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Proibição das drogas traz lógica de 'campos de guerra' ao Rio, diz delegado

© Tomaz Silva / Fotos PúblicasMilitares patrulham a praia de Copacabana em operação das Forças Armadas no Rio de Janeiro
Militares patrulham a praia de Copacabana em operação das Forças Armadas no Rio de Janeiro - Sputnik Brasil
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A presença de 8,5 mil homens das Forças Armadas no Rio de Janeiro não irá resolver o problema de segurança pública que enfrenta a cidade. Antes disso, é uma medida "midiática" e que não encara os problemas estruturais do tema. Esta é a avaliação do cientista político e delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro Orlando Zaccone.

Números do Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão da Secretaria Estadual de Segurança, mostram o aumento da violência no estado no primeiro semestre 2017 na comparação com mesmo período do ano passado. Os casos de homicídio doloso aumentaram 10,2%, os de latrocínio (roubo seguido de morte) 21,2% e o número de mortos pela polícia também aumentou 45,3%, indo de 400 para 581 pessoas. O número de policiais mortos também está em alta, são 94 oficiais da lei assassinados neste ano.

O presidente Michel Temer autorizou a presença das Forças Armadas na capital fluminense por meio de decreto até o final do ano. 

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Para Zaccone, a presença dos militares não deve trazer melhora porque elas já estiveram na cidade anteriormente e não houve alteração do panorama. Além disso, a simples presença dos soldados não altera problemas estruturais como a crise financeira que acarreta no "sucateamento das forças policiais" do Estado e a lógica de repressão contra as drogas.

O delegado faz farte da LEAP, sigla em inglês para Agentes da Lei Contra a Proibição, grupo que reúne juízes, promotores e policiais que defendem a regulamentação das drogas para reduzir a violência e as mortes provocadas pela guerra ao tráfico. Zaccone afirma que o Brasil deveria integrar o debate sobre legalização das drogas — assim como diversos outros países como Estados Unidos, Canadá e Uruguai — já que a proibição traz uma lógica de "campos de guerra" para as áreas pobres da cidade.

Para ele, o debate deve ser realizado pelo Congresso Nacional. 

"Toda essa violência e essa sensação de insegurança existe porque algumas dessas drogas são jogadas no mercado proibido, não tem ninguém com fuzil na mão tomando de conta de chopperia, de vínicula, de farmácia, isso só existe por conta da proibição."

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