arsenal Otechestva, Viktor Murakhovsky, assegurou que o lançamento corresponde a um míssil A-135, versão 53T6 (AMB3 Gazelle para a OTAN, Amur na Rússia). Ele explicou que o A-235 ainda não tem novas versões que requeiram testes.

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Quanto ao A-135, "é imprescindível atualizar esses mísseis sobre uma nova base de elementos e pô-los em serviço", sublinhou Murakhovsky.

O Amur, projetado para repelir um ataque limitado contra a capital russa, foi entregue às Forças Armadas em 1990. Foi instalado de acordo com o tratado entre URSS e os EUA de 1972, conhecido como tratado ABM, que limitava o número de sistemas de mísseis antibalísticos que podiam ser instalados em ambos os países. Em 2002 os EUA se retiraram do tratado, por isso ele deixou de estar em vigor.

Murakhovsky sublinhou que o míssil lançado no Cazaquistão praticamente não se diferencia dos mísseis projetados na URSS. Tem a mesma ogiva nuclear, o mesmo alcance e atinge a mesma altitude. A diferença entre a versão soviética e a versão russa é que o novo míssil "é um produto moderno, sobre uma nova plataforma de elementos", explicou Murakhovsky.

Andrei Frolov, especialista militar e editor da revista Exportações de Armas, confirmou que o A-135 passou por uma renovação, tendo seus componentes eletrônicos sido modernizados.

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O polígono no Cazaquistão não foi escolhido por acaso. Nos últimos 20 ou 30 anos, a Rússia tem realizado testes de seus sistemas de defesa aérea em Sary-Shagan, porque esse polígono tem todas as instalações necessárias. "Não há outro lugar como esse", revelou Frolov.

Sary-Shagan é o primeiro e único lugar em todo o continente euroasiático adaptado para realizar testes de armas antimísseis. A partir de 1961, no polígono de Sary-Shagan foram testados seis sistemas antimísseis, sete tipos de mísseis antibalísticos e 12 sistemas de mísseis teledirigidos. Todos os ensaios dos sistemas soviéticos de defesa antimíssil e de defesa aérea de longo alcance foram efetuados em Sary-Shagan.

Depois do colapso da URSS, grande parte da infraestrutura de Sary-Shagan foi desmantelada e abandonada. Em 2016, na sequência de um acordo entre a Rússia e o Cazaquistão, foi acordado que o polígono voltaria a funcionar. No início de 2017 começou a modernização do complexo de instalações do polígono.

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É de assinalar que apenas a Rússia e os EUA possuem escudo antimísseis de silo, que pode interceptar e neutralizar mísseis balísticos intercontinentais. 

"Os norte-americanos são os líderes na construção de sistemas antimísseis. Eles se dedicam a isso há muito tempo e possuem um orçamento militar 10 vezes maior que o da Rússia. Além disso, têm muitos aliados com tecnologias avançadas de que nós carecemos, como os japoneses ou os israelitas […] Estamos um pouco atrasados mas, nessa área, somos suficientemente fortes. Afinal de contas, nosso plano não é atacar ninguém, mas apenas defender-nos", disse o diretor do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias, Ruslan Pukhov.

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