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Moro x Lula: condenação ou cassação? – aliados e opositores debatem

© Ricardo Stuckert/Instituto LulaEx-Presidente Lula
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A condenação do ex-Presidente Lula a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro divide os parlamentares. O Deputado Paulo Pimenta (PT-RS) e o Senador Roberto Requião (PMDB-PR) criticam Sérgio Moro; já os Senadores José Medeiros (PSD-MT) e Ataídes Oliveira (PSDB-TO) dizem que justiça foi feita.

Para o Deputado Paulo Pimenta (PT-RS), não há razões para a condenação de Lula porque, no seu entender, não há provas da prática de crimes contra o ex-presidente:

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"Todos nós estamos bastante incomodados com esta condenação, apesar de estarmos preparados para este desfecho", afirma o parlamentar gaúcho. "Sabíamos que a condenação do Presidente Lula pelo Juiz Sérgio Moro era parte integrante deste golpe que o país está vivendo desde o afastamento da Presidenta Dilma. A sentença é frágil, pela inexistência de provas e de documentos que sustentem as afirmações do Juiz Sérgio Moro de que o apartamento tríplex pertence ao Presidente Lula. O apartamento é da construtora OAS. Por tudo isso, a sentença condenatória se transformou num documento muito maior do que nós imaginávamos."

Paulo Pimenta explica:

"Então, a sentença condenatória revelou os claros propósitos de afastar o Presidente Lula da disputa da eleição presidencial de 2018, ele que é a maior liderança popular do Brasil das últimas décadas. O presidente fez muito bem em afirmar sua pré-candidatura presidencial nesta quinta-feira, e terá todo o apoio do Partido dos Trabalhadores e da militância para consolidar sua candidatura. Uma eleição sem Lula não é eleição. Por isso, ele tem de participar do próximo pleito."

Em sentido oposto, o Senador José Medeiros (PSD-MT) afirma que as razões do Juiz Sérgio Moro para condenar Lula não devem ser contestadas:

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"Primeiramente, é de se lamentar esta condenação porque Lula representou, em determinado momento, a maior personalidade política do Brasil dos últimos tempos, para o mundo inteiro. Então, mesmo sendo da oposição, nós lamentamos que isso tenha acontecido. O Lula negou todas as evidências contra ele, embora todas as revelações dos delatores da Operação Lava Jato tenham apontado o ex-presidente como mentor e principal responsável por tudo que aconteceu na Petrobras. A condenação neste processo (a não reconhecida por Lula propriedade do tríplex no Guarujá) é, proporcionalmente, um delito de menor gravidade diante de tantos outros atribuídos ao ex-presidente por diversos delatores."

O Senador José Medeiros acrescenta:

"Quanto a ele ter dito nesta quinta-feira que será candidato a presidente em 2018, eu interpreto isso como Lula tendo acusado o golpe que recebeu, a sua sentença condenatória. Todos sabíamos que o Lula estava se preparando para concorrer em 2018, assim como teria sido o candidato do PT em 2014. Mas o fato de ele ter se apressado a dizer hoje que será o candidato do Partido dos Trabalhadores à Presidência da República e as próprias posições do PT de que não tem outro candidato senão Lula são um claro sinal de quem sentiu e acusou o golpe. Quanto à sentença em si, não há o que refutar, pois, a meu ver, ela foi muito bem fundamentada pelo Juiz Sérgio Moro."

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O Senador Roberto Requião (PMDB-PR), por sua vez, está ao lado do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, embora seja do mesmo partido do presidente da República, Michel Temer. Para Requião, Lula foi condenado sem provas:

"Você imagine como reagiria se amanhã ou depois recebesse uma condenação por um crime que não cometeu. Você recebe uma acusação de ter matado alguém. Mas esse alguém está vivo e realiza diariamente suas atividades habituais. Qual seria a sua reação? Como você reagiria a uma condenação totalmente injusta, feita sem provas nem fundamentos? Pois é exatamente assim que o Presidente Lula está se sentindo."

Requião detalha seu raciocínio:

"Moro condenou Lula por corrupção sem provas, corrupção esta que segundo o juiz se materializou no recebimento de um apartamento no Guarujá por suposto beneficiamento de alguém ou de alguma empresa. Ocorre que este apartamento, este imóvel, pertence à construtora OAS e está penhorado na Caixa Econômica Federal. Esse apartamento não é nem nunca foi de Lula. Logo, ele não pode ser condenado por um crime que não se materializa."

Já contra Lula, o Senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) pensa de modo totalmente diverso:

"A Justiça no Brasil tarda mas não falha", diz o parlamentar tucano. "O que aconteceu esta semana no país foi a apresentação de uma sentença serena por parte do Juiz Sérgio Moro, baseada em um conjunto probatório forte, em elementos de convicção e argumentos sólidos. Por isso, o Juiz Sérgio Moro condenou Lula a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva. Lula tem ainda mais outros inquéritos para responder, e eu acredito que o somatório das penas a que este cidadão será condenado deverá ser algo em torno de 120 anos de cadeia."

A militância do Partido dos Trabalhadores, porém, pensa de modo diverso. Erick Bouzan, secretário estadual da Juventude do PT em São Paulo, prevê o envio de um grande número de mensagens de apoio a Lula nos próximos dias. Segundo Bouzan, a Direção Estadual do Partido vai se reunir com a Direção Nacional para montar um calendário de ações contra a decisão do Juiz Sérgio Moro. Nas palavras do secretário, "a decisão já era esperada, e comprova, em certa medida, a denúncia de que o que está acontecendo no Brasil é um estado de exceção jurídica".

"Na segunda instância [da Justiça] há cenários possíveis de se fazer justiça histórica ao Presidente Lula. Nosso plano A, B e C para o ano que vem é que será Lula 2018, sem dúvida", conclui o militante da Juventude do PT.

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