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Brasil toma outro puxão de orelha. Dessa vez da UE em relação à proteção ambiental

© STR/AFPEuropa quer incluir proteção ambiental no acordo com o Mercosul
Europa quer incluir proteção ambiental no acordo com o Mercosul - Sputnik Brasil
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A violência no campo aumentou nos últimos tempos, ameaçando não só indígenas, quilombolas e ambientalistas como também outras minorias, por isso vêm em boa hora as críticas da União Europeia ao governo brasileiro, cobrando mudança de postura até para a assinatura de um acordo comercial com o Mercosul.

A opinião é do secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cléber Buzatto. Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, ele diz ver vê como promissora a iniciativa dos  eurodeputados, em especial do Podemos, da Espanha, de cobrar das autoridades brasileiras respeito à causa ambiental, tema de preocupação crescente na UE, que tem enviado missões ao Brasil para acompanhar in loco as denúncias, como ocorreu em abril do ano passado, quando uma delegação se reuniu com lideranças dos povos Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, onde foram constatadas várias violações dos direitos dos índios.

Buzatto confirma que a delegação europeia confirmou a situação de extrema vulnerabilidade enfrentada pelos guaranis e que as terras estão ocupadas por grandes latifúndios dedicados à produção de gado, soja e cana de açúcar. Segundo ele, um dos membros da comitiva é o coordenador do grupo de trabalho do parlamento europeu que trata justamente do acordo bilateral entre a UE e o Mercosul. As discussões para um acordo entre os dois blocos já se arrastam há quase duas décadas e tem avançado este ano, embora os europeus ainda se mostrem resistentes em concederem maior abertura agrícola e reduzir subsídios a seus agricultores, dificultando assim a exportação de commodities de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Uma nova rodada entre os negociadores está prevista para meados deste mês, após as eleições na Alemanha.

"Temos pautado essa questão há algum tempo, e entendemos ser um mecanismo forte de pressão política sobre o governo, haja vista todo o apoio que o governo tem dado ao agronegócio e as consequências de violações e ataques aos direitos indígenas e de direitos humanos no Brasil. Temos pautado que, para além das barreiras sanitárias, Europa e outros países adotem também barreiras humanitárias quanto à importação de commodities agrícolas do Brasil. É justo que a Europa também preste atenção às violações de direitos humanos que são cometidas muitas vezes em regiões cuja produção de commodities é destinada à exportação", afirma Buzatto.

O secretário geral do Cimi admite que houve um agravamento no trato do governo em relação à questão ambiental desde o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

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"Não houve uma mudança de rumos, mas houve um aprofundamento bastante perceptível nas condições e situações de violência contra povos indígenas, comunidades tradicionais, camponeses, ambientalistas e os direitos desses grupos sociais frontalmente atacados e com mais radicalidade por parte dos setores ligados ao agronegócio, cuja bancada ruralista, que já era muito poderosa no governo Dilma, assumiu por completo a condução das decisões do governo", diz Buzatto.

A advertência da UE ao governo brasileiro foi expressa através de uma carta confidencial enviada a Brasília no fim de agosto. Nela, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, diz que Bruxelas vai insistir que a assinatura de um acordo UE-Mercosul esteja condicionada à obediência de preservação ambiental e de direitos humanos. Segundo a porta-voz, a UE acompanha de perto os fatos políticos no Brasil e em especial as investigações contra corrupção. 

"A Europa tem repetidamente apelado por investigações sobre assassinatos de líderes indígenas ou ataques sobre comunidades indígenas, assim como um reforço de proteção dessas comunidades", diz um dos trechos da carta.

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