Quem será responsável pelas ações autônomas dos robôs?

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A capacidade dos robôs e outras formas de inteligência artificial de tomar decisões de maneira autônoma levanta uma série de questões sobre as implicações morais e a responsabilidade por suas ações.

Um veículo automático com um passageiro a bordo transita pela beira de um precipício. De frente, está se aproximando um carro normal com uma família de cinco pessoas. O automóvel inteligente tem a capacidade de analisar a situação e decidir o que fazer perante o risco iminente de colisão. Se chocarem, as possibilidades de que morrerão as seis pessoas são altas.

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Caso avance para o precipício, a vida de uma família inteira será salvada, mas a pessoa que estava dentro do automóvel inteligente morrerá.

Que decisão tomará o carro robótico? Devido ao avanço da inteligência artificial na vida cotidiana, situações como esta estão mais próximas do que pensamos.

"Como atuarão normalmente as máquinas para tomar decisões quando puderem ter essa capacidade de cálculo? Quem será responsável pelos erros nas decisões tomadas por uma máquina? É uma área que está em desenvolvimento. Há até grupos de juristas que estão analisando esses novos horizontes", disse o especialista argentino em robótica, Gonzalo Zabala, à Sputnik Mundo.

Em direito, os debates em torno deste tema não têm uma resposta. Atualmente, a responsabilidade recai sobre as empresas, mas à medida que a inteligência artificial está aumentando suas capacidades de tomar decisões por si mesma, o vazio jurídico está se tornando mais evidente.

Zabala citou o site da Moral Machine do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), EUA, que apresenta aos internautas diferentes situações conflituosas que mostram a dificuldade de julgar moralmente decisões de veículos inteligentes.

De acordo com o site do projeto, o objetivo não é apenas entender como os seres humanos tomam decisões, mas entender de maneira mais clara como entendem a inteligência artificial, que está tornando-se cada mais importante hoje em dia.

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Os serviços de assistência aos clientes estão sendo substituídos por "chat bots", programas capazes de manter uma conversa. Os aplicativos de tradução, que reconhecem a linguagem natural, ou os de navegação por satélite, que podem detectar engarrafamentos em uma cidade se baseando na informação de seus usuários, são uma realidade que as pessoas trazem nos seus bolsos.

Com base em algoritmos e dados disponíveis na internet, a aprendizagem automática, ou "machine learning", mudou o enfoque da inteligência artificial. As informações obtidas pelas máquinas lhe dão a capacidade de tomar decisões com base nas suas experiências.

Segundo o especialista, encontrar essas soluções implica fazer uma reflexão que tenha em conta a complexidade da inteligência humana. Os diferentes tipos de inteligência humana e outros mecanismos da nossa mente são importantes nesse processo.

"Quando olhamos aos sistemas, ou como fazer uma máquina inteligente, refletimos sobre nossa própria inteligência e os mecanismos que temos, como, por exemplo, a aprendizagem", explicou Zabala.

De acordo com o especialista, a inteligência artificial "não é perigosa em si mesma", o problema é que a valorização se baseia nos usos que se lhe dá, o que "determinará sua perigosidade ou não".

O especialista citou o exemplo da energia nuclear. Por um lado, os bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki em 1945 resultaram em uma enorme quantidade de mortes. Mas, por outro lado, a geração de energia e seu uso médico são boas práticas baseadas na tecnologia nuclear.

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Mais um problema ligado à inteligência artificial é a perda de postos de trabalho.

"Um dos planos da humanidade no qual terá um impacto terrível é o tema do trabalho, não apenas a inteligência artificial, mas todas as tecnologias que estão impactando nele", disse Zabala.

Em 2050, estima-se que as fábricas estejam robotizadas a um nível superior a 90%. Entretanto, o especialista sublinhou que o mundo já enfrentou o problema da introdução de novas tecnologias e a perda de empregos. Embora muitos postos de trabalho tenham desaparecido devido ao surgimento da tecnologia, surgiram novos empregos, "de nível superior".

"Já recebemos os benefícios da tecnologia e não só nas classes sociais superiores ou nos países do primeiro mundo: em todo o planeta as pessoas não trabalham em condições iguais às de 50 ou 100 anos atrás nem trabalham as mesmas horas", disse o especialista.

Para Zabala, os robôs não são a principal ameaça para a humanidade. Pelo contrário, as próprias pessoas e seu nível "delirante" de consumo e produção constituem uma ameaça concreta no curto prazo.

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