Olho por olho: confronto entre Rússia e EUA vai durar até o último diplomata?

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No dia 1 de setembro vai expirar o prazo dado por Moscou à parte americana para reduzir o número de seus diplomatas na Rússia. A medida foi recíproca, mas forçada. Washington já prometeu novas sanções antirrussas, procurando um jeito de salvar a face.

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Como tudo isso começou

Bem no final do ano passado, a administração Obama impôs novas sanções contra Moscou provocadas pela alegada interferência da Rússia nas eleições presidenciais americanas. Foi assim que eles decidiram castigar a Rússia por terem eleito Trump como seu presidente, embora Moscou negasse repetidas vezes essas acusações. As sanções eram dirigidas contra o Serviço Federal de Segurança (ex-KGB), a Direção-Geral do Estado-Maior General das Forças Armadas da Rússia, além de terem sido declaradas "persona non grata" 35 diplomatas russos e de serem encerradas instalações da embaixada russa nos estados de Nova York e Maryland.

Contudo, a Rússia não respondeu de maneira igual na altura, se reservando o direito de tomar medidas recíprocas com base na política que a nova administração dos EUA optar por seguir, ou seja, dando ao novo líder americano a chance de corrigir os erros do antecessor. Conforme o presidente da mesa do Conselho para Defesa e Política Externa Fyodor Lukyanov, o gesto russo foi "em vão". "Não devíamos fazer esses gestos. Seria mais fácil agora se tivéssemos retribuído as medidas tomadas pela parte americana. E agora, sendo tudo muito complexo, a situação pode continuar piorando", opinou ele.

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No final, a paciência de Moscou se esgotou e se seguiu a resposta. Todavia, a Rússia não decidiu expulsar 35 diplomatas americanos, como o tinham feitos os americanos, mas simplesmente mandou reduzir o pessoal diplomático dos EUA em 755 pessoas, ou seja, até 455 funcionários, o que equivale ao número dos funcionários russos que fazem parte da missão diplomática do país nos EUA. Além disso, desde 1 de agosto Moscou proibiu os diplomatas americanos de usarem seu armazém e a casa de campo localizados na capital russa. Os EUA prometeram anunciar uma resposta até o dia 1 de setembro.

O que podem fazer os EUA?

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Os americanos podem continuar expulsando diplomatas russos – a redução do pessoal em 755 pessoas não tem precedentes e não houve casos iguais nem mesmo durante a Guerra Fria. Aliás, o diretor-geral do Conselho Russo para Assuntos Internacionais Andrey Kortunov duvida que essa opção seja viável. "Acho que isso é pouco provável, pois as medidas russas estabeleceram a paridade, portanto os próximos passos nesse sentido podem levar a Rússia a reduzir ainda mais o pessoal da missão diplomática", compartilhou ele com a Sputnik.

De acordo com o jornal Izvestia, que cita fontes diplomáticas, a medida mais provável consiste em restringir o deslocamento dos diplomatas russos nos EUA. Atualmente, o pessoal diplomático russo de nível médio e subalterno da embaixada em Washington e dos consulados não se pode deslocar em uma área superior a 40 km em torno da sua missão respectiva sem avisar o Departamento de Estado. Os diplomatas de nível superior não estão sujeitos a essa regra. A distância poderá ser reduzida até 16-24 km, escreve o jornal. Se isso acontecer, a Rússia vai retribuir "sem qualquer demora", ressaltou o vice-presidente do Conselho da Federação (senado russo) Andrey Klimov.

Em virtude disso, o cenário mais provável pode ser o encerramento de um dos quatro consulados russos nos EUA, se estabelecendo assim o equilíbrio, pois os americanos só têm três consulados na Rússia, acha o supracitado Andrey Kortunov.

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Por enquanto não se sabe qual dos consulados russos será encerrado. Assim, segundo o ex-vice-secretário-geral da ONU e ex-vice-chanceler russo Serguey Ordzhonikidze, os EUA vão escolher a via que "cause o maior dano", fechando o consulado em Nova York. "Muito provavelmente, eles vão levar em conta o número de pessoal de um consulado e o número da população russófona que reside em dada região. O maior número, claro, está em Nova York", explicou o especialista à Sputnik.

Não é de excluir que a reação de Washington possa ser totalmente imprevisível. No parecer de Fyodor Lukyanov, a administração dos EUA não quer aumentar a tensão, podendo a resposta ser bastante moderada. "Não creio que as partes vão brigar até perder o último diplomata. Na minha opinião, agora todos estão buscando dar uma resposta qualquer, por menor que seja, só para manter as aparências e sofrer o menor prejuízo possível", acrescentou ele.

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