Farpa para a OTAN: o que farão militares russos na Síria após derrota do Daesh?

© Sputnik / Dmitriy Vinogradov / Acessar o banco de imagensBombardeiros Su-24 da Força Aeroespacial da Rússia na base aérea em Hmeymim, Síria (foto de arquivo)
Bombardeiros Su-24 da Força Aeroespacial da Rússia na base aérea em Hmeymim, Síria (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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As ações da Rússia no Oriente Médio provaram que o país regressou à região e que no futuro próximo não a tenciona abandonar. Nesta terça-feira (22), Moscou comunicou que as bases militares russas não serão retiradas da Síria após a operação militar estar terminada.

Embora o contingente de tropas russas em território sírio venha a ser reduzido, as que restarão não vão ficar sem fazer nada. Neste artigo, a Sputnik explica que metas perseguirá a Rússia na Síria depois da derrota dos terroristas.

Contingente limitado

Presidente turco, Tayyip Erdogan, no encontro com o seu homólogo iraniano, Hassan Rouhani, Sochi, 22 de novembro de 2017 - Sputnik Brasil
Vladimir Putin: desintegração da Síria foi prevenida
Anteriormente, o presidente russo, Vladimir Putin, durante a reunião com seu homólogo sírio, Bashar Assad, contou que em breve a operação da Força Aeroespacial russa no país árabe será terminada. Ele frisou que ainda falta muito até à eliminação completa dos terroristas na Síria, mas os militares russos já cumpriram suas tarefas. No momento, o governo sírio controla mais de 98% de seu território; o exército praticamente recuperou o controle sobre a cidade de Abu Kemal, sendo este o último bastião do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países); a situação nas zonas de desescalada é considerada estável, a quantidade de grupos militares que se juntaram ao regime de cessar-fogo aumentou até 234.

© Sputnik / Ministério da Defesa da Rússia / Acessar o banco de imagensTropas russas na Síria (foto de arquivo)
Tropas russas na Síria (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
Tropas russas na Síria (foto de arquivo)

De acordo com o primeiro vice-ministro da Defesa russo, Valery Gerasimov, no país árabe arruinado pela guerra hoje estão sendo criadas condições para a recuperação da vida pacífica e o regresso dos refugiados. Contudo, muitos especialistas acreditam que a guerra ainda vai ecoar por muito tempo na região.

"Temos de compreender que por muitos anos a Síria ainda permanecerá um foco de tensões. Por este motivo, nossas bases militares serão necessárias. A Rússia poderá ter influência direta nos conflitos que surgem regularmente no Oriente Médio. Além disso, as bases aumentam as capacidades de nossas Forças Armadas no estrangeiro", explicou à Sputnik Aleksandr Khramchikhin, especialista militar.

É evidente que na Síria do pós-guerra não há necessidade de um contingente numeroso de tropas russas. Gradualmente, sua quantidade será reduzida.

Criar raízes em terreno sírio

canhão antitanque soviético BS-3. - Sputnik Brasil
Lendário 'matador de feras' soviético combate Daesh na Síria (VÍDEO)
No momento, a Rússia utiliza na Síria duas infraestruturas militares: a base aérea de Hmeymim, situada na província de Latakia, e o posto de manutenção técnica da Marinha russa na cidade de Tartus.

O último, até 2012, representava um conjunto de cais modesto, com um sistema de água doce, que contava com apenas quatro funcionários. A reconstrução completa do posto se iniciou em 2015. O número de especialistas subiu para 1.700 efetivos. O que hoje em dia está acontecendo em Tartus é um grande mistério. Só é conhecido que em 2016 Vladimir Putin assinou um acordo sobre a expansão do território do posto de manutenção técnica da Marinha russa em Tartus, bem como sobre a escala de navios militares russos nas águas territoriais da Síria. Aparentemente, trata-se da construção de uma base naval completa.

© Sputnik / Dmitriy Vinogradov / Acessar o banco de imagensMarinheiros russos e sírios participam de exercícios militares conjuntos no porto sírio de Tartus
Marinheiros russos e sírios participam de exercícios militares conjuntos no porto sírio de Tartus - Sputnik Brasil
Marinheiros russos e sírios participam de exercícios militares conjuntos no porto sírio de Tartus

De acordo com fontes abertas, depois da reconstrução, no porto poderão entrar navios de primeira e segunda classe, bem como barcaças de grande tonelagem e submarinos, inclusive nucleares. É evidente que uma infraestrutura dessas deve ser bem protegida, o que por sua vez significa que a Tartus podem ser enviadas forças adicionais de defesa antiaérea, tropas de defesa costeira e destacamentos de fuzileiros navais.

Quanto à base aérea de Hmeymim, esta já representa uma instalação sólida. Durante os últimos dois anos, os militares russos se estabeleceram em Latakia, o acampamento de barracas perto das pistas de pouso e decolagem se transformou em uma verdadeira pequena cidade. Na base há armazéns de munições e combustível, postos de reabastecimento e reparação de material, postos de alimentação modernos, banheiros e lavandarias, fábricas de pão, postos de assistência médica, entre outras instalações. A base está cercada por uma linha de defesa considerável que consiste de sistemas de defesa antiaérea modernos e de guerra eletrônica.

© Foto / Ministério da Defesa da RùssiaDia-a-dia na Base Aérea da Rússia na Síria (foto de arquivo)
Dia-a-dia na Base Aérea da Rússia na Síria (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
Dia-a-dia na Base Aérea da Rússia na Síria (foto de arquivo)

Outro especialista militar russo, Anatoly Tsyganok, explicou qual é a vantagem destas bases russas na Síria para além da geopolítica e do aspecto militar:

"Elas [bases] irão favorecer o desenvolvimento da cooperação entre a Rússia e a Síria. Primeiro, os nossos soldados e oficiais ajudarão o governo do país a neutralizar minas em seu território. Segundo, eles vão treinar os militares sírios, ajudá-los a conhecer o equipamento e material bélico de produção russa. Quer dizer, os militares terão ainda muito trabalho na área. Até mesmo sem guerra."

Flanco sul

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Aliás, a geopolítica também é muito importante. O Oriente Médio continua sendo uma zona de interesses dos EUA e seus aliados da OTAN. Sendo assim, o surgimento de mais um ator na região não agrada aos representantes da Aliança Atlântica que, por sua vez, repetidamente expressaram preocupações por a Rússia poder aumentar sua presença militar ainda mais. Pois, Moscou possui realmente essa possibilidade.

"Vale destacar que Hmeymim é uma base bastante desenvolvida, capaz de aceitar todos os tipos de aviões, não apenas caças, mas também, bombardeiros de longo alcance, como o Tu-22M3, ou até os portadores de mísseis estratégicos Tu-95 e Tu-160. Assim, a Rússia é capaz de repelir ameaças de diferentes tipos. Os mísseis de cruzeiro de baseamento aéreo Kh-101 poderão alcançar qualquer alvo na região, o mesmo é válido para os mísseis Kalibr de baseamento naval. Por um lado, tomamos sob controle todo o Oriente Médio. Por outro, defendemo-nos de ameaças que podem surgir nos flancos sul da OTAN. É uma combinação exclusivamente vantajosa", explicou à Sputnik Igor Korotchenko, o editor-chefe da revista Defesa Nacional.

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