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O filme da Lava Jato é uma 'tentativa de descredibilizar o ex-presidente Lula'?

© Foto / Ique Esteves/DivulgaçãoCena de "Lava Jato: A Lei é Para Todos"
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A estreia do último fim de semana, "Polícia Federal - A Lei é para Todos" nem bem tinha chegado aos cinemas e já era acusado de ser enviesado contra o PT. A retórica subiu de ambos os lados e a Sputnik conversou com o diretor Marcelo Antunez e o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini para entender o que pensam os dois lados da questão.

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O ex-presidente Lula e os empresários envolvidos nos esquemas de corrupção investigados na força-tarefa em Curitiba são os únicos a receberem os nomes reais no longa. A decisão serviu para acalorar os ânimos: para partidários do PT uma tentativa de demonizar o ex-presidente tirar-lhe o crédito de uma eventual candidatura em 2018.

"O objetivo é descredibilizar, impedir que ele seja o candidato porque eles [os envolvidos na produção do filme] fazem parte de um projeto que quer acabar com todos os projetos sociais e desenvolvimento no Brasil. São interesses do capital internacional em fazer com que o Brasil recue naquilo que avançou nos últimos 20, 30 anos de história", avalia o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini, ele mesmo suspeito de receber pagamentos da Odebrecht em 2010 e 2012.

Os inquéritos foram autorizados pelo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin e seguem sob investigação. "Evidentemente, eles [os produtores] nunca entraram em contato para pedir a posição do PT", completa.

Já o diretor do filme, Marcelo Antunez, disse que a decisão em ocultar os nomes dos demais envolvidos na operação foi criativa. "Conforme fomos avançando nas pesquisas, em cada fase [da Lava Jato] existem um sem-número de agentes e delegados e vários deles não trabalham em outros momentos, somem. Tem fase com 50, 60 investigadores e eles não voltam ou só voltam lá na frente. Do ponto de vista do roteiro, fica impossível contar uma história com tantos personagens", defende-se.

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Outro motivo de celeuma nas redes sociais foi o fato de os financiadores do filme permanecerem anônimos. Marcelo diz que foram empresários que, temendo represálias, preferiram "investir" a verba de realização sem terem os nomes citados. Mas não seria o caso de uma obra que versa sobre a transparência no poder público também ser transparente sobre a forma e a origem do dinheiro responsável pelo projeto?

"Acho a crítica infantil, o povo pensar isso até entendo o motivo, mas certamente quem levanta suspeitas tem outros interesses, de descredibilizar o filme, de levantar suspeitas. É patético. Existem vários outros filmes inclusive polêmicos em que os investidores também resolveram ficar anônimos. É um tema que divide tanto o Brasil, que é responsável por posições tão acaloradas, por vezes agressiva. Eu entendo perfeitamente a posição deles [os investidores]. Posso garantir que não tem empreiteiro ou financiador de campanha. Até acho que seria interessante [mostrar quem financiou], mas não foi uma decisão nossa e sim de quem coloca dinheiro. O que a gente faz, não financia? Financia através de Lei de Incentivo e é atacado por usar dinheiro público para falar mal de determinado governo?", questiona o diretor.

Zarattini, porém, tem uma opinião oposta. Ele não acha que existam partidos envolvidos no dinheiro para a realização do filme, mas sim grupos empresariais que "não têm interesse no PT e Lula governando o país novamente".

"É uma ação política que envolve recursos privados. Não é uma obra de arte, é uma obra de propaganda com o objetivo claro de aumentar a popularidade da Operação Lava Jato", avalia.

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Filme da Lava Jato teve fraca recepção nos cinemas e até mesmo na internet
"Polícia Federal — A Lei é Para Todos" nem bem entrou em cartaz, Marcelo Antunez já prepara o volume dois. A ideia até agora é fazer uma trilogia e o segundo filme deve abordar os fatos desde a condução coercitiva de Lula até o impeachment da presidente Dilma e a queda de ministros do governo Michel Temer. A recepção, porém, parece ser fraca.

Apesar de estar em cartaz com 737 cópias licenciadas pelo Brasil, configurando-o como a maior estreia nacional do ano, e 160 mil ingressos vendidos entre quinta e sexta (a projeção da produção é chegar a 480 mil no consolidado do fim de semana), o filme teve recepção fraca, registrando, de acordo com a imprensa, uma baixa média de espectadores por sessão.

"É um filme de baixa qualidade, um público pequeno está indo ver e muita gente criticando a qualidade da narrativa. Talvez vire o contrário, um mecanismo de desprestígio da Lava Jato", acredita Zarattini que completa dizendo que, em algum momento, o PT vai precisar "contar a sua própria versão da história". Alheio a críticas de jornalistas especializados e dos relatos de sessões vazias, Antunez e equipe já trabalham na sequência.

"As pessoas estão recebendo bem, estão aplaudindo. É uma bilheteria boa especialmente em feriado, quando muita gente viaja. [A sequência] não depende só de mim, vai depender de distribuidores e investidores, mas todos nós, do ponto de vista criativo já estamos trabalhando há algumas semanas", revela.

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