Por que aumento de ataques aéreos dos EUA apenas agrava a situação no Afeganistão?

© AFP 2023 / WAKIL KOHSARSoldados norte-americanos em distrito de Khogyani, província de Nangarhar, Afeganistão (foto de arquivo)
Soldados norte-americanos em distrito de Khogyani, província de Nangarhar, Afeganistão (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Segundo a organização independente britânica de investigação The Bureau of Investigative Journalism, o número de ataques aéreos dos EUA lançados no território do Afeganistão aumentou de modo drástico desde que Donald Trump chegou ao poder. Responsáveis locais acreditam que tal medida agrava ainda mais a situação no país.

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A organização britânica tem seguido o número de ataques norte-americanos no território afegão desde 2015. Em um dos últimos relatórios, o Bureau of Investigative Journalism afirma que este indicador cresceu significativamente com a chegada ao poder do novo presidente Donald Trump. Nomeadamente, desde o início de 2017, a Força Aérea dos EUA realizou 2.353 ataques, face a 1.072 raids em 2016.

O número de vítimas entre os civis também tem subido. Segundo os dados da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA, na sigla em inglês), nos primeiros seis meses de 2017 o número de vítimas entre os civis aumentou 43% comparado com o período homólogo de 2016: 95 pessoas morreram e 137 ficaram feridas.

Em entrevista à Sputnik Dari, vários responsáveis locais expressaram a opinião de que o aumento dos ataques aéreos por parte de Washington apenas piora a situação no país.

O chefe do Comitê de Segurança Interna e Defesa do Parlamento afegão, Mohammad Hashem Alokozai, acha que as operações dos EUA têm pouco sucesso e que os ataques foram aumentados contra a vontade do povo afegão.

"Os ataques que têm vindo a ser levados a cabo de acordo com a nova estratégia de Trump matam civis, inclusive crianças. Estas operações causaram uma distância entre o povo e as autoridades. Se os recursos militares forem gastos no processo de reconciliação, há probabilidade de estabelecer a paz e a segurança no país", afirmou o político afegão.

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No entanto, ele acrescentou que o presidente do país não quer investigar os casos [de mortes de civis] para não contrariar a embaixada dos EUA e as organizações internacionais.

Outra interlocutora da Sputnik, Nazife Zaki, deputada do parlamento afegão e general, sublinhou que o fracasso dos ataques aéreos norte-americanos se deve à falta de coordenação entre as forças dos EUA e os serviços afegãos de defesa e segurança.

"Os inimigos estão utilizando mulheres e crianças como escudos humanos. Assim, lançando bombas sobre casas, a Força Aérea estrangeira mata civis. Até hoje, as operações aéreas dos EUA no Afeganistão não tiveram êxito, causando na maioria dos casos vítimas entre civis e militares afegãos", afirmou.

De acordo com a deputada, os protestos no país não conseguem atrair a atenção nem do governo, nem das organizações públicas, nem da mídia. Por isso, acredita, é preciso que a comunidade internacional e os países amigos do Afeganistão exijam a punição dos culpados pelos crimes, para que estes não prossigam.

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