Dinamarca teria construído navio de última geração com trabalho escravo norte-coreano?

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Após ter sido revelado que o novo navio da Dinamarca, Lauge Koch, foi construído com uso de trabalho escravo norte-coreano, surgiram suspeitas de que a verba dos impostos dos contribuintes dinamarqueses poderia ter acabado nos programas nuclear e de mísseis de Pyongyang.

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Apenas uma semana depois de a Dinamarca ter condenado a Coreia do Norte por incessantes testes nucleares, durante uma reunião com o embaixador norte-coreano no país, a emissora DR revelou que Copenhague poderia ter financiado de modo indireto o programa nuclear de Pyongyang.

O documentário "The Warship's Secret" (O Segredo do Navio de Guerra), lançado em 26 de setembro, diz que o navio dinamarquês de última geração Lauge Koch teria sido construído na Polônia por escravos norte-coreanos. As acusações foram justificadas por contratos, recibos e testemunhas.

O Lauge Koch, que custou à Dinamarca mais de US$ 80 milhões (R$ 253, 16 milhões) e será revelado em dezembro, é obra da construtora de navios Karstsensens Skibsvaerft, que terceirizou a construção para a Crist, na Polônia, que, por sua vez, recrutou um subcontratante polonês que recorreu a trabalhadores norte-coreanos pela companhia Rungrado. A empresa pública Rungrado foi penalizada pelas sanções por alegado comércio de tecnologia de mísseis.

Por enquanto, não está claro quanto dinheiro dos contribuintes dinamarqueses foi parar na Coreia do Norte.

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No entanto, de acordo com dados da ONU, Pyongyang recebe até US$ 2 bilhões (R$ 6,3 bilhões) com seus trabalhadores estrangeiros. Desde a chegada ao poder de Kim Jong-un, o número de trabalhadores norte-coreanos no exterior tem subido, totalizando agora cerca de 100 mil.

"Trabalhadores norte-coreanos no exterior são uma importante fonte de renda, usada para desenvolver programas nuclear e de míssil da Coreia do Norte", disse Jai-chul Choi, embaixador da Coreia do Sul na Dinamarca no documentário da DR. "Caso a verba de impostos dos contribuintes tenha sido usada para programas nuclear e de mísseis, será uma catástrofe", acrescentou.

Alguns partidos dinamarqueses já exigiram explicações do ministro da Defesa do país, Claus Hjort Frederiksen.

"É um caso constrangedor para as autoridades polonesas, mas também é um caso constrangedor para o Ministério da Defesa dinamarquês", disse o porta-voz do Partido Social-Liberal da Dinamarca, Martin Lidegaard.

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Primeiro, as Forças Armadas do país e a construtora Karstsensens Skibsvaerft negaram o envolvimento de norte-coreanos na construção do navio. No entanto, o brigadeiro-general Anders Maerkedahl admitiu ser impossível excluir a participação dos mesmos. No documentário, vários trabalhadores poloneses confirmaram que alguns norte-coreanos teriam trabalhado na construção do navio como soldadores.

"Seria completamente escandaloso caso seja verdade que trabalho escravo norte-coreano tenha sido usado em um país da UE como a Polônia. Mas eu não vejo o que pode ser feito para investigar as alegações sobre a construção do Lauge Koch agora, alguns anos depois de o navio ter sido concluído", escreveu o ministro da Defesa dinamarquês, Claus Hjort Frederiksen, em e-mail à DR.

Segundo o documentário, os trabalhadores norte-coreanos vivem em condições próximas da escravidão, privados de seus passaportes e da liberdade de circulação, sendo vigiados constantemente e trabalhando até 20 horas por dia. Anteriormente, algumas organizações não governamentais descreveram os norte-coreanos como "escravos modernos".

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