Americanos e seus aliados batem recorde de mortes civis em operação na Síria

© REUTERS / StringerFumaça após ataques aéreos da coalizão liderada pelos EUA contra militantes do Daesh em Kirkuk
Fumaça após ataques aéreos da coalizão liderada pelos EUA contra militantes do Daesh em Kirkuk - Sputnik Brasil
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Enquanto a delegação estadunidense na ONU manifesta seu descontentamento em relação ao veto russo contra o projeto de resolução do Conselho de Segurança que condena o presidente sírio Bashar Assad, as maiores edições americanas começaram a falar abertamente sobre as vítimas da operação antiterrorista dos EUA.

Em um artigo para a Sputnik, o colunista Avigdor Eskin observa que isso começou ainda no verão, quando a revista Newsweek publicou uma matéria intitulada "Combatendo o Daesh, Trump já matou mais civis que Obama".

Citando fontes britânicas, a edição comunicou que, entre outubro de 2014 e o verão de 2017, morreram mais de 5 mil civis na sequência da operação da coalizão internacional encabeçada pelos EUA contra o Daesh, (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países).

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Esta publicação, frisa o autor, era abertamente dirigida contra o atual presidente dos EUA, Donald Trump, pois nela se assinalava constantemente que "após a saída de Obama, as ações da coalizão passaram a ter um caráter ainda mais duro", atingindo um desenfreio descontrolado de violência.

Entretanto, se o artigo da Newsweek foi apenas um impulso para as futuras discussões acadêmicas das atividades militares estadunidenses, uma extensa matéria que surgiu na sexta (17) nas páginas do New York Times, intitulada "The uncounted" (Os não calculados), provocou um verdadeiro escândalo, assinala Eskin.

Como se costuma fazer em todos os "long reads" contemporâneos, a matéria se baseia na história de um habitante de Mossul, Basim Razzo, que perdeu toda a sua família na sequência de um assalto estadunidense contra a cidade. O próprio Basim, antes disso, tinha morado nos EUA por vários anos, enquanto um dos seus parentes é professor na Universidade de Yale.

O colunista da Sputnik compara esta história trágica com a retórica antimilitarista da mídia na época da Guerra do Vietnã.

Basim Razzo e seus familiares parecem estar se preparando para um grande processo judiciário nos EUA, com grandes indenizações, dados os precedentes da guerra no Iraque, quando as vítimas dos bombardeios americanos recebiam grandes somas de dinheiro do governo dos EUA.

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Ademais, a investigação do NYT revela que, durante as ações militares contra o Daesh e outros grupos terroristas no Iraque e na Síria, os americanos e seus aliados efetuaram 27.500 ataques aéreos. Enquanto isso, o comando dos EUA afirma que faz todo o possível para aumentar a precisão dos ataques.

Assim, conforme os dados oficiais, apenas 89 dos 14.000 ataques aéreos no Iraque afetaram a população civil. Já as "provas no terreno" obtidas por jornalistas americanos que visitaram 150 locais de bombardeios mostraram que "os ataques são muito menos precisos do que se tenta apresentar".

"Revelamos que um em cada cinco ataques da coalizão provocou a morte de civis. Este número é 30 vezes superior ao que a BBC comunica", escrevem os jornalistas.

Entretanto, vale ressaltar também que os próprios terroristas costumam se aproveitar da população civil como "escudo humano".

"Isto é algo que as tropas regulares da Síria enfrentam todos os dias (recordemos a prolongada histeria da mídia ocidental aquando da expulsão de terroristas de Aleppo). Os israelenses também encararam este problema durante as operações na Faixa de Gaza. Este dilema surge cada vez que os terroristas começam a disparar a partir de janelas de hospitais e mesquitas, a atacar as posições do exército a partir de infantários. Quando se faz um ataque de resposta, morrem pessoas inocentes — porque, se não houver ataque, elas também morrerão", afirma o jornalista da Sputnik.

Entretanto, a mídia americana nunca chegou a atribuir tantas vítimas às operações russas como atribui agora aos seus "próprios" bombardeios.

"Vemos que os americanos e seus aliados estão buscando por qualquer pequeno erro nas ações da Força Aérea da Rússia na Síria. Mas será que chegou o tempo de aprender com seus próprios erros?", se pergunta o jornalista.

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