Com chegada do verão, começa nova 'época quente' de tensões no mar do Sul da China

© AFP 2023 / Alex OgleIlhas em disputa no mar do Sul da China
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Uma das zonas mais perturbantes da Ásia, a região disputada do mar do Sul da China, volta a ser palco de tensões internacionais. O especialista do Centro de Estudos Estratégicos, Anton Tsvetov, comenta o assunto em uma conversa com a Sputnik.

A acalmia no mar do Sul da China, segundo muitos advertiam, não era para durar, especialmente tomando em conta que no verão, tradicionalmente, a situação na respectiva região costuma se agravar.

Parece que um dos acontecimentos mais repercutidos das últimas semanas foi a decisão vietnamita de suspender a exploração no bloco petrolífero 136/3, que se realizava em parceria com a empresa espanhola Repsol, na sequência da pressão exercida por Pequim.

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O respectivo incidente, evidentemente, mostra que a tensão que se gerou após o cancelamento das manobras conjuntas sino-vietnamitas em julho do ano corrente continua elevada até hoje. Nesta situação complicada, os EUA não se abstêm das medidas com uso da força na luta pelos territórios do mar do Sul da China, frisa o analista do Centro de Estudos Estratégicos, Anton Tsvetov, em uma entrevista à Sputnik China.

Recentemente, as mídias americanas informaram que Donald Trump aprovou o plano do secretário da Defesa, James Mattis, para conduzir operações destinadas a manter a "liberdade de navegação". Caso estas informações sejam confirmadas, tais operações, a partir de agora, se realizarão regularmente e não precisarão de uma autorização por parte do Conselho de Segurança Nacional.

Na opinião dos estrategistas norte-americanos, isto ajudará a ressaltar, aos olhos da comunidade internacional, a ilegitimidade das exigências territoriais chinesas na região. Além disso, o Reino Unido pode se tornar em mais um jogador ativo no mar do Sul da China, sendo que seu chanceler Boris Johnson considerou como uma medida aceitável usar os dois porta-aviões novos que acabaram de entrar em serviço para "reforçar a ordem mundial baseada em regras".

Ao mesmo tempo, Pequim continua estabelecendo relações com Rodrigo Duterte visando puxá-lo para seu lado. Durante sua visita a Manila, o chanceler chinês Wang Yi afirmou que a exploração conjunta de recursos minerais no mar do Sul da China que, segundo o presidente filipino, pode começar já no ano corrente, se tornará um padrão para resolver disputas territoriais.

Entretanto, os especialistas que vigiam as atividades chinesas nas zonas do mar do Sul da China controladas por Pequim acreditam que as infraestruturas militares do país no chamado "grupo das três grandes" (Subi, Mischief e Fiery Cross) já lhe concedem um controle sem precedentes do próprio coração das águas em disputa.

Parece que o modo mais inócuo de luta pela influência no mar do Sul da China foi escolhido pela Indonésia, que anunciou a atribuição de novo nome para uma parte do mar que cruza com a zona econômica exclusiva indonésia. A partir de agora, o mar do Norte de Natuna faz parte da lista de topônimos na qual já figuram o mar do Norte das Filipinas e o mar do Leste vietnamita.

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Vale frisar que, quando o presidente Joko Widodo chegou ao poder em 2014, a comunidade internacional contava que ele, sendo um líder ambicioso do maior país da ASEAN, empreendesse medidas resolutas para reforçar a posição dos Estados da região no âmbito das negociações com a China, tanto mais que isto era confirmado pela sua célebre iniciativa de tornar a Indonésia em um "eixo marítimo". Porém, o político continua sendo bem passivo neste sentido, embora até um passo tão pequeno como a denominação de uma pequena parte do mar do Sul da China provocou um forte repúdio por parte de Pequim.

Em outras palavras, nada de bom se está passando no mar do Sul da China. Até agora, nenhuma das partes demonstrou capacidade de entender os interesses dos seus interlocutores e abdicar das posturas radicais nos assuntos de soberania. Provavelmente, por enquanto não está tão "apertado" nesta região, mas com os atuais ritmos de modernização naval logo já não será tão fácil as partes "se cruzarem" por lá. Neste âmbito, é cada vez maior a hipótese de ocorrer um conflito acidental.

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