O que faz Pentágono mudar sua doutrina nuclear?

© AP Photo / Hassan AmmarPorta-aviões nuclear Abraham Lincoln da Marinha dos EUA, foto de arquivo
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O novo conceito busca fortalecer as capacidades do exército norte-americano, enquanto entre as principais ameaças figura o programa nuclear da Coreia do Norte.

Até finais de 2017, as Forças Armadas dos EUA vão preparar uma nova versão da doutrina nuclear, comunicou o chefe do Comando Estratégico dos EUA (Stratcom), John Hyten.

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Segundo explicou anteriormente a porta-voz do Pentágono, Dana White, o novo conceito busca fortalecer as capacidades do Exército dos EUA em relação à defesa antimíssil.

Por isso, de acordo com White, uma das prioridades do Departamento de Defesa dos EUA é proteger o país da ameaça de um ataque balístico, ressalta a colunista Nadezhda Alekseeva no seu artigo para o RT.

Além disso, os militares americanos continuam se debruçando sobre a chamada Revisão da Posição Nuclear (NPR, na sua sigla em inglês) que terá em conta todos os novos desafios.

Entre outras ameaças, a nova doutrina menciona o programa nuclear da Coreia do Norte, de acordo com o exército americano.

Mudança de conceito estratégico

Ao longo das décadas que passaram desde o fim da Guerra Fria, o conceito estratégico das forças nucleares americanas já mudou três vezes. Na variante de 1994, o colapso da URSS desempenhou um papel importante. Aquele documento estabeleceu um rumo para reduzir a importância das armas nucleares com o fim de garantir a segurança nacional dos EUA.

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A versão seguinte foi adotada em 2002 pela administração de George W. Bush, quando os EUA se retiraram de modo unilateral do Tratado sobre Mísseis Antibalísticos (Tratado ABM) que limitava o número destes mísseis.

A atual versão do documento foi adotada em 2010, no âmbito de um "reset" nas relações russo-americanas. O então presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou que os EUA tinham a intenção de tomar a iniciativa na luta contra a proliferação de armas nucleares. Porém, ao mesmo tempo o presidente rechaçou categoricamente a ideia de desmantelar os sistemas de defesa antimíssil na Europa. Supostamente, este processo teria sido obstaculizado pelo programa nuclear iraniano.

Desde aquele momento, o Pentágono se focou no desenvolvimento das armas não nucleares, principalmente dos mísseis de cruzeiro, assim como na sua defesa antimíssil.

"Anteriormente, os EUA estavam focados na dissuasão nuclear, mas agora prestam cada vez mais atenção ao desenvolvimento das forças estratégicas não nucleares. Os EUA entendem que serão destruídos em caso de uma guerra nuclear com a Rússia, por isso tentam aplicar suas vantagens tecnológicas na esfera não nuclear", explicou ao RT o editor-chefe da revista Arsenal Otechestva, Viktor Murakhovsky.

'À frente de todos'

Contudo, Donald Trump, ao assumir a presidência norte-americana, deixou claro que tem a intenção de alcançar a supremacia dos EUA no âmbito nuclear. Enquanto outros países produzirem armas nucleares, os EUA devem estar "à frente de todos", insistiu Trump.

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A versão atual da estratégia nuclear do Pentágono pressupõe o uso de armas nucleares para proteger "os interesses vitais dos EUA e seus aliados". Mikhail Ulianov, diretor do Departamento de Não Proliferação e Controle de Armas da chancelaria russa, comentou ao RT que tal formulação implica um número muito maior de cenários possíveis para o uso de armas nucleares do que o conceito russo.

"Certas mudanças se realizarão em relação às medidas para neutralizar a Rússia, que hoje em dia é o único verdadeiro inimigo potencial dos EUA", afirmou ao RT o copresidente da Associação de Cientistas Políticos e Militares da Rússia, Sergei Melkov, e indicou que o que preocupa os EUA na realidade "não é apenas a possibilidade de uma confrontação direta com Moscou, mas as intenções da Rússia para levar a cabo uma política independente".

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