EUA chantageiam a China com novas sanções

© AFP 2023 / NICOLAS ASFOURIJornais destacam o encontro do presidente dos EUA Donald Trump (à esquerda) e presidente da China Xi Jinping (à direita)
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"A ideia de 'cortar o oxigênio' completamente à Coreia do Norte com a ajuda da China tem muita força entre os políticos norte-americanos. Mas as sanções são uma arma de dois gumes. A reação final da China às ações dos EUA ainda não é clara, e o resultado poderá ser bastante negativo".

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Foi assim que o diretor do Instituto de Estudos Orientais da Academia de Ciências da Rússia, Aleksandr Vorontsov, comentou à Sputnik China a informação da edição norte-americana Wall Street Journal sobre a preparação de novas sanções contra empresas chinesas. "Por enquanto a China está mantendo sua contenção, tentando demonstrar flexibilidade, mas, pelos vistos, a flexibilidade tem seus limites também", frisa o especialista russo.

Wall Street Journal comunicou que no escritório do procurador-geral dos EUA já existem mandatos para congelar os fundos de um conjunto de empresas chinesas que operam via bancos norte-americanos. Essas empresas teriam alegadamente participado do financiamento do programa nuclear da Coreia do Norte. Os mandatos para congelamento de fundos é uma base para os procuradores iniciarem processos oficiais para introduzir sanções contra empresas e bancos chineses de forma permanente. Além disso, como se espera, nos próximos dias mais algumas empresas chinesas serão incluídas na "lista negra".

Quando a China apoiou a resolução do Conselho da Segurança da ONU sobre as novas sanções contra a Coreia do Norte, aprovada unanimemente em 5 de agosto, os EUA anunciaram ‘férias nas sanções' relativamente a bancos chineses. Na mesma altura foi adiada a notória investigação das alegadas violações por parte da China dos direitos de propriedade intelectual de empresas norte-americanas que operam no mercado chinês. Contudo, pouco depois essa decisão foi cancelada. Parece que agora o adiamento da introdução de sanções norte-americanas contra empresas chinesas expirou.

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Segundo o especialista, nos EUA existem muitos adeptos de sanções dolorosas contra todas as organizações chinesas, não apenas as estatais, mas também privadas, que tenham sido detectadas como tendo colaboração econômica e comercial com a Coreia do Norte. Eles consideram que é a única forma de obrigar a China a pressionar a Coreia do Norte economicamente, usando suas ferramentas para sufocar o regime norte-coreano. Por isso, não é por acaso que, depois de uma pausa curta, os EUA resolveram voltar novamente às sanções contra a China.

Aparentemente, é uma estratégia bastante longa. De qualquer jeito, em perspectiva de curto e médio prazo, a pressão sobre a China será continuada com a ajuda da expansão da lista de sanções e do uso ativo dessas ferramentas sancionatórias. Nessa direção se pode esperar o aumento das dificuldades nas relações entre Pequim e Washington. Este processo vai afetar a resolução do problema da Coreia do Norte. Por isso, nos diálogos privados com colegas chineses eu sinto a irritação deles com a política hostil por parte dos EUA quanto à China. Tenho a impressão que existem realmente limites à paciência da China. Contudo, parece que apesar disso as autoridades norte-americanas encaram seriamente as sanções contra a China.

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A administração dos EUA precisa compensar as dificuldades na política interna com os falsos "êxitos" da diplomacia. Não é por acaso que os EUA apresentam a resolução do Conselho da Segurança da ONU a partir de 5 de agosto como uma vitória diplomática sua sobre a China. Pois os responsáveis oficiais e diplomatas dos EUA afirmam diretamente que foi a ameaça de sanções unilaterais por parte dos EUA contra empresas chinesas que têm ligações com a Coreia do Norte e a pressão comercial de Washington que ajudaram a persuadir a China a não opor resistência à introdução de novas sanções contra a Coreia do Norte.

Parece que agora a administração norte-americana se está preparando para celebrar mais uma "vitória" notável na frente norte-coreana, que é a introdução de sanções contra empresas chinesas. Com isso eles visam compensar a falta de qualquer progresso na resolução do problema da Coreia do Norte através de sanções unilaterais norte-americanas.

Será que os EUA estão chantageando a China ameaçando com sanções contra suas empresas? O especialista da Academia Diplomática da China, Zhou Yongsheng, não duvida que é isso mesmo:

Imagem do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, publicada em um dos jornais chineses, Pequim, China, novembro de 2016 - Sputnik Brasil
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"Na minha opinião, os EUA têm esse tipo de intenções. Por enquanto, eles não têm uma forma de atenuar suas próprias contradições, e aí surgem as tentativas para botar a responsabilidade sobre a China. A China poderia coordenar com os EUA uma política de ‘desnuclearização' da península da Coreia, mas mantendo sua própria linha política. O motivo principal para o desenvolvimento pela Coreia do Norte de suas armas nucleares é a ameaça que os EUA possam derrubar o regime político de Pyongyang. Essa é a principal contradição entre os EUA e a Coreia do Norte. Os EUA estão tentando transformar as divergências entre Washington e Pyongyang em divergências entre a Coreia do Norte e a China. Na China existe um ditado ‘o sino de um tigre só consegue desamarrar aquele que o pendurou' [‘quem criou o problema que o resolva']. Os EUA são quem ‘pendurou' este sino, por conseguinte, são eles que têm de o desamarrar, mas não como eles estão agindo agora, reclamando da China e a pressionando. As ações desse tipo ignoram as divergências principais e as chaves para a compreensão da crise. A China nas suas ações se baseia em seus próprios interesses, nos interesses da estabilidade na Ásia Oriental e na península da Coreia."

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O jornal de Hong Kong South China Morning Post afirma que as novas medidas restritivas em ralação à Coreia do Norte, introduzidas pela China na sequência da última resolução do Conselho da Segurança da ONU, vão abalar Pyongyang. Porém, não vão parar suas ambições de desenvolvimento do programa nuclear. Os especialistas chineses, questionados pela edição, apontam que as novas restrições do Conselho da Segurança da ONU ao comércio entre a China e a Coreia do Norte vão causar um impacto negativo sobre as capacidades financeiras do desenvolvimento de tecnologias militares e do programa nuclear da Coreia do Norte. Contudo, elas não serão fatais para o regime político de Pyongyang.

Segundo o presidente do Instituto de Segurança Global norte-americano, Jonathan Grenoff, nesta situação perigosa "os canais da diplomacia devem ser aplicados imediatamente". De acordo com ele, a resolução diplomática da crise em torno da península da Coreia deve prever a reintegração da Coreia do Norte na comunidade internacional, o monitoramento da atividade nuclear e medidas restritivas que permitam excluir o desenvolvimento dessa arma de destruição maciça, bem como a suspensão dos treinamentos militares dos EUA e da Coreia do Sul que Pyongyang considera como uma ameaça.

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