Ataques terroristas nos EUA são fruto da sua própria política?

© AP Photo / Hussein MallaFumaça liberada após um ataque aéreo da coalizão internacional em Raqqa (foto de arquivo)
Fumaça liberada após um ataque aéreo da coalizão internacional em Raqqa (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Em 31 de outubro de 2017, no Dia das Bruxas nos EUA, uma caminhonete invadiu a ciclovia em um bairro da cidade de Nova York matando pelo menos 8 pessoas. Os especialistas estadunidenses explicam o que poderia ter provocado o incidente e como Washington pode evitar tais tragédias no futuro.

O atentado, efetuado por um homem de 29 anos e de nacionalidade uzbeque (supostamente relacionado com o Daesh, organização terrorista proibida na Rússia e vários outros países), encaixa na linha de toda uma série de atropelamentos mortais em várias partes do mundo, inclusive na Europa.

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Michael Krona, investigador de políticas midiáticas do Daesh e da propaganda terrorista, acredita que o número de ataques desse tipo ainda aumentará no futuro.

"Do ponto de vista prático, é impossível entender como é que a gente pode se defender de ataques que envolvem automóveis. Eles [carros] são parte da nossa vida cotidiana. Temos que nos concentrar em tentativas de minimizar os riscos de tais ataques. Não é preciso nos focarmos apenas nos veículos de transporte como meios, mas devemos nos focar em como prevenir os casos em que as pessoas simpatizam com essas ideologias… em impedir a radicalização e o recrutamento", disse o especialista à Sputnik Internacional.

Entretanto, Krona comentou o relacionamento entre o Daesh, que até agora ainda não reivindicou este ataque, e o próprio agressor que proclamou sua fidelidade à organização.

"O Daesh como organização é muito cauteloso e trata de forma estratégica a reivindicação dos ataques. Houve apenas alguns casos, mas houve, quando eles reivindicaram um ataque que não estava relacionado com eles… Isto não quer dizer que o Daesh tenha coordenado este ataque, pois nunca se pode saber nestes casos de terroristas solitários se eles atuavam por si mesmos ou faziam parte de uma organização. Em qualquer caso, o maior problema é que o Daesh e outros agrupamentos jihadistas difundem suas ideias do modo muito inteligente, inspirando as pessoas a efetuarem tais ataques", continuou.

Outro especialista, John Kiriakou, ex-agente da CIA e um dos locutores do programa Loud & Clear da Sputnik, expressou, por sua vez, uma ideia bem ousada: de que a culpa de tais atentados cabe aos próprios EUA.

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"Acho que uma das razões para o mundo ter tantos terroristas que nos querem prejudicar é que atacamos seus países e povoados com nossos drones. Eu posso dizer pela minha própria experiência, eu interroguei muitos terroristas, e estes dizem que não tinham tido muitos problemas com os EUA até que começamos bombardeando seus povoados, matando seus irmãos e irmãs, destruindo as infraestruturas de seus países", manifestou.

Quanto às medidas que Trump planeja reforçar na sequência do ataque, isto é, restringir a entrada de refugiados ao território estadunidense, o especialista observou que isto ajudaria um pouco, porém, afetaria também outras pessoas que não têm nada a ver com os países islâmicos, pois a maior migração para os EUA vem da Irlanda, Reino Unido e Canadá.

"Eu não sei se ainda resta algo para fazer por parte das forças de segurança e serviços secretos. [A iniciativa] deve provir dos políticos. Temos que fazer algo com os ataques de drones. Temos que fazer algo com nossa política externa que, digamos a verdade, não pode ser caracterizada como imparcial e é injusta em relação a muitas pessoas. No que se trata da reação imediata, acho que o Congresso é o órgão que deve introduzir emendas na linha política, se planejarmos mudar algo. Caso contrário, o FBI, a CIA e o Departamento de Segurança Nacional estarão perseguindo pessoas por todo o país", confessou Kiriakou.

Danny Shaw, professor da Universidade da Cidade de Nova York, concordou que tais ataques são fruto da política internacional de Washington.

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De acordo com ele, o secretário de Estado, Rex Tillerson, e o chefe do Pentágono, James Mattis, "se manifestaram a favor de continuar o programa global, no âmbito do qual os EUA podem ir aonde quiserem, acusarem quem quiserem de terrorista e invadirem [qualquer país que quiserem]".

Ele também relembrou o caso dos irmãos Tsarnaev, responsáveis pelos atentados da maratona de Boston em 2013:

"Eles disseram que foram radicalizados, mas não pelo Daesh, mas pela política externa estadunidense no Iraque e no Afeganistão. Enquanto continuar o genocídio, a recolonização e a invasão na Líbia, Síria, Iraque, Afeganistão e Palestina, devemos esperar que este bumerangue colonial de violência volte contra nós mesmos."

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