Armas norte-americanas estariam prestes a ser derramadas no Vietnã?

© AFP 2023 / HOANG DINH NamSolados do exército do Vietnã durante desfile militar
Solados do exército do Vietnã durante desfile militar - Sputnik Brasil
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A viagem de Donald Trump pela Ásia chegou ao fim. Apesar das preocupações com o problema norte-coreano, a meta principal do presidente norte-americano era melhorar as relações comerciais e econômicas entre os EUA e a região.

E não é por acaso. Dos cinco países visitados por Trump, EUA possuem um déficit comercial considerável com quatro deles. Em se tratando do Vietnã, este déficit equivale a US$ 32 bilhões (R$ 106 bilhões). Para reduzi-lo, os EUA devem vender muito mais para o país asiático.

Não é segredo que armas são um dos produtos mais caros do mundo. Sendo assim, Trump ofereceu ao premiê vietnamita Nguyen Xuan Phuc mísseis norte-americanos e outros materiais bélicos, frisando que os EUA "fabricam os maiores mísseis do mundo".

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Aparentemente, não há nenhuma barreira para aperto de mãos e venda de armas para o Vietnã. O ex-presidente dos EUA, Barack Obama, cancelou o embargo de armas letais ao Vietnã. Além do mais, os dois países estão prontos para reforçar a colaboração no âmbito de defesa, o que os presidentes dos EUA e do Vietnã confirmaram em comunicado conjunto. A relação aproximada será vista por todos com a primeira visita do porta-aviões norte-americano ao porto vietnamita, Cam Ranh, agendada para 2018.

Armas norte-americanas estariam prestes a ser derramadas no país asiático? A Sputnik Vietnã entrevistou especialistas russos e vietnamitas quanto à questão.

"Esperanças de que os EUA ajudem o Vietnã a proteger sua soberania sobre as ilhas no mar do Sul da China são ilusórias até demais. Durante sua visita, Donald Trump tentou mais impressionar Xi Jinping, ele está mais ocupado com relações comerciais entre a China e os EUA. Contudo, o exemplo com as Filipinas, o principal parceiro militar dos EUA no Sudeste Asiático, demonstra como Washington trata seus sócios. Hoje em dia, o governo das Filipinas está executando uma luta encarniçada contra terroristas, e quando o país pediu aos EUA assistência militar, os norte-americanos se recusaram. A assistência veio da Rússia", explicou Vladimir Kolotov, especialista em ciências políticas e professor da Universidade Estatal de São Petersburgo.

"Os últimos eventos provam que em muitos casos, o movimento internacional terrorista é equipado com armas ocidentais. Os EUA utilizam estes terroristas para promover seus interesses por todas as regiões do mundo, dominadas pelo caos. Há pouco que o Sudeste Asiático era uma região tranquila, o que criou condições para seu crescimento econômico. No momento, das Filipinas a Mianmar, os governos estão lutando contra terroristas. A região tinha iniciado um período longo de instabilidade, os EUA são a favor da expansão de limites dessa instabilidade e, claro, buscam vender armas", acrescenta o especialista.

Contudo, assinalou Kolotov, os países que compraram armas norte-americanas (Coreia do Sul, Taiwan e Japão), não conseguiram diminuir a instabilidade na região, já que os "problemas de segurança no Sudeste Asiático não dependem da quantidade de armas compradas dos EUA".

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O especialista falou sobe a estratégia da Rússia, mostrando o outro lado da moeda.

"A Rússia quebra o pescoço do terrorismo, o que já foi demonstrado na Síria, onde a Força Aeroespacial russa está lutando contra o Daesh [organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países] com êxito. Pois, os que desejam eliminar a ameaça terrorista compram armas russas. Os que perdem e estão envolvidos em corrupção compram armas norte-americanas."

Além disso, Kolotov recorda que as armas ocidentais são equipadas com sistemas de vigilância escondidos, o que já foi demonstrado durante ações militares no Iraque e Iugoslávia.

O especialista militar vietnamita, major-general Le Van Cuong, também opinou quanto à diferença entre as armas norte-americanas e soviéticas, e também, norte-americanas e russas.

"Durante ações militares foram reveladas que armas norte-americanas são piores […] do que as soviéticas, além disso, elas são muito mais caras. O exército do Vietnã, em geral é equipado com armas soviéticas e russas […] Hoje em dia, o país está realizando a modernização de seu exército, em meio ao processo, uma quantidade limitada de armas norte-americanas modernas pode ser comprada. Não se trata de fornecimento maciço, o Vietnã permanece fiel às armas russas", afirmou à Sputnik Vietnã o major-general.

Outro analista, especialista em história e política Vu Minh Giang, também acredita que por enquanto a compra de armas norte-americanas de grande escala não faz parte da prioridade da política vietnamita.

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"É uma arma muito cara, e a economia vietnamita não aguenta esta corrida armamentista, também, não é a melhor forma de reforçar a defesa do país."

O especialista frisou que o Vietnã encontra a solução desta questão no desenvolvimento de colaboração abrangente com os países do Círculo do Pacífico: China, EUA, Rússia, Índia e em círculos diplomáticos para resolução de conflitos.

No que se refere à visita do porta-aviões norte-americano, a especialista a qualifica como uma demonstração de laços militares múltiplos do Vietnã. Pois, navios de outros países, incluindo os da Rússia e China, entram no porto Cam Ranh. Contudo, o fortalecimento destes laços não descarta os princípios da política vietnamita, que não visa participar de alianças contra países terceiros, ressaltou Vu Minh Giang.

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