A histeria de "foi culpa dos russos" alcançou um novo patamar quando três membros da Câmara dos Representantes dos EUA escreveram uma carta aberta ao presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês). No documento exigiam à emissora de Washington DC que desse um basta na programação transmitida pela Rádio Sputnik na frequência 105.5 FM.
Evidentemente, tais declarações bastante ásperas requerem provas extraordinárias, sobretudo quando provêm dos funcionários públicos de tão alto nível. Os legisladores, por sua vez, referem-se às informações publicadas em 13 de setembro em um artigo do jornal The New York Times intitulado "RT, Sputnik e nova teoria de guerra da Rússia".
Acusar a Rússia de levar a cabo sua própria campanha informativa, em muitas ocasiões contra os EUA e o Reino Unido, não é nada de novo. Mas se acreditamos que as mídias russas na verdade teriam conseguido impor Donald Trump à Casa Branca, então deveríamos aceitar que os canais CNN e MSNBC, edições The Washington Post e o próprio The New York Times, que abertamente apostaram na candidata democrata (leia seu artigo editorial "Hillary Clinton para presidente") simplesmente não podem fazer resistência à competência do RT e da Sputnik.
Porém, desta vez em particular, os legisladores americanos superaram os limites de tempo e espaço em seu zelo de alarmismo.
"Estamos escrevendo em resposta aos recentes relatos da imprensa preocupantes que uma rede de rádio financiada pelo governo russo pode ter utilizado as ondas estadunidenses para influir nas eleições presidenciais de 2016", diz-se na primeira linha do documento.
Entretanto, há um pequeno pormenor… A Rádio Sputnik começou a emitir na frequência FM de Washington DC no dia 1º de julho de 2017, oito meses depois das eleições presidenciais nos EUA.
A Sputnik tentou entrar em contato com os três representantes para esclarecer como a estação que começou a emitir meses depois das eleições de novembro poderia ter influenciado no resultado. Porém, os distinguidos membros da Câmara norte-americana não comentaram esse paradoxo interessante da consideração de Einstein.