Como as sanções antirrussas afetam interesses dos EUA

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A partir do fim de janeiro de 2018, empresas energéticas e várias outras companhias norte-americanas, bem como pessoas físicas, não poderão assinar acordos com estruturas de negócio onde predominem empresas ou cidadãos russos incluídos na lista de sanções.

As restrições abrangem projetos de extração em grande profundidade, árticos e de xisto. No entanto, em perspectiva de longo prazo, apontam os analistas, os interesses da Rússia não serão muito prejudicados, enquanto as capacidades para negócios dos EUA no mundo vão diminuir.

Não se pode cooperar com os russos

Segundo afirma o comunicado do Escritório de Controle da Ativos Estrangeiros dos EUA, os cidadãos norte-americanos não podem realizar fornecimento, exportações, reexportações e cedência de tecnologias de exploração e extração para projetos de grande profundidade, árticos e de xisto.

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A diretiva publicada no site da entidade detalha as restrições introduzidas ainda em 2014.

"As pessoas físicas e empresas americanas não poderão participar de projetos em que as empresas ou pessoas da lista de sanções representam 33% ou mais, ou se tal empresa ou pessoa tiver a maioria dos votos na tomada da decisão nesse projeto", explicou Alexis Rodzianko, presidente da Câmara de Comércio dos EUA na Rússia.

Quando esta diretiva entrar em vigor, as empresas e homens de negócios americanos em qualquer parte do mundo terão que verificar de cada vez os projetos para ver se correspondem a todas as exigências das novas restrições, mesmo que estes possam ser muito atraentes e lucrativos para eles, frisou Rodzyanko.

As empresas energéticas americanas que trabalham na Rússia não se mostraram muito dispostas a comentar a nova medida restritiva dos EUA. Assim, na Shell declararam que por enquanto não podem falar do efeito das sanções para a sua empresa, mas eles vão continuar trabalhando conforme suas obrigações contratuais e em pleno cumprimento das medidas restritivas.

Texas está calculando as perdas

A gigante petrolífera dos EUA ExxonMobil, com sede no Texas, está na lista das empresas que atravessam as consequências mais sérias das sanções antirrussas por parte do seu governo.

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Em 2012, a ExxonMobil, segundo o acordo de cooperação estratégica com a Rosneft, teve acesso às explorações do petróleo no Ártico russo e à perfuração com uso de novas tecnologias na Sibéria e no mar Negro. No entanto, em 2014, com as primeiras restrições a Rosneft entrou na lista de sanções e a ExxonMobil enfrentou um problema. Rex Tillerson, secretário de Estado dos EUA, na época era chefe da ExxonMobil e pediu a Barack Obama permissão de finalizar as obras de exploração.

O pedido foi satisfeito, mas um mês depois a ExxonMobil, concluindo os trabalhos, abandonou o projeto. Naquele tempo, Rex Tillerson foi um dos críticos mais severos das sanções antirrussas que, segundo dele, não são eficazes e causam danos significativos. Em 2015, a ExxonMobil afirmou que suas perdas potenciais em caso de suspenção da cooperação com Rosneft podem atingir um bilhão de dólares.

Durante os últimos três anos, a gigante americana tentou encontrar um jeito para continuar a cooperação com Rosneft e até conseguiu obter uma autorização especial, mas com a chegada da nova administração a ExxonMobil perdeu todas as chances de continuar os negócios com a petrolífera russa.

Trata-se de bilhões

Segundo estimativas de vários analistas, a perda total da ExxonMobil com as sanções antirrussas supera um total de quatro bilhões e, de acordo com Dmitry Abzalov, presidente do Centro das Comunicações Estratégicas, pode atingir não apenas empresas americanas.

"O sistema é assim: sua aplicação pode muito facilmente se espalhar a outras empresas externas, em primeiro lugar europeias, que muito frequentemente são refinanciadas no mercado financeiro norte-americano", aponta Dmitry Abzalov.

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O primeiro projeto que pode ser afetado por essa nova medida é o Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2), o que faz a Alemanha ficar muito preocupada. Conforme Abzalov, apenas uma Europa unida pode fazer frente a Washington para defender seus interesses nacionais, mas, levando em consideração as divergências que reinam na União Europeia, é bem difícil falar de qualquer possibilidade de resistência.

Novas possibilidades à vista

Para os analistas, os problemas que pode enfrentar a Rússia são de curto prazo, pois isto no futuro dará um impulso para o crescimento das competências da Rússia nessa área.

No que diz respeito aos próprios EUA, suas ações fazem com que não apenas Moscou, mas também outros comecem olhando para a cooperação com, por exemplo, a China e Índia. Os EUA se comportam como se fossem cedendo seu nicho nos negócios globais aos seus rivais estratégicos.

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Outro fruto da política dos EUA pode se tornar a criação de um mercado financeiro alternativo que poderá concorrer com a hegemonia do dólar. Trata-se em primeiro lugar da transição para pagamentos em yuan, uma proposta feita pela China e apoiada por Caracas.

Até o supremo líder iraniano, aiatolá Khamenei, durante seu encontro com Vladimir Putin, afirmou que os dois países podem repelir as sanções americanas e substituir o dólar pelas moedas nacionais nas operações bilaterais e multilaterais.

Parece que o poder do dólar pode ser abalado. Quando? É só uma questão de tempo, porque a política de sanções dos EUA apenas favorece este processo, resume colunista da Sputnik, Vladimir Ardaev.

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