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Brasil garante que carne não é mais um espeto para os americanos

© FMV2-USP/Fotos PúblicasBrasil tenta levantar embargo americano à carne
Brasil tenta levantar embargo americano à carne - Sputnik Brasil
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O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Mauro Blaggi, se encontrou nesta segunda-feira com o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue, e mostrou as ações que vêm sendo tomadas pelo governo para atender às exigências sanitárias dos EUA, permitindo o levantamento do embargo à carne brasileira.

No encontro, que foi precedido de uma reunião com o embaixador brasileiro em Washington, Sérgio Amaral, e com o adido agrícola brasileiro, Luiz Claudio de Caruso e Santana, Maggi preparou a defesa brasileira e elencou as providências que o ministério tomou em relação a reação à vacina contra febre aftosa, causa do embargo pelos americanos. Agora, os frigoríficos que trabalham com cortes dianteiros (onde são aplicadas as vacinas) sejam cortadas em recorte, cubos ou tiras, vão facilitar a identificação de eventuais problemas. Segundo especialistas, a vacina contra aftosa pode induzir o surgimento de abcessos que contaminam a carne. Após conversa com o secretário americano, Maggi disse que os EUA podem suspender o embargo em um prazo de 30 a 60 dias.

Em entrevista à Sputnik Brasil, o presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Antonio Melo Alvarenga, se mostra no trabalho de convencimento que o ministro Maggi e os técnicos farão junto aos americanos para que seja retirado o embargo. 

"O ministro Maggi é excepcional. Ele está na linha certa, trabalhando duro, defendendo o produtor e o Brasil contra esses ataques todos que tem sofrido. A carne brasileira é uma das melhores do mundo, tanto que somos os maiores exportadores no mercado internacional. Qualquer turbulência que tenha em relação à sanidade obviamente afeta o mercado. O que nós brasileiros precisamos fazer — e aí não é o pecuarista — é os frigoríficos fazerem o dever de casa, não deixarem embarcar carne com problema. Essa questão dos abcessos é um drama para o Brasil, pois vários países acompanham a decisão americana. Ela (a questão) poderia ter sido solucionada muito facilmente nos frigoríficos", diz o presidente da SNA. 

Inspeção de carne brasileira que foi efetuada pelo ministro da Agricultura do Brasil, Blairo Maggi, 21 de março de 2017 - Sputnik Brasil
Quem tem culpa na questão do embargo da carne brasileira pelos Estados Unidos?

Na semana passada, durante viagem a vários países na Europa, para explicar as ações de moralização do setor que vêm sendo tomadas pelo governo brasileiro, o secretário executivo do ministério, Eumer Novacki, disse que as autoridades estão apurando com rigor denúncias publicadas pelo jornal "Valor Econômico", baseadas em delações do grupo JBS, de que alguns frigoríficos pagavam R$ 20 mil por mês a fiscais, para fazer "vista grossa" nas inspeções e que o número de funcionários envolvidos poderia chegar a 200. O secretário lembrou que até o ano passado o ministério pagava horas extras aos inspetores, mas essas quantias foram cortadas. Ele admitiu que algumas empresas pudessem estar pagando essa suplementação. Novacki também disse aos europeus que não tem como contratar, do dia para noite, mais 10 mil fiscais sanitários.

O secretário adiantou que o governo está estudando a criação de uma agência, que seria financiada pela iniciativa privada, para cuidar da fiscalização sanitária. O novo órgão, porém, seria subordinado ao governo, que ofereceria as plantas de produção para os inspetores. Para o presidente da SNA, o governo tem que ser atuante na fiscalização.

"Ela (fiscalização) tem que fiscalizar os frigoríficos e punir com rigor qualquer fiscal que esteja recebendo qualquer tipo de vantagem, não precisa necessariamente ser dinheiro. Fiscal foi pego recebendo um tipo de vantagem ele deve ser imediatamente afastado e ter um processo de penalização dessa pessoa". Quanto à suspensão das horas extras e o pagamento feito pelas empresas, o dirigente diz que essa atitude é um erro. Não se deve transferir à empresa privada uma obrigação que é do Estado.  

Alvarenga considera que a criação dessa agência pode ser uma alternativa, uma terceirização do sistema de fiscalização. Segundo ele, existem diversas instituições de ensino e pesquisa no Brasil que poderiam ser conveniadas para realizar esse trabalho, não sendo obrigatório a realização de concurso público para admissão de especialistas. Na visão do dirigente, toda notícia de corrupção é um drama para o agronegócio brasileiro.

"O agronegócio é um setor sustentável, que cumpre com suas obrigações, um setor que cresce fora das asas do governo. Não pode haver qualquer suspeita de corrupção em cima do setor. O produtor rural não faz corrupção, não colabora com isso. Pode ser que algumas indústrias façam isso, mas o produtor não, até porque ele está bastante distante dessa sujeirada toda", diz o dirigente.

Para Alvarenga, boa parte dos problemas que ocorrem com a carne brasileira também se deve à excessiva concentração do setor. Nos últimos anos, segundo ele, a Friboi já tem mais de 35% dos frigoríficos, uma concentração que "prejudica em muito o produtor e também o consumidor, que passa a ter menos opção". 

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