Vale a pena marcar presença nos Jogos Olímpicos de Inverno na Coreia do Sul?

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Faltando cinco meses para a abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno na Coreia do Sul, ainda não foram vendidos mais de três quartos dos bilhetes.

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De acordo com o Comitê Olímpico Internacional, foram vendidas apenas 22,7% das entradas para assistir aos Jogos em Pyeongchang; já os sul-coreanos compraram somente 52.000 dos tíquetes vendidos. Trata-se dos indicadores mais inferiores da história dos Jogos Olímpicos de Inverno.

Além dos altos preços e das tensas relações com a China (em particular, os organizadores sul-coreanos dos Jogos culpam a China e o Japão de realizar pouca publicidade), é preciso destacar a probabilidade de que nos próximos meses haja uma escalada das tensões ao redor do país vizinho, ou seja, da Coreia do Norte. O especialista em assuntos coreanos da Academia de Ciências da Polônia, Nicolas Levi, disse para a Sputnik França que a garantia de segurança plena dos Jogos será uma tarefa difícil para a Coreia do Sul.

"As autoridades da Coreia do Sul decidiram instalar mísseis em um dos bairros onde devem ter lugar os Jogos Olímpicos, na província de Gangwon […] A instalação desses mísseis visa ameaçar a Coreia do Norte para que interrompa suas provocações. Porém, as autoridades norte-coreanas não param, continuam provocando da mesma forma como fazem todos os anos."

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O especialista ressalta a mudança do clima político na península da Coreia nos últimos dez anos, fazendo um paralelo com a organização dos Jogos Olímpicos em Seul em 1988. Ele destacou que, em meio à situação "sem precedentes", a única resposta de Pyongyang à impossibilidade de as duas Coreias combinarem organizar em conjunto algumas competições no 38º paralelo ao norte foi a decisão de organizar a Jornada Mundial da Juventude.

Segundo Levi, um dos objetivos do líder norte-coreano seria acabar com os Jogos Olímpicos. 

"Em particular, Kim Jong-un busca desestabilizar a situação na Coreia do Sul, fazendo com que ela não cumpra sua missão de organizar os Jogos Olímpicos de Inverno, que serão realizados na Coreia do Sul daqui a 5 ou 6 meses."

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"As pessoas, que entendem o grau da ameaça norte-coreana e que têm acesso à Internet, bastam dar uma olhada nos sites dos ministérios das Relações Exteriores da maioria dos países para ter uma noção de que esse não é o melhor momento para visitar a península da Coreia", frisou.

Ao mesmo tempo, não tentando justificar as ações da Coreia do Norte, surge uma questão: a intensificação dos testes de armas nucleares e mísseis balísticos seria ou não um sinal de que a Coreia do Sul também estaria sofrendo com a política norte-americana na região?

"Eu acredito que Kim Jong-un tenha medo da administração norte-americana e esteja procurando o mais rápido possível comprovar que suas tecnologias nucleares – e não apenas elas – são capazes de repelir a intervenção militar norte-americana. Em minha opinião, Kim Jong-un não exclui a oportunidade de uma guerra-relâmpago na península da Coreia, por isso vem realizando vários testes de mísseis balísticos nos últimos meses."

Em geral, como ressaltou o diretor do Instituto francês de Estudos Internacionais e Estratégicos, Pascal Boniface, Kim Jong-un não espera ter o mesmo destino de Kadhafi ou de Saddam Hussein.

​O líder norte-coreano compreende as consequências da escalada nas relações com os EUA, mesmo que ela não venha a levar a ações militares, frisa Levi: 

"Kim Jong-un tem uma clara noção de que as sanções internacionais em relação à Coreia do Norte podem representar ameaça a seu país. Se o acesso ao petróleo for bloqueado completamente (o país conta com reserva para 5 ou 6 meses), protestos dentro do país poderiam ser iniciados. Não se trata da perda da face do regime norte-coreano, mas sim da provocação de conflito na península. Dá para imaginar a Coreia do Norte atacando a Coreia do Sul para pegar suas reservas de petróleo, e assim por diante. É bastante provável. Kim Jong-un é um líder imprevisível, ninguém sabe o que ele é capaz de fazer", concluiu. 

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