'Salvar o mundo da guerra': espião legendário conta sobre tarefas da Inteligência russa

© AP Photo / StringerGeorge Blake, agente do Serviço de Inteligência Estrangeiro da União Soviética
George Blake, agente do Serviço de Inteligência Estrangeiro da União Soviética - Sputnik Brasil
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Agentes secretos russos deverão salvar o mundo diante da nova ameaça de guerra nuclear, acredita o legendário espião da União Soviética, George Blake, que neste sábado (11) completa 95 anos.

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"Minha biografia é conhecida para muitos. Em minha opinião, sua especialidade é que as principais etapas da minha vida são relacionadas com escolhas importantes. Escolha de uma posição que em condições difíceis e contraditórias são ditadas pela própria história", assinalou Blake, citado pela agência de imprensa do Serviço de Inteligência Estrangeiro russo (SVR).

"Após o fim da Segunda Guerra Mundial, eu, sendo agente da Inteligência britânica, fui um dos maiores adversários da Rússia, minha atual pátria. Logo depois, na minha biografia ocorreu a terrível Guerra da Coreia. Eu a vi de frente, incluindo corpos de civis deste país que sofreram muito, mortos pela máquina militar norte-americana. Desde então, percebi que tais conflitos levam perigo mortal para toda a humanidade, e tomei a decisão mais importante da minha vida, comecei a colaborar com a Inteligência soviética a fim de proteger a paz mundial", escreve o ex-agente.

© AP PhotoGeorge Blake, agente do Serviço de Inteligência Estrangeiro da União Soviética
George Blake, agente do Serviço de Inteligência Estrangeiro da União Soviética  - Sputnik Brasil
George Blake, agente do Serviço de Inteligência Estrangeiro da União Soviética

Blake apelou a seus colegas do serviço, pincipalmente aos funcionários mais jovens.

"Perante vocês, há uma missão difícil que exige imensa responsabilidade: salvar o mundo em uma situação, que o perigo de guerra nuclear associada à autodestruição da humanidade, é novamente colocado na programação por políticos irresponsáveis. Quando o terrorismo se ergueu e vem deixando suas marcas por vários cantos de nosso planeta. A verdadeira guerra entre o Bem e o Mal está em curso", assinalou o agente legendário.

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"Acredito em vocês e em seu profissionalismo, que servem honestamente à nossa causa comum. Acredito em vitória final sobre o inimigo infame. Esta fé me dá forças vitais", acrescentou Blake. 

Ele agradeceu a chefia do SVR, seus colegas pela "amizade longa e fiel, carinho, atenção e compreensão".

"A Rússia virou minha segunda Pátria. Os russos têm uma expressão ótima que a 'paz esteja com você'. Eu gostaria muito que a paz esteja comigo, aliás, conosco", escreve o agente. 

Blake recebeu também parabéns por parte do diretor do SVR, que frisou suas grandes qualidades como um agente, e como uma pessoa ordinária.

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Em outubro de 1948, Blake foi nominado como residente do Serviço de Inteligência britânica (SIS) na capital da Coreia do Sul, Seul. Ele foi responsável pela recolha de informações sobre várias regiões da União Soviética. Com o início da guerra na Coreia, Seul foi ocupado pelas tropas norte-coreanas. Blake, como representante das forças inimigas, foi detido e enviado ao campo. Em 1951, por meio de um oficial coreano, ele entregou à embaixada soviética uma carta, pedido para organizar um encontro com o representante do Serviço de Inteligência Estrangeiro. Durante aquele encontro, Blake ofereceu sua colaboração aos serviços soviéticos e informou dados valiosos sobre serviços britânicos. 

Depois da trégua ter sido assinada em 1953 na Coreia, Blake regressou a Londres e continuou trabalhando na sede do SIS. Foi responsável pela espionagem secreta no exterior. Blake entregava as revisões de inteligência do Ministério Militar do Reino Unido e os dados sobre conhecimento que os britânicos e norte-americanos tinham sobre os segredos militares da União Soviética. 

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Em dezembro de 1963, SIS e CIA norte-americana resolveram iniciar as construções de um túnel até as linhas de comunicações das tropas soviéticas na Alemanha. Blake entregou estas informações à União Soviética, fazendo com que em 1956 os serviços de inteligência russos realizassem uma operação "por acaso" descobrindo o túnel em Berlim, o que por sua vez, tinha um efeito político significante. 

Devido à traição de um funcionário dos serviços da Inteligência polonesa que comunicou à CIA informações sobre o agente soviético dentro do SIS, em 1961 Blake que estava em Beirute em mais uma operação secreta, foi instruído a retornar a Londres para "mais uma missão". Na sede do SIS, ele foi interrogado, depois processado. O juiz condenou o agente a 42 anos de prisão. Após quatro anos de prisão, foi organizada a fuga de Blake que com ajuda de seus amigos, conseguiu chegar a Moscou em 1955, onde mora até este momento. 

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