Será Moscou capaz de reconciliar os 'herdeiros' de Kadhafi?

© Sputnik / Andrei Stenin / Acessar o banco de imagensManifestantes queimam retratos de Muammar Khaddafi em Benghazi
Manifestantes queimam retratos de Muammar Khaddafi em Benghazi - Sputnik Brasil
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Os representantes dos dois centros de poder em conflito na Líbia, o Exército Nacional e o Governo de Unidade Nacional, visitaram Moscou após os planos de estabelecer um diálogo em Abu Dhabi e Paris terem fracassado.

O vice-premiê líbio, Ahmad Mitig, chegou à Rússia em 14 de setembro a convite do líder checheno, Ramzan Kadyrov. Depois de visitar Grozny, a capital desta república do Cáucaso, foi a Moscou, onde se reuniu com o representante especial do presidente russo para o Oriente Médio e África, vice-chanceler Mikhail Bogdanov, e uma série de especialistas russos.

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Ao mesmo tempo, o porta-voz oficial do Exército Nacional, Ahmed al Mismari, visitou a Rússia a convite do Instituto de Estudos Orientais da Academia de Ciências da Rússia.

As visitas coincidiram por acaso, ou pelo menos isso foi anunciado ao público, sublinha a jornalista Anzhelika Basisini do jornal RBK. De qualquer maneira, tanto al Mismari como Mitig descartaram a oportunidade de conduzir conversações bilaterais em Moscou.

"Não me vou reunir com Mitig, mesmo que ele o peça", afirmou al Mismari ao RBK.

De acordo com o porta-voz, o Exército Nacional da Líbia continua esperando que Moscou ajude a resolver o conflito prolongado no país. Assim, a Rússia pode se converter em uma nova sede de negociações.

"Talvez este seja o caminho correto que devamos escolher. Já provamos vários lugares, mas isso resultou, infelizmente, em promessas vazias. Esperamos que a plataforma russa seja mais forte e mais eficaz", assegurou.

Al Mismari também expressou a esperança que "Rússia mostre sua posição junto com os países amigos da Líbia no Conselho de Segurança da ONU no que se trata do levantamento das sanções contra entregas de armas às Forças Armadas líbias".

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De acordo com al Mismari, o exército, que conta com 63 mil efetivos, sofre uma grave escassez de armas modernas: os militares líbios têm que lutar contra seus inimigos com armas de produção soviética e aquelas que conseguem capturar ao inimigo.

O general sírio assinalou que Moscou expressou sua vontade de fornecer armas ao Exército Nacional da Líbia, mas somente caso as Nações Unidas levantem suas restrições.

A Rússia tem potencial para se converter em uma nova plataforma para a solução do conflito na Líbia, já que diferentes representantes russos estão realizando um trabalho muito eficaz para a cooperação com os representantes das partes que se opõem no país, afirmou Oleg Bulaev, analista do Instituto de Estudos Orientais da Academia de Ciências da Rússia.

Entretanto, o acadêmico assinala que, haverá dificuldades nesse caminho para a reconciliação entre Trípoli e Tobruk, em grande medida por seu "excesso de autoconfiança e falta de desejo para encontrar um compromisso".

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As partes em conflito aderiram a uma solução militar, uma das tarefas mais difíceis da diplomacia russa na etapa atual é reverter essa tendência, sublinha Bulaev.

A Líbia vive em uma crise profunda desde 2011, ano no qual foi derrubado e assassinado o legendário líder do país Muammar Kadhafi. Desde então, se criou um vácuo institucional que contribuiu para a escalada de violência, proliferação de grupos jihadistas e dualidade de poder.

Atualmente, em Trípoli funciona o Governo de Unidade Nacional, reconhecido como legítimo pelo Conselho de Segurança da ONU e presidido por Fayez Sarraj. As autoridades da parte oriental do país, por sua vez, atuam de forma independente e cooperam com o Exército Nacional da Líbia, sob chefia de Khalifa Haftar, que está travando uma guerra contra os jihadistas.

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