Falando se é fácil continuar obras iniciadas por outros especialistas, Uvarov destacou, dando como exemplo Busher (usina nuclear iraniana construída com apoio da Rússia), que não é uma tarefa fácil, porque começar do zero é sempre melhor.
"A tecnologia e a documentação são diferentes. Para além disso, antes de começar a continuação das obras é necessário verificar o que já existe, pode ser que alguma coisa tenha que ser substituída. É bem difícil", explica Uvarov.
Se isto é bem problemático, surge a questão: para que fins continua a Rússia interessada em projetos semelhantes?
Em caso especifico do Brasil, esclarece Uvarov, a Rosatom pode participar na continuação das obras e até ganhar lucro com esta cooperação.
"Acho que o problema principal [do Brasil] não é o projeto, equipamento e até dinheiro. Acho que eles simplesmente desaprenderam de construir usinas nucleares. Eles precisam de alguém que chegue e diga: 'Você tem de fazer assim e assim'", opina o especialista russo.
"Como faz a China, por exemplo, na Argentina. Eles dizem 'nós damos dinheiro para vocês poderem construir a usina, mas a próxima já será construída com o nosso reator. Se a Rosatom puder fazer algo parecido no Brasil, seria interessante", frisou Uvarov.
Com este esquema ambas as partes podem ganhar, assegura Aleksandr Uvarov, o Brasil, lembra ele, desde o século XX que tem planos para construir 60 usinas, algo que parece bem ambicioso, mas pouco real. A Rosatom, por sua vez, tendo uma experiência grande na área da cooperação internacional, não "escolhe" por acaso os projetos no estrangeiro, e se já se fala sobre cooperação com Brasil, talvez se trate de condições lucrativas.
As obras de Angra 3 foram paralisadas dois anos atrás, em 2015, depois de acusações de corrupção contra as empresas contratadas para a montagem da usina e de atrasos nos pagamentos pela Eletrobras.