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Rede Globo pagou propina à FIFA para ter direitos de TV, diz ex-executivo argentino

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Um ex-executivo que fechou um acordo judicial com procuradores dos EUA disse nesta terça-feira, em um julgamento envolvendo a corrupção na FIFA e que acontece em Nova York, que grandes empresas de mídia, incluindo a Rede Globo, pagaram subornos para garantir direitos de televisão para jogos de futebol.

Alejandro Burzaco, ex-presidente de uma empresa argentina de marketing esportivo, declarou-se culpado em novembro de 2015 pelos crimes de extorsão, fraudes eletrônicas e lavagem de dinheiro, e concordou em pagar US$ 21,6 milhões em restituição pelas atitudes ilegais.

Em um tribunal federal dos EUA, ele detalhou como sua empresa Torneos y Competencias S.A. por mais de uma década pagou milhões de dólares em subornos aos executivos da Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL) para garantir direitos de televisão para os principais torneios.

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Os subornos eram comuns, disse ele. A Fox Sports, parte da 21st Century Fox, a Rede Globo do Brasil, o grupo argentino Full Play, a firma mexicana Televisa, e o MediaPro da Espanha foram os que pagaram — todos os parceiros da Torneos y Competencias, disse Burzaco.

Os subornos foram enviados por transferência bancária para contas bancárias suíças ou dinheiro "em sacos ou envelopes", acrescentou Burzaco.

O ex-presidente Julio Grondona, ex-chefe de finanças da Fifa e presidente da Associação Argentina de Futebol, e o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, receberam "tratamento presidencial", afirmou.

Eles foram levados por jato particular, com "três ou quatro Mercedes" estacionados na pista de atletismo pronto e esperando na chegada à sede da CONMEBOL.

"Eles tiveram tratamento presidencial ou diplomático ou real", declarou Burzaco. "Como um dignitário especial, não havia alfândega, nem imigração", disse ele.

O julgamento da corrupção da FIFA começou segunda-feira, dois anos e meio depois que os Estados Unidos apresentaram o maior escândalo de enxertos na história do futebol mundial.

Três réus da América do Sul são acusados de confrontos de extorsão, fraudes eletrônicas e lavagem de dinheiro. O brasileiro José Maria Marin, que sucedeu a Teixeira na CBF, é um deles, ao lado do ex-vice-presidente da FIFA, Juan Angel Napout, eleito presidente da CONMEBOL em 2014, e Manuel Burga, que liderou o futebol no Peru até 2014.

Eles são apenas três dos 42 funcionários e executivos de marketing, para não mencionar três empresas, indiciadas em uma queixa exaustiva de 236 páginas detalhando 92 crimes separados e 15 esquemas de corrupção no valor de US$ 200 milhões.

Os advogados de defesa admitem corrupção generalizada na FIFA, mas dizem que não há evidências de que seus clientes estavam envolvidos e tentarão desacreditar as testemunhas governamentais que provavelmente incluirão aqueles que cortaram acordos de negociação de argumentos no caso.

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O julgamento deve durar cinco a seis semanas, e os promotores devem apresentar centenas de milhares de páginas de evidências e dezenas de testemunhas. Se forem condenados por um júri, eles podem pegar até 20 anos de prisão para as ofensas mais graves.

Rede Globo nega irregularidades

A Rede Globo negou as irregularidades apontadas pelo ex-executivo argentino. Em nota, a emissora declarou que "o Grupo Globo afirma veementemente que não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina. Esclarece que, após mais de dois anos de investigação, não é parte nos processos que correm na Justiça americana. Em suas amplas investigações internas, apurou que jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos".

Ainda de acordo com a emissora, "o Grupo Globo se surpreende com o relato envolvendo o ex-diretor da Globo Marcelo Campos Pinto. O Grupo Globo deseja esclarecer que Marcelo Campos Pinto, em apuração interna, assegurou que jamais negociou ou pagou propinas a quaisquer pessoas. O Grupo Globo se colocará plenamente à disposição das autoridades americanas para que tudo seja esclarecido. Para a Globo, isso é uma questão de honra. Os nossos princípios editoriais nem permitiriam que seja diferente. Mas o Grupo Globo considera fundamental garantir aos leitores, aos ouvintes e aos espectadores que o noticiário a respeito será divulgado com a transparência que o jornalismo exige".

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