Especialista: Donald Trump esqueceu que latino-americanos não gostam de pressão externa

© REUTERS / Palácio MirafloresNicolás Maduro, presidente da Venezuela
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela - Sputnik Brasil
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Apesar de a Venezuela continuar vivendo em condições de fortes protestos, a popularidade de Maduro não cai e até aumenta.

Como aconteceu que as sanções passaram a favorecer a reputação política de Maduro? Viktor Jeifets, da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade Estatal de São Petersburgo e especialista em assuntos latino-americanos, esclarece a situação no ar serviço russo da Rádio Sputnik.

"Eu acho que, introduzindo sanções, as autoridades norte-americanas, inclusive Donald Trump, não levaram em consideração as peculiaridades da mentalidade da maioria dos latino-americanos: eles não gostam de pressão externa. Eles podem não gostar do seu governo, mas eles não gostam de ser pressionados", explicou o especialista.

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Ele frisou que alguma parte da oposição venezuelana até condenou a declaração de Trump sobre a possibilidade de uma solução militar da crise na Venezuela.

"Não me lembro de nenhum caso em que sanções tenham favorecido a mudança do poder em qualquer país. Além disso, não se trata de sanções da ONU, são sanções unilaterais que são consideradas como pressão", diz Jeifets.

No entanto, 23% ainda é pouco, é suficiente para que o governo continue numa posição minimamente estável, mas não é bastante a para realização das reformas sérias, destacou o especialista.

Falando da possibilidade de realização de tais reformas, ele a descartou. "Não há possibilidades financeiras, no país é registrado um alto déficit de moeda forte, e temo que também de vontade política. Não se pode falar de reformas estruturais", afirma Jeifets.

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No entanto, de uma posição bastante sólida de Maduro no poder falam suas visitas ao estrangeiro (em agosto ele visitou Cuba e em 4 de outubro planeja se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou), que ainda alguns meses atrás ele não podia realizar, pois não se sabia se ele conseguia voltar à Venezuela.

Em Moscou, segundo o próprio presidente venezuelano, ele pretende discutir a "cooperação financeira". Viktor Jeifets explica que se trata, primeiro, de investimentos russos nas áreas petrolíferas e, segundo, talvez Nicolás Maduro pretenda negociar empréstimos.

No que diz respeito à agenda internacional, especialmente ao referendo realizado na Catalunha em 1 de outubro, que é considerado como ilegal pelas autoridades espanholas, Maduro fez uma declaração bem provocativa: ele apelou ao povo catalão para fazer frente à Espanha.

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"Foi uma ação insensata. Não posso dar conselhos a presidentes, mas neste caso já se trata de intervenção nos assuntos internos da Espanha", salienta o especialista apontando que, para um presidente cujo país atravessa tal situação, primeiro ele deve se ocupar dos assuntos internos do seu país.

Voltando com isso ao assunto da Venezuela, Viktor Jeifets sublinha que, infelizmente, a situação negativa permanecerá por muito tempo, mesmo se a oposição chegar ao poder.

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